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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

carta de tarô

a carta de taro me disse pelo 'istorie' da cantora: vc ainda tem coisas muito importantes para resolver aqui, tem frutos para colher, e a hora de ir vai chegar, e vc vai saber a , pq vai chegar numa grande noticia.

eu poderia não acreditar nisso, esse é o caminho mais esperado de mim, mas eu odeio obviedade, e resolvi dar ouvidos a ela.

e vou pacientemente tentar fazer tudo pra isso aqui ser o melhor para mim
enquanto a noticia não chega
e logico,
eu sempre me dou meus prazos

minha negociação em todo tempo do mundo é sempre comigo


tudo tem estado muito bem por aqui, por dentro melhor do que por fora, isso é o q chamo de uma boa fase.





quinta-feira, 8 de agosto de 2019

insubordinada, petulante

nos últimos 7 anos de minha vida tem sido recorrente alguém se referir a mim  como insubordinada, insubmissa e petulante.
Entendo bem o que isso quer dizer. De fato tenho sido tudo isso. Prendi ao longo das minhas vivencias que a docilidade é algo esperado de um corpo dócil. Meu corpo tem sido muito pouco dócil. Desde que me des_domestiquei, eu tenho percebido a importância de deslocar esse meu papel social.

A docilidade só meu causou estragos.

Todos os homens que me violentaram fizeram isso confiantes em minha docilidade, todas as pessoas que de alguma forma tentaram de me atropelar, não foram muitas, foi confundindo minha docilidade com permissividade, passividade, a até apatia. Desde Ogum ocupou seu espaço em minha vida, a guerrilha começou dentro de mim, e tenho conseguido aprender a ser estratégica. A minha vida espiritual é diaspórica, e meu sentimento de insurgência vem de minha ancestralidade.

os tempos estão difíceis, e tenho cada vez mais dispensado a tal da docilidade.

Dia desses tive a honra de ir ver o o Cacique Babau, no evento diálogos contemporâneos, e hoje ao ler um texto sobre a culpa da branquitude, tentei pensar no que sinto sobre fazer parte desse projeto de dominação, e percebo que venho a me construir constrangida . A

 Cacique Babau,Que homem do caralho!  Fique completamente tomada por tudo que ele disse, anotei muita coisa, mas algo que ele disse em especial me atravessava naquele momento, em que faço reflexão sobe a colonialidade estruturante do candomblé.

A forma como o candomblé enquanto religião se estrutura, se organiza com relações de poder muito bem postas, e hierarquização desse poder, reafirma uma logica que muito me preocupa.
Ora, se vivemos tempos tao difíceis, onde a insurgência se faz urgente , onde precisamos gritar pela desobediência civil, principalmente , ao que se refere aos quilombos, terreiros , assentamentos e aldeias de povos originários, se desobedecer faz parte de uma estrategia de sobrevivência dessas populações, como podemos acreditar em doutrinas de subordinação do outro?

O que questiono aqui não é nada alem da estrutura de dominação colonial.
Enquanto Ekedji confirmada para o senhor guerreiro, aquele orienta nossos caminhos, eu não posso jogar fora a capacidade critica que este senhor me possibilita.

Cacique Babau me chamou atenção ao dizer: como seremos um povo de resistência, de guerra, de desobediência, se tudo que ensinamos em nossas estruturas de poder, seja indígena, quilombola, e de religiões afro-brasileiras, são estruturas de não questionamento ao poder soberano e inquestionável?

Como podemos acha coerente que nesses tempos de lutas a gente clame por justiça e garantia de nossos direitos básicos, se educamos gerações inteiras para não questionar?

O que seria isso se não corroborar com a politica de silenciamento e perpetuação de uma logica dominante? Como estaremos fortemente armados contra os projetos de dominação, se nos desarmamos de criticidades. Se ensinamos a docilidade?

Sei que a branquitude é uma desgraça q tudo que toca destrói.

 Sei que me calar diante disso é me colocar mais uma vez no lugar da opressora, que não quero ser, mas que independente de meu querer, minha própria existência é resultado de racismo e colonialidade, essa é a minha história. O que farei com ela é que vai fazer diferença.
Estou convicta que a forma como o candomblé se organiza não é fundamento de orixá, é fundamento de colonialidade, é possível dentro do candomblé dar um giro colonial na perspectiva de obediência e preparar o povo negro para  luta contra a branquitude, entendendo a integralidade do sujeito, não há fé sem matéria, não há matéria sem fé.

É muito difícil pensar fora da estrutura da colonialidade, para mim que sou branca, ou para minha irmã é que preta. Mas precisamos estar atentos.

Eu sei que de tudo isso, e não posso não registrar aqui o quando eu desejo quebrar todas as estruturas que sustentam isso, e o esforço que tenho feito para ser cuidadosa e dentro da minha problematização não estar reproduzindo uma logica opressora também, eu tenho tentado, muito profundamente pensar em formas de cuidar de meus santos , de minhas energias, cumprir meu papel dentro do axé sem reproduzir essas estruturas, ou pelo menos fazendo micropolíticas que desloquem esse lugar.

tem sido doloroso, cansativo, e me demandado um tempo grande leitura e reflexão, mas eu sei que preciso usar meus privilégios coloniais para desbancar alguma coisa dese projeto, a começar por mim.

é luta
é  fogo de ogum
é água de oxum
é amor de oxalá