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quarta-feira, 24 de agosto de 2022

buraco de minhoca

 Deve ter alguma explicação científica, astral, filosófica, astrofísica, para a densidade do mês de agosto, né de Deus não, puta que pariu.

Que negocio ranzinza, agoniado, tumultuado, afi maria, não dá pra aguentar o tempo passar no tempo dele. Dá vontade de desmaiar e ser acordada em outubro. Uma ladainha chata da porra.

A vida continua igual, mas a impaciência para ela triplica. A sensação de que o tempo não cabe na vida é absurda. Tem sido desafiador demais estar viva. 

Tenho conseguido dar conta de tudo, mas não sem vontade de embriaguez e drogadição constante. Menos ainda sem dor, e um arrastamento constante. Aquela sensação de que as coisas precisam mudar mas que eu não faço ideia do que exatamente de fato eu gostaria de mudar. 

Tenho me agarrado como criança na fantasia de que a partir de outubro as flores voltarão a existir. Como se tudo que me afetasse de fato só dissesse respeito a esse desgoverno. 


Acho que começo a me dar conta dos prejuízos pandemicos em minha cabeça e minha existência. Fico pensando quanto ainda de tempo vai passar até que a gente se dê conta do desastre que foi pra nossa cabeça tudo isso. 

Eu não sei se pra todo mundo é assim, mas percebo como muito intrigante a sensação de que parece que nada daquilo aconteceu. Como pode algo que me afetou tanto, algo que afetou tanto o mundo inteiro simultaneamente parece que não aconteceu? Quando eu me lembro daqueles dias parece que foi um vendaval de filme de hollywood, que eu assisti e não estava envolvida, era apenas telespectadora.

Não sei se algum dia aquilo vai se concretizar de uma forma definitiva em minhas sensações, mas em minha subjetividade é uma marcada devastadora, e de toda essa geração, basta saber quando estaremos distantes o suficiente para olhar para nossos estilhaços. 


Historiadores, cientistas sociais, antropólogos  falarão sobre isso mas talvez , como sempre, somente a arte dará conta de se aproximar da representação do caos que ampliamos em nós.

E a para cada recorte etário, de classe, gênero, certamente há especificidades que não alcaçamos.