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domingo, 27 de setembro de 2020

porque as mães se separam dos pais. [PANDEMIA ]

 Esses dias pensando em minha vida e recebendo narrativas de mulheres amigas sobre a falta de si nas relações com homens fiquei pensando em como a estratégia da separação as vezes se torna a única via possível de sobrevivência, de voltarmos a existir sob nosso domínio

Quando estamos numa relação com homens, e temos um filhos , tudo fica muito escancarado. A nossa subserviência agora fica explicita no sentido que passamos através da criação de nossos filhos entender de fato qual nosso lugar nas relações e como os homens se importam pouco com isso, pq simplesmente se beneficiam dessa naturalização.



Minha amiga me mandou uns áudios ontem, contando da dificuldade de tocar pra frente um projeto seu que envolve assistir umas aulas, pq nunca consegue q o pai das crianças, seu companheiro, se disponibilize sem que haja um caos emocional, em ficar com as crianças deles. No entanto, o mesmo boy consegue simplesmente levantar e sair pra ver um projeto com um amigo, ele simplesmente levantou do sofá, pressupondo a disponibilidade dela pra ficar com os filhos, desconsiderando qualquer possibilidade dela ter marcado outra coisa pra fazer, ou de simplesmente estar cansada e precisar dele na lida com os guris. 

tudo isso é lido como ajuda do pai , mas ajuda pq? o que há de diferente na maternidade para que o que é considerado para mãe como obrigação, para ele é uma ajuda? Um ato de generosidade, quase.

É foda. Primeiro que o tesão morre logo, a vida sexual do casal se deteriora, não há como manter o tesão na exaustão e com um cara que não se importa com vc, tudo vira acumulo e ódio.

Só depois de muito tempo insistindo na relação com o pai de meu filho eu entendi que só me separando eu garantiria a minha existência. Por mais que ele "me ajudasse", parece que enquanto eu não saísse de cena, da estrutura da casa, da organização viciada dele em pressupor minha eterna disponibilidade materna  eu em fim poderia me sentir livre , pelo menos alguns dia da semana, para levantar e sair. 

LOGICAMENTE QUE ESTOU FALANDO DA RELAÇÃO PATERNA EFETIVA ou pelo menos em partes , pq sabemos que , muitas vezes quando separamos, há muita chance de as demandas do filho sobrar pra outra mulher, possivelmente, a avó , ou a nova companheira do pai, ou como em grande parte dos casos, na separação com a  mulher, o homem tb separa dos filhos, e a mulher passa a cuidar sozinha dos filhos, o que as vezes se torna cansativo, porém, menos frustrante, pq pelo menos agora vc sabe que é sozinha pra tudo, e pode criar sua rede de apoio. Além de que deixa de ter q se responsabilizar pelos cuidados do homem adulto que deveria ta pelo menos se cuidando sozinho.

Quando nosso ímpeto de sobrevivência lida com essa possibilidade de separação passamos a construir essa realidade. Nem sempre isso se dá a nível de consciência, eu só me dei conta disso muito tempo depois de separada. Eu não calculei nada. Mas minha vontade de viver e construir meu caminho de crescimento, entendeu o que devia ser feito, antes de mim e fez. 

Pouca gente vai admitir isso, mais assumir que é isso. porque a nós mulheres não é dado o direito de desejar para além do que se tem, menos ainda quando se trata de maternidade. Se vc tem um filho saudável, então agradeça a Deus e não reclame. É desse jeito. 

É importante que isso tudo seja dito para que os homens percebam seus lugares nessas relações com seus filhos e suas companheiras, nem sei pra que, porque na verdade acho que boa parte deles sabe de boa parte dessa estrutura, e que deixa o baile seguir pq lhe favorece, então que fique bem escurecido para as  mulheres que sim, a separação pode ser o caminho mais garantido que vc tenha um tempo só seu , na vida pós maternidade, para escolher fazer o que quiser, inclusive o nada. 

E não há nada de feio e imoral nisso, se não há condições justas, saia da relação. Nenhum casamento precisaria acabar por esse motivo, porém não nos deixam muitas escolhas. então escolho sempre por mim. E sim, meus filhos vão sofrer  com a  separação, mas muito menos do que ter uma mão sofrida, machucada, e frustrada a longo prazo, pode ter certeza, filho nenhum merece carregar esse peso.



terça-feira, 22 de setembro de 2020

Pra que? [PANDEMIA]

 Esses dias recebi uma pessoa muito querida aqui em casa. Uma daquelas pessoas raras, que é só coração bom e paz. A gente conversou um bocadão. E em determinado momento falávamos de nossas escolhas nas relações que já tivemos, e ela me disse que uma vez foi falar com uma ex namorada sobre voltarem a se ver, já que eram amigas e estavam solteiras. E a ex dela respondeu: PRA QUÊ????

ela nem precisou dizer mais nada sobre o resto da conversa, até pq eu não ouviria, naquele momento tomei uma rasteira daquelas palavras. Mas uma rasteira boa sobre as vontades que batem as vezes de falar com o ex.

E olha, racionalizar ajuda a gente a evitar fazer um monte de coisa que pode só gerar dor. eu não sinto um pingo de orgulho, se eu achasse que valia a pena falar com ele eu falaria, não é essa a questão nem nunca foi, assim como bloquear ele de whatsapp não foi por ele, foi por mim, eu que não queria mais ter acesso a ele, pq eu me sentia mal demais com as reações dele comigo depois que terminamos. 

Hoje, acordei na casa do boy, nem sei dizer como exatamente isso aconteceu, eu tava pronta pra dormir na minha casa, em plena segunda feira, e de repente eu tava na casa dele. Acho que tava querendo me sentir cuidada para além do que tenho feito por mim, e Caio tem se esforçado... E ele fez macarrão pra gente comer, e botou as músicas que gosto, e disse que tinha sentido saudade, e deu risada, e me agarrou mil vezes, e fomos pro quarto e, em fim, o inusitado aconteceu: abri o olho era de manhã. Eu realmente tava muito exausta, e essa exaustão é também da insistência dos meus pensamentos...

Quando eu digo que gosto de sentir uma coisa de cada vez nesse contexto de fim de relação é por isso, parece que tudo se mistura e fica tudo uma coisa só. Eu não sei o que do ex,  o que é meu e o que é do boy. O QuÊ que tem a ver eu tá lá e ficar pensando em A? Se tava bom lá, se o boy é massa, cozinha , dança, que porra eu tenho que ficar pensando em como a outra criatura está lá? Que porra eu tenho que ficar contando os dias de quantos dias eu não falo e não vejo? 

A sensação que eu tenho é inédita, acho que nunca senti isso antes quando terminei com alguém, a sensação é que quando mais eu entro em outra história mais eu fico me agarrando no passado com medo dele ir embora de vez. Que sentido tem isso? A P E G O.  E aí passo o dia pensando se mando aquele vídeo tocando violão pra ele ver, pra gente retomar o contato.

E aí a pergunta veio: PRA QUÊ? 


palavras mágicas, tudo se desmonta e a realidade ocupa a agonia...

o que é fato: ~eu não quero retomar a relação, eu já vi que pra ele ser amigo não dá, eu já me desgastei fazendo todas as tentativas de fazer funcionar, ele não está tentando fazer contato comigo, deve ta lá vivendo a vida dele. Pra que diabos eu vou fazer isso?

Qual a função de mexer nisso?

Quando a gente se faz essa pergunta fica tudo mais fácil de se aquietar dentro de nós. Eu sei que é importante de conectarmos com nossas emoções mas eu sei também que o sentimento de saudade pode causar estragos e que reiniciar ciclo é sempre frustrante pra quem quer sair dele.

Que Tempo nos cure de nós mesmo e a gente um dia não precise se perguntar "Pra quê?"

o que importa por enquanto é termos ferramentas para sobrevivermos aos nossos auto boicotes de cada dia. 

E as vezes o que a gente precisa é de novas pergunta e não de velhas respostas, pq já sabemos todas.

 







segunda-feira, 21 de setembro de 2020

que descuido meu [PANDEMIA]

                                                   ouriço (juliano holanda) set/2020


essa música que me atravessou pela letra, nesse momento que tenho pensado tanto sobre cuidados.

descobri que era muito fácil de tocar, três acordes, e é ótima para exercitar. Minha primeira vontade mandar pra ele. Afff, não pela mensagem da musica, mas pela conquista, se bem q pra ele isso nunca foi significativo, 

mas em fim, não mandei e não mandarei, pra que mexer nisso? ele ta bem confortável e eu de muitos jeitos tb. 

hoje começa uma nova semana e tenho milhões de coisas para cuidar. 


era só pra me gabar mesmo, e deixar guardada aqui.

 


domingo, 20 de setembro de 2020

prazer, sou uma imunda obscena, ou, How Beautiful Could A Being Be [PANDEMIA]

 Nessa de me integralizar, de parar de sentir meu corpo um bloco separado do pescoço, ou como já me disseram: existir do pescoço pra cima. Acabou que, por coincidência, ou como prefiro dizer, por presente divino das Deusas que me protegem, caiu bem no meu colo uma oportunidade de participar de uma vivência com uma mulher aqui de Salvador que sempre quis fazer algo, Felícia Castro.

É a parte de um curso bem maior de palhaçaria, que fala e sente da ancestralidade como ponte para acessar o riso como cura. Nunca consegui juntar força e coragem de enfrentar meus demônios, com ter grana e tempo pra fazer algo dela, e ai essa semana, justo nessa semana que tava refletindo sobre isso mesmo depois de minha psicóloga me convocar pra essa reflexão, assim, quase q de ultima hora, rolou. 

Via zoom, fiquei meio assim, de fazer uma vivencia pela tela, mas a real é que o mundo tá assim, e se formos criar impossibilidade por conta da tela, deixaremos de fazer mil coisas. E olha, que bom que eu fiz, a tela não foi nenhum empecilho pra nada. pelo contrario diante de meu travamento, estar em meu espaço de segurança, que é meu quarto, garantiu que eu me soltasse mais. 

No curso Felícia propõe: "Partindo da mitologia pessoal à mitologia arquetípica de deusas das antigas culturas matriarcais, este encontro é um convite para descer camadas mais profundas e adentrar a dimensão do riso sagrado que desperta o prazer e a sexualidade de forma ampla. Um convite para vislumbrar caminhos de revolucionar (se), descolonizar o corpo (primeiro território) e desafiar o patriarcado, de forma enérgica e positiva. Um convite para acessar, através de experimentação cênica, da dança, da reflexão, e de práticas mágicas, o Riso que Cura e Liberta. Pega a Visão."


gente, que lindeza.... estar com mulheres de vários lugares desse planeta. Eu ainda tenho de dificuldades de entrar na abstração da galera, e me dei conta de novo disso quando entrei em contato com essas mulheres. A parada era do riso, mas o que me acometeu de verdade foi o choro. No momento em que fechamos os olhos para tentar conectar com uma grande roda, depois de ter feito vários exercícios de respiração, eu nos colocamos em posição de roda para tentar nos conectarmos, a todo momento Felícia nos convocava: se comprometa consigo, com sua proposta, aquilo batia forte em mim. 

E fui arrebatada por lágrimas que saiam de mim , pensando nas forças ancestrais que me constituem, e na força q invadia meu corpo naquele momento em que eu abria algum campo meu, que me inundava de uma emoção desconhecida. chorei demais. porém na hora do riso, não aconteceu. Logo eu , que desaguo na risada, um dia antes tava com paty me acabando de rir com figurinhas que ela me mandava, dormi soluçando de tanto rir,  algumas horas depois já não conseguia, de jeito nenhum, por mais que eu tentasse, o riso não saiu como pedia a proposta, mas me comprometi, tentei, me joguei. Lembrei de um dia que o palhaço Biancorino fez algo parecido lá no Capão e talvez por não estar esperando por aquilo, eu tive uma crise de riso, que o Capão inteiro soube, nunca mais parei, e as lágrimas de riso escorriam de mim para todo o sempre, lembro da sensação de limpeza pós riso, acho que era isso ela esperava de mim ontem. Porém, não rolou e desconfio que seja pq já esperava por esse momento e aí minha mente não conseguiu desligar. 

Depois novamente nos reunimos em roda, conectando com outras rodas de grandes bruxas ancestrais, em um nível de abstração ainda difícil para mim, porém, talvez por ter montado meu altar ali, do meu lado, como proposta das atividades, senti tanta força vindo, que novamente cai no choro. Não era um choro de dor nem nada disso, era uma lavagem mesmo. Nem me vinham imagens na cabeça de nada nem de ninguém, somente uma força muito gigante me levando, acho que senti algo que chega perto do que os yaôs sentem. 

De tudo que fiz ontem com aquelas mulheres , e me joguei fiz tudo mesmo, mesmo com a  dor nos pés que eu sentia , ainda pela chikungunya... lamentei as dores pq de algum jeito me limitaram, mas dentro do que eu pude, eu fiz.... Suei, sambei, me dei conta de quão linda é essa música, e reafirmei meu amor pela dança, e como eu jamais acreditaria um uma Deusa que não dança 

 eu amo esse vídeo abaixo, pq eu amo Caetano e  Moreno, eu amo pq são pai e filho juntos cantando fora  de tudo que se espera, e dançando mais fora ainda, com seus pés de vassourinha , e sem medo de serem desajeitados como são, amo  o inglês abaianado e  Moreno está parecendo meu ex nesse vídeo, logo ele que fala tão mal de Moreno, e isso me faz gostar tb do vídeo, gosto demais dessa música pelo que ela quer dizer, e ontem eu dancei ela o dia todo:


"Quão bonito pode um ser ser"

por fim, mas não ao fim, descobri através da mitologia das grandes anciãs, que sou uma mulher imunda e obscena, bem distante de tudo que significam essas duas palavras para a lógica cristã moderna. 

E aí tive um dia tão cheio de coisa depois que não pude nem pensar elaborar direito tudo tudo aquilo, agora sim, consigo fazer isso, porém acho que ainda vai reverberar um tempo tudo isso... da próxima vez q fizer uma vivencia dessa me darei um tempo de resguardo sozinha sem visitas para conseguir sentir as reverberações com mais calma.

O altar que nos foi pedido pra montar,
 com símbolos que nos dão sentido:
a força das Yabás, minhas pedras,
minhas contas
minhas plantas, a música
e a chave de meu espaço.
 




sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Como foi seu primeiro amor romântico? [PANDEMIA]


Eu tinha dez anos de idade, quando me apaixonei perdidamente.
Ele morava na minha rua, lá no Rio Vermelho, e era um ano mais velho que eu. Eu, aquariana do dia 11, e ele do dia 9, nunca esqueci disso.
Nossa rua era povoada de gente da nossa idade e a vida era ficar subindo e descendo aquelas ruas uns atrás dos outros, pra pensar em qual transgressão ia rolar aquele dia.
Como toda galerinha da década de 90 tínhamos todos os estereótipos da novela Carrossel. Eu passava longe de ser a menina mais bonita, interessante e badalada da galera. Pelo contrário, era aquela que evitava fazer muitas coisas que fizesse chamar atenção pra minha existência.
Ele também não era o mais cobiçado de todos pela sua beleza, porém, eram muito sedutores naquela idade os meninos que transgrediam, ele era um desses. Meio palhaço, meio ilegal, escorregadio, e simpático. Diferente dos boys daquela época, não via nele o estereótipo da agressividade, nem algum prazer em constranger as pessoas.
Não lembro exatamente como ele ficou sabendo de meus sentimentos, mas sei que aquilo ficou público, e rolava meio que uma piadinha entre a galera sobre eu querer namorar com ele. Me importava pouco com isso, tava mais interessada em ouvir Patricia Marks e descobrir as músicas de amor de Renato Russo pensando na estratégia de saber mais sobre dele.
Desde sempre eu sabia que aquilo não sairia dos meus imaginários, talvez por isso não tenha sofrido tanto. Eu gostava de gostar dele. E sim, passava horas pensando como seria beijá-lo.
Quando nos aproximamos mais, foi porque tive que estudar na sua escola, por uma demanda financeira de minha mãe. Odiava a escola, mas amava esperar ele passar pra ir perto dele só pra ouvir o que ele estava falando. A vida era saber se ele tinha ido ou não para escola, ficar puta por ele ser constrangido pela freira por usar brinco, acompanhar suas traquinagens.
Amei naquele ano ter motivos de falar com ele sobre os assuntos pra estudar e , logo eu, que todo ano ia pra várias recuperações, me dispus a estudar com ele, e fui algumas vezes pra casa dele, e levei doces, nada passou de tardes de conversas aleatórias pra alimentar ainda mais minhas fantasias. Foi quando passei a escrever as cartas de amor. Escrevi milhares e sinceramente eu não lembro se entregava para ele.
Foi, talvez, o maior ganho dessa história: escrever cartas virou uma paixão.
A vida era boa. Só fantasiar que naquela tarde de estudo seríamos namorados, me dava muito prazer. Nesse tempo ele teve mil namoradas, todas lindas, interessantes, apaixonadas por ele. Eu sentia ciúmes e me dava conta de que eu não era o tipo de menina que ele namoraria. Em algum curto momento isso foi sofrido, mas dei algum jeito que passou.
Eu era uma stalker mirim, mas somente para alimentar a minha fantasia daquele amor idealizado, romântico, irrealizável, que durou anos. Quem me lê assim pensa que vivi isso estagnada. Aquariana né? Ele estava no compartimento do amor, porém, ao mesmo tempo vivi minhas pequenas paixões com outros boyzinhos.
Alí foi a minha primeira experiência com a não correspondência de afeto. Foi alí a primeira vez que me demorei numa relação sem reciprocidade, e alimentava meus sentimentos com músicas românticas, filmes de sessão da tarde e literatura da revista Atrevida sobre histórias iguais a minha e horóscopo do João Bidu para prever nossos caminhos.
Lucas, para os padrões de masculinidade da época foi até generoso, não lembro de ter sido maltratada, nem de ele ter me entregue na boca dos malditos daquela rua, não lembro de um riso perverso sobre meus sentimentos, e nem de me sentir usada por isso. Lembro de me sentir até cuidada de algum jeito, e acho que era mesmo o que ele podia ter feito de melhor naquela época em que tanto absurdo era naturalizado.
Me demorei por anos naquele sentimento. Acompanhei seus caminhos e continuei sendo sua stalker do bem por muito tempo. Hj nutrimos espaçadas e boas conversas sobre nossa boa infância. Ele mora em outro país, e pouco temos em comum além dessa história que inaugura minha caminhada de insistir em historias de amor.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

só existo do pescoço para cima? [PANDEMIA]

 Acho que das coisas mais importantes que tenho feito esse ano é registrar os impactos da terapia em mim. Muitas vezes que escrevo aqui eu acabei de sair da sessão. Eu realmente me dei muito bem com Clara e sinto que me organizo muito melhor porque tenho meus encontros com ela.  E o fato dela ser uma terapeuta que trabalha com corpo e com a abordagem psicanalítica também me deixa muito confortável. 



Estou reflexiva depois que sai da última sessão. Saí tão doida, que fui conversar com o boy sobre algumas percepções que eu queria entender que ele tem sobre mim, e ele me disse algumas coisas que ela tb me disse e que fazem sentido. Foi bom ouvir alguém como ele, que me conhece superficialmente, e que em algum grau ta envolvido afetivamente por mim,  falar sobre suas percepções iniciais. 


O fato é que hj na sessão voltamos ao papo sobre a grande cisão da minha vida. 


~~Eu pareço só existir do pescoço para cima.~~


A materialidade de meu corpo foi anulada da minha existência. E isso implica em muita negação de mim. Falei para Clara sobre os meus investimentos financeiros, intelectuais e afetivos de desejar me aproximar de meu corpo através do cuidado. Há um tempo percebo que lido com um certo abandono de meu corpo, e é exatamente assim, muito investimento racional para construir meu patrimônio intelectual e quase nada de investimento sobre meu corpo, isso se reflete nos cuidados de forma geral, e posso focar aqui na minha alimentação o que me nutre. 

A preocupação com o corpo é muito além da estética é a compreensão de que é a minha morada, e a morada daqueles invisíveis que habitam em mim, na minha fé. É pq logo eu que falo tanto de conectar com as emoções e a importância de se melhorar através disso, pareço não sair do campo da racionalidade, quando é no corpo que se aterrizam as emoções

Entendi que essa grande cisão foi a forma que encontrei de me manter viva nesse mundo, a partir de todas as faltas que me cercaram na infância, entendi também que esse abandono vem de longa data e que esse reconhecimento é parte do trabalho terapêutico. Isso dá sentido a minha dificuldade de meditar ----- envaziar----- e entrar em qualquer projeto que mexa com meu corpo, em que eu me faça uma criatura integral. 

Ninguém pode existir só da cabeça para cima ou da cabeça para baixo. Não somos blocos, apesar de me sentir assim muitas vezes, é como se de fato eu tivesse desconectada. E faz todo sentido que somente há pouco tempo sexo foi ser bom pra mim, pq somente a pouco tempo eu passei a olhar para meu corpo, mas ainda assim, de forma sectarizada, pq a sexualidade feminina é algo que permeia minha intelectualidade, me interessa entender e pensar isso, e aí movida, mais uma vez. por uma demanda racional, eu encontro os caminhos do prazer sexual, que ta muito, muitíssimo pautado pela racionalidade. 

O bagulho é doido e a gente mete a loka mais ainda. O fato é que a racionalidade de manteve viva até aqui, foi assim que construí minha vida, foi assim que garanti minha sobrevivência em todos os sentidos, e por isso não devo abandoná-la, porém , é chega a hora também de me tornar uma pessoa integral, entender que fincar os pés no chão é importante, e conectar com as emoções pelas vias da emoções e não pelas vias da intelectualidade pode me ajudar a sarar de muitas feridas, e viver minhas escolhas de maneira mais plena. 

Não a toa sábado tenho um encontro com Felícia , uma mulher que ta proporcionando um curso sobre riso e descolonização do corpo, eu sempre senti curiosidade de fazer algo com ela, mas sempre achei que não valia a pena pq eu não consigo de fato entrar nesses trabalho. Pois chegou o tempo de eu encarar isso, mesmo que dê em nada,  sábado irei entre outras mulheres vivenciar isso, ou pelo menos tentar pela via da arte acessar minha materialidade e entender que emoções estão ocupando este território aqui. 

Deixar de ser dois blocos, sentir o corpo,e experimentar, me aproximar da psicanálise enquanto possibilidade formativa, bem agora nesse momento, é muito simbólico. 

vamo lá meu bem, q o  barulho tá alto demais pra dormir

eis minha cara tentando entender as equações lacanianas



quarta-feira, 16 de setembro de 2020

me tornei o que tornei o que eu queria?[PANDEMIA]

 

acabei de ouvir algo que eu me surpreendi, e depois eu me surpreendi pq me surpreendi e isso me fez cair umas fichas aí. 

Tive que vir escrever, mesmo tendo que dormir cedo pq afynal, amanhã o dia vai ser cheio e louco e enorme. Mas se eu não escrever eu vou perder o fio condutor de meu raciocínio e de meu desenrolar da sequência dessa temporada e de tudo que venho pensado e buscado pra me compreender. 

Saí do seminário de psicanalise lacaniana (sim inventei isso agora) cheia de abstração, pensando em Sujeito, no Grande Outro, "o sujeito acontece nos intervalos"  e que eu deveria viver de lisérgicos na mente pra dar conta desse nível de abstração, e fui debater tudo isso e a esquizoanálise com o boy , e aí, fomos e voltamos e concordamos que tudo isso é muito doido afinal, trocamos  uns links deleuzianos, e outras coisas.. Lá pelas tantas, falou de saudade, e do tempo que a gente não se vê, e eu nem tinha me dado conta disso, real. 

O tempo anda tão doido, que parece que foi ontem. Disse que tava com saudade. Assim com essas palavras, disse que queria que eu tivesse lá, e que tem um monte de coisa pra mostrar e contar, e que tinha tomado umas cervejas e que tava olhando pro lado querendo que eu tivesse lá. Levei nos risos e nas gracinhas. 



Perguntou se podia vir aqui, ou se eu podia ir la, situei ele sobre minhas impossibilidades, semana com filho, muito trabalho, sentei no computador hj 8 da  manhã e saí 21 hs, tava quebrada, em fim, ele diz entender , mas ainda assim quer dizer  o quanto queria q eu tivesse do lado dele. E eu me pergunto: pq?

"Traz filho, trabalho, só vem." ------ IMAGINE, eu indo pra lá com meus filhos e meu computador, hahahah tive que rir por dentro e  sozinha.

E ai eu falei que essa semana tava foda, e que tals, e me faz dizer tudo de novo, e talvez eu não tivesse que dizer, mas com se age diante disso? Já experimentei fazer a louca e fazer de conta que não tô vendo e mudar de assunto, mas realmente não sei trabalhar no silêncio, odeio me sentir fazendo com os outros o que não gosto que façam comigo.  Prefiro dar a real e sair de grossa e insensível, mas que a pessoa saiba o que de fato está passando por mim, ao invés de enlouquecer sozinha imaginando coisas, e que se ainda assim quiser ficar, que fique sabendo.

Não se trata de uma insistência dele(contém ironia), eu entendo (mais um pouco) , ele "só" queria que eu soubesse, não havia expectativa de fato que eu fosse hoje pra lá, mas havia expectativa que de repente sexta, sábado....  E é assim que eles ocupam toda a nossa vida, que sequestram nossos planos e desejos. É desse jeito que desmanchamos em vaidade, e acreditamos que tudo vale a pena e só vamos.  

Só que, além de ta com meu filho to cheia de coisa pra fazer, e dar conta. Sexta vou ter q me ausentar da materialidade. Sábado tenho um reencontro com a materialidade e vou fazer um curso com uma mulher muito foda que sempre quis fazer....  e vai durar muito tempo de dedicação a mim, mais um investimento financeiro e de tempo e energia para me deparar comigo. Tudo que eu queria na vida meu bemmmmmm


risos

e aí, ele fez as contas dele: "então assim, no outro final de semana não é dia de João ta com vc né? Tudo bem por mim eu conhecer ele, mas vc não quer... já que vai ta sem ele....  separe ai uns três dias pra mim."


OPAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!


"SE-PA-RA  AÍ UNS TRÊSSSSSSS DIAS PARA MIMMMMMMMMMM

----- eu nunca vi uma mulher com tanta burocracia e sem tempo prum  romance como você------"

chega eu gelei.

Ele ta mesmo ignorando tudo que falei sobre meu foco na vida, sobre minha indisponibilidade afetiva agora? ta levando isso como uma burocracia que eu to criando? PORRA CAIO! 

Eu não consegui nem reagir, daqui pra lá ainda posso reagir com muito mais cautela comigo e com ele, tem muita água doce pra rolar. Mas fiquei pensando:

Quando antes na vida, um boy precisou me pedir uns dias pra ele? Quando antes eu não estive plenamente disponível, e dando um jeitinho , me sacrificando, mudando meus planos, me fudendo toda, acumulando coisas, abrindo mão de outras, pra estar junto do boy que me fazia o coração acelerar? 

Nunca. NEVER. Jamé.

Podia ser até que eu tivesse dito não pra algum boy pq n tava afim dele o suficiente, podia até ser que eu tivesse muito ocupada e cheia de filho e trabalho sofrendo e com medo q o boy me largasse pq sou muito atarefada e preciso de compreensão sobre minha materniadade...

Porém mesmo cheia de filho , eu daria um jeito de juntar o boy com o filho pra não ter que abrir mão da oportunidade ser feliz com aquele que podia ser o amor da minha vida. JAMAIS na vida eu abri mão de tá do lado do boy e de fazer dele minha prioridade afetiva, abrir mão pq tenho desejos de manter minha vida em ordem dentro do que pretendo pra mim, de meus objetivos, meus planos, das minhas realizações, e meus cuidados de mim. Eu sendo meu centro.


Realmente fiquei chocada comigo, muito mais comigo do que com o teor apelativo dele, pq quando eles foram diferentes?

 Acho que por isso também não consegui reagir a seu sentimento de abandono, sua tentativa de ser o centro de minha vida.  Poxa, Caio é massa, divertido, inteligentérrimo, interessante, tem história de vida muito rica de histórias, tem a marca do sertão, tem um elo com arte, teatro e literatura, e também educação, tem filhos, tem batalha, tem suavidades, tem um ótimo sexo entre a gente, tem uma inquietação existencial que me identifico, em fim, cozinha e dança, uauuuuu , eu penso nele, me sinto bem com ele, me divirto, e em outros tempos eu já estava lá. 

Mas não fui, não me senti mal por não ter ido e não desejei largar tudo , nem POR UM SEGUNDO pra ir lá. Também não senti medo, nem fiquei com a sensação de que tô perdendo a chance da vida de ser feliz pq deixei de ir lá. 

Nem fiz nenhuma negativa pra ele pra fazer nenhum jogo burocrático, nem tô acreditando que isso me favorece. Zero interesse em jogo de desinteresse. Sem tempo. Eu realmente tenho conseguido ser: comedida, como ele mesmo me designou a palavra. 

Ele parece entender, apesar, dos apelos, apesar dos desejos e narrativas. Parece compreender que isso não é sobre ele, é sobre mim, e que pena que justamente no tinder quando eu tava ali disposta a experiências com descompromisso afetivo romântico pra me aventurar , eu conheci ele, logo ele, logo eu,logo nesse tempo. Uma pena nada, que massa, que ótimo, acho que seja lá o que ta acontecendo entre nós, tá massa, e  tem me ajudado a me perceber num outro lugar diante de mim e do outro. 

E entender que por mais cheio de vantagens que ele seja em sua existência, e cumpra vários quesitos, do sindicalismo a cozinha, eu ainda estou aqui, no centro de mim.

Talvez eu esteja entendendo como eu posso funcionar, talvez eu esteja gostando dessa caminhada e feliz de ver toda essa paisagem que berra diante de meus olhos viciado em ver o óbvio.


ah, que aventura que é esse encontro comigo





terça-feira, 15 de setembro de 2020

coragem de assumir o que se é [PANDEMIA]

 tem coisa mais bunyta e que dá mais tesão que gente que enfrenta seus monstros , ressignifica suas dores e assume o que é? 

eu fico louca, 

talvez por ainda ter tantas travas, porém, muito menos que ontem. Estive pensando nisso, como é lindo ver gente bater no peito e dizer é isso, eu assumo, sou assim, gosto disso, penso desse jeito, assumo os risco, e vou seguindo. 

Não estou romantizando a dor que é e o preço que se paga por isso. E isso tem muito mais a ver com algo que é a posicionamento diante de si do qualquer coisa. Mas sei que isso é uma conquista e que nem sempre isso é simples, tanto sei que observo isso , e me chama atenção pessoas assim. Não é algo fácil de se encontrar. 

Afff, eu acho demais. 

Pra homem e pra mulher sustentar isso tem um preço, porém, todavia, entretanto podemos problematizar, como sempre.... s-o-r-r-y- ..... recentemente conversando com um boy, eu toda la cheia de pose e certezas  sobre o meu foco em meus objetivos subjetivos, falando de que agora meu foco sou eu e que não cabe ninguém em minha vida, que emendei ralações uma atrás da outra, e que agora eu precisava cuidar de mim e me construir enquanto sujeita autônoma, sexualmente, e afetivamente falando. aquilo que todo mundo que ta perto de mim tá cansado de saber. E que eu não canso de repetir pra mim mesmo pra ver se funciona. O boy que ficou até mais tempo que eu casado  naquela calma cínica dele, me olhou e quando eu esperava que ele dissesse: "porra, eu tb, não aguento mais estar com alguém. eu quero viver só."  

Ele me deu uma rasteira e disse: poxa, eu penso que é importante mesmo e entendo o que vc me diz, mas eu já entendi que estar numa relação me satisfaz e que consigo crescer melhor até como pessoa nessa troca, nesse compartilhamento, então eu to sozinho, mas se eu sentir que há uma chance de ser feliz em algum canto no lado de alguém eu não vou lutar contra isso não, eu vou amar. Eu acho lindo lindo crescer com alguém, eu só sou eu junto de outro, compartilhando a vida. Viver sozinho é muito fácil. 


tomei um tombo. 


Ainda me olhou e disse com aquele sotaque da roça enfumaçado: tu não acha não? 

perdi toda minha argumentação ( por um curto período)

fiquei abestalhada. E lógico, encantada com toda aquela tranquilidade em que ele colocava aquele assunto. E olha que tem sido coisa difícil homem me surpreender positivamente.

Me peguei pensando em várias coisas, será que eu to sendo idiota com isso tudo? Tô  esse tempo negando quem eu sou , em busca de uma idealização de minha existência? 


Opa, peraíiiii, peraíNDAAAAAAA CARLA:  ser boy e estar em relações hetero deve ser bem confortável mesmo, vai conversar com a ex-mulher dele pra entender o lado de lá, o que custou a ela, toda essa aprendizagem dele, vai la ver o processo que foi pra mulher. 

*****Atrás da boa resolução masculina tem uma mulher se fudendo toda. 


quando não a mãe segurando as consequências das boas escolhas, uma avó, uma tia, ou uma namorada, uma esposa, uma irmã. REPAREM!!! Nunca o BO é segurado por eles sozinhos como costumamos fazer. 

E então, narrativa masculina sobre isso não pode ser levada em consideração menos ainda numa tentativa de estabelecer algum parâmetro comparativo. 

Obvio que homens tb se sacrificam subjetivamente em relações com mulheres abusivas, sim, eu mesmo ja vi isso acontecer com meus olhos, e óbvios que a toxidade das relações extrapolam os recortes de gênero, mas o que acontece sistematicamente ao longa da história da vida são mulheres com a subjetividade forjadas em caos, insegurança e dependência emocional. Quando vamos sistematizar isso, sabemos que estamos falando de relações heterossexuais, onde majoritariamente a masculinidade adoece mais do que é adoecida em sua forma de estar nas relações, pq simplesmente não centralizam isso em suas vidas, e desvinculam afetividade de sexualidade. 


Em fim, depois do meu sacode, continuei achando bonitinho o boy bater no peito e sustentar seu pertencimento de si, porém entendo que falamos de lugares diferentes e específicos. 

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mudando de assunto...

Needlepoint


só pra registrar e fui na praia, passei um final de semana fazendo uma terapia lisérgica no mar, com meu irmão de alma, rimos de doer a barriga, e conversamos, e conheci o boy novo dele, e é realmente um cara muito legal, uma pessoa de verdade, um boy com história de vida, que sabe o que quer, e bate no peito pra falar de si, e que desbanca toda besteira de meu amigo. Um amiga tb foi, e rimos horrores. Estar entre amigos é realmente algo que cura né? Comemos, bebemos, rimos, pisamos na areia, mergulhamos no mar e parecia que eu estava no maior paraíso do mundo e era só Mar Grande. Olhar Salvador de longe dá muita sensação de estar fora da babilônia, e isso foi muito bom. 

Levei minha alfazema, e de manhã cedinho fui lá no mar sozinha e conversei com Ela, e fiquei muito muito muito feliz de ta ali pertinho Dela, e contar tudo que tava no meu coração pra que ela levasse embora. Tava linda , e choveu bem na hora, e eu nem corri, dancei e cantei pra Ela e com Ela, e deixei que tudo saísse de mim, foi muito delícia.  Odoyá! 

E então voltei pra parte continental de mim, mais leve. Pensando que da ultima vez que estive do lado de la estava decidida, e que fazer essa travessia entre a ilha e o grande continente é sempre curativo, e resolutivo. há 3 anos atrás eu voltei de lá com a definição da separação do casório de anos ... e de lá pra cá tanta água rolou de dentro pra fora né? E quanto crescimento , e quanta caminhada nesse auto conhecimento. Em janeiro deste 'sub-ano' estive em travessia duas vezes, e também em momentos de muitas dores e problemas de ordens gigantescas, e com um cansaço muito grande do que tava sendo a minha vida conjugal, já sentindo a dor de partir, e entendendo o rumo que aquilo que eu tanto quis acreditar tava acabando por si. Também conversei muito com Ela e entendi muitas coisas. 

Voltei de lá domingo, muito da feliz de estar de volta e amando minha casa, minha cama, minha rotina, mais que nunca.













terça-feira, 8 de setembro de 2020

Caso do acaso bem marcado em cartas de tarô [PANDEMIA]

~~~ ao som de Marsa - Movimento Circular ~~~~ mais contraditória só sendo aquariana, ops, sou! 


a carta do jogo dos erês

 

 Tem muitas formas de se chegar lá, no lugar do conforto, mas o caminho que vc vai fazer faz toda diferença. O caminho do auto conhecimento por exemplo já é um caminho de si. O que eu tenho aprendido no meu processo é que não é necessário olhar para mim paralisada, afim de me compreender, não é algo estático, não preciso parar para compreender minhas sombras e potencias para depois  começar andar, o processo de subjetivação é isso, aprender a dirigir dirigindo. Porém quando não se tem no centro de si, e quando seus passos não são as marcas que vc segue, se perder fica muito fácil, e se perder também é parte disso tudo, cada vez que a gente se perde  temos a oportunidade de se reencontrar e esse reencontro é foda. 

A meu ver a única forma de estarmos mais confortáveis na vida é através de estar em paz consigo, é estar atenta aos sinais, a intuição, a conversa com o sagrado, com o divino, para fazer as escolhas mais frutíferas para si. E isso pode tá ligado a religião ou não, mas sim, a espiritualidade de alguma forma, mesmo que se queira dar outro nome a isso. 

Desde que me inciei no candomblé, todo meus sonhos e minha conexões com minhas entidades me encaminham para esse lugar, o lugar da cura de mim. E tenho recebido muitas orientações de todas as formas. Em todas as ferramentas que recorro para me aproximar mais de mim, meus santos aparecem de vários jeitos. É emocionante lidar com isso. Eu não tenho dúvida de que é isso querem para mim, por isso sempre meus encontros com essas ferramentas tem sido tão intensos, e sempre com alguma orientação Deles.

Desde então , tenho acessado novamente todas as sessões de ayuaska que participei há mais de uma década atrás. Tão forte que foi aquilo tudo, que talvez somente hoje com tantas ferramentas que tenho acessado, tenho começado a entender e organizar tudo que recebi daquela bebida de caboclo. Se eu for considerar a yusaka , minha iniciação com o axé começou há muitos anos, com os caboclos me curando no vegetal. Tenho usado muito tudo aquilo no meu processo terapêutico, no diálogo comigo, e nas minhas escolhas. 

De um tempo pra cá, por conta da forma como estabeleço minhas relações afetivas, e como me coloca num lugar de subserviência, me inqueitei em sair desse lugar, mas para sair eu precisava entender o que me fazia buscar esse lugar. E quanta dor, e quanta história, e quanta repetição de padrão de comportamento, e quanto abandono de mim....

Então eu busquei terapia, e tenho sido virada do avesso, com uma psicoterapeuta fooooda, que me ajudado a entender tudo isso que vem acontecendo e me ajudando a me perceber e me implicar em tudo que é meu, e abandonar tudo que não é. 

Ainda em dezembro de 2019, no olho do furacão emocional, conheci meu guru em matéria, não é para todo mundo ter uma mãe de santo, tantos irmãos feiticeiros, tantas intuições e vidências e ainda ter um guru. Eu sempre soube que isso aconteceria. Eu tenho um Guru e o nome dele é Walter. Conheci Waltinho num momento critico de minha vida, por acaso alugando sua casa no Vale do Capão, por acaso tb , eu descobri que ele faz leitura de mapa astral karmico, e por acaso tb, descubro que ele fez o mapa astral de duas pessoas famosas, uma de Ogum e outra de Oxossi, que eu conheço pessoalmente. Ok entendi logo o recado. Conversamos muito sobre todo meu processo, e tive mapa astral realmente maravilhoso. Muito esclarecedor, enfático e assertivo. Ogum e Oxalá dando as bençãos através de Jupter e Saturno. Muito lindo poder viver isso. Depois ainda, iniciei aulas de iniciação a leitura de mapa com ele tb, e fortalecemos nosso vínculo de muito afeto e respeito. Ele é um cara realmente que não existe nesse mundo. Tem que viver lá mesmo no mato, fazendo kumbucha e mexendo na cerâmica, pq esse mundo é muito ruim pra ele viver aqui.

Depois disso, após muito desencontro, logo no início da Pandemia, 4 meses depois do encontro com meu Guru, vivenciei uma tarde incrível com uma Bruxa. Uma bruxa, desas de verdade, pura firmeza e honestidade em suas falas. Uma pessoa querida, já conhecida, Ju, resolveu colocar as cartas para mim, uma promessa velha, e sentamos durante uma tarde pandêmica de medos, e assombros... por fim descubro a aláfia dos jogos de búzios, nas cartas de tarô e do mapa astral. incrível. As forças todas em todas as minhas ferramentas me indicando caminho de proteção, intuitividade, e crescimento através do auto conhecimento.

Então vamos lá. Com ju descobri como sou e como me veêm, descobri que to fazendo tudo certo, recebi a carta da vida no baralho dos erês. E ainda ganhei de presente uma divorcio espiritual, que significa rompimento com as relações onde estive no lugar de subserviência emocional, é como se fosse um rompimento com meu padrão mais forte de relacionamento nocivo a mim. Nossa, que dor, de março para cá, foi uma caminhada muito gigante. ouvi coisas duras  em terapia, disse coisas duras pra mim mesma, me perdoei. Tomei decisões erradas, vacilei, recuei, e cá estou. Entendendo que a caminhada é

 muito maior do que supus.

Achando pouco, ainda recebi um belo convite de um projeto que me deu total autonomia de construção do produto final, e assim eu fiz, e hoje sempre estou me reunindo com oito gigantes mulheres para construirmos isso, e cada dia de encontro saio mais forte, mais feliz de ouvir essas mulheres e compartilhar com elas minhas reflexões sobre o assunto em comum que nos atravessas. São mulheres que sempre admirei, e que consigo hoje reunir no mesmo projeto, tô muito, muito, muito feliz, tanto com a realização profissional quanto com a possibilidade de estar construindo um espaço de acolhimento e escuta,muito seguro, que também ajuda na caminhada do auto conhecimento.

Não é uma coisa e outra coisa, é tudo uma coisa só.


Por fim, mas longe do fim, estou vivendo meus dias, de portas escancaradas, de coração pulsando puro sangue de vida, e uma vontade enorme de entender cada pedaço dessa caminhada, sem pressa nenhuma de chegar, desejando olhar pra trás com afeto por tudo que vi. 




                                                                                 





 

tem dias que a gente levanta ou levanta, ou, como não misturar as coisas [PANDEMIA]

 

O processo de elaboração de luto jamais será linear. Dificilmente vamos terminar uma relação e vamos sentir somente alivio, e seguir a vida e pronto, tem q ser uma relação muito fudida, e mesmo assim né.... vários sentimentos atravessam a gente. Tem dias que a gente pensa que não vai aguentar, mas a gente lá no fundo sabe que aguenta. Outros dias, parece nunca mais vai doer. Estamos bem, curadas, prontas pra outra, até. Um belo dia a gente acorda, plena, sambando, suave, e aquele nome é uma lembrança apenas. Tem dias que a saudade acorda a gente antes da hora na esperança de ver  uma mensagem de sms, pq ele ta bloqueado de tudo, e a gente corre pro celular e nunca mais dorme... nesse dia tudo vai ser difícil e nada vai funcionar bem. A gente só quer o dia passe, e o dia bom chegue logo.

É ser muito louca esperar mensagem de quem vc bloqueou todos os canais de comunicação né? Quem quer sempre da um jeito né?

É Carla, ele não quer. Lide com isso. --- levanto e sigo com dores. 

Tem dias que dói no corpo, tem dias que só faz cócegas. 

Tem dias que o tinder dá conta, tem dias nem o boy paquera aparecendo dizendo coisas apaixonadas ameniza. 

Comigo nunca funcionou assim, colocar alguém no lugar do outro. O que pode rolar é eu me apaixonar estando já com alguém e aí, pronto, a outra relação vai pros ares. Mas nunca foi eficaz isso de "um amor se esquece com outro". Não. Tem o tempo das coisas sim. Eu posso até amar, e me apaixonar simultaneamente por duas pessoas sim, mas conseguir organizar de me apaixonar por alguém pra esquecer outra pessoa....aff....quem dera eu rolasse todo esse poder em minhas mãos kkkkkk tava tudo resolvido. 

O que rola é que eu sou uma pessoa realmente muito da protegida, e meus santos não gostam de me ver sofrer, então eles logo providenciam pessoas, situações, caminhos outros para eu seguir em paz e largar de sofrimento.

Caio taí pra provar né? Só o sagrado para explicar como uma pessoa que nunca entrou no tinder como eu, a primeira vez que entra o único boy que fala,  ainda sem querer, pq não domina a ferramenta (brinco com ele que ele foi um equivoco kkk), é o cara que a parada tem funcionado,EM MILHÕES DE PESSOAS NAQUELE TINDER E EU DOU LIKE SEM SABER EM UMA UNICA PESSOA, E DE CARA, JUSTAMENTE ESSA É A PESSOA LEGAL, E AS COISAS ACONTECEM EM PERFEITA HARMONIA, EU TO FALANDO DA MINHA VIDA, NÃO TÔ FALANDO DE NOVELA E FILME DE COMÉDIA ROMÂNTICA! QUE PORRA É ESSA??? EU FICO DE CARA..... 

.... e o boy que é geminiano, com vênus em câncer (pra casar) E morram de inveja: ascendente em escorpião, já tá todo na pegada 'bora logo' e eu , logo eu, a rainha do 'se jogar', tendo que pisar no freio. Ou seja, caminho pra se perder de novo a bichinha tem, mas a racionalidade, junto com o apego e a romantização do amor, não deixa o negócio ser assim tão fluido não... Fora que: preciso manter o foco. E usar alguém pra esquecer outra pessoa tb é feio né? Pra mim já é começar errado, algo que, de repente, poderia dar certo.

Tenho tido muito cuidado com isso. Todo dia que tá muito difícil lidar com a falta , a dor, e saudade eu evito ate falar muito com Caio, pq eu sei que a tendencia é nesses dias sempre eu me colocar disponível pra ele pra evitar a dor, pra me sentir melhor, só que isso é fictício e insalubre, e injusto com ele e comigo. Nesse dia, me recolho, e me permito sentir as coisas, e me mantenho um tanto afastada dele pra que não se misturem os sentimentos. Se ele ainda não sacou isso, eu devo ser bem esquisita a seus olhos, mas temos conversado de leve sobre minhas demandas de tempo e espaço, e ele é um cara véio já né? Vindo de relações longas, ta ligado nos paranauê de relação e parece ta ligado e de boas com isso, porém, segue se colocando como quem dirige um espetáculo, como bom diretor teatral que é. Tô ligadíssima nele.

O babado é tão doido que muitas vezes eu preciso me lembrar porque eu bloqueei o ex todo. É como se eu ficasse negando a minha própria contestação para minhas escolhas, e aí dou um jeito de invalidar elas, e preciso com frequência ta refazendo o caminho pra me situar novamente.  Logo eu , que nunca bloqueei um ex. Tava muito difícil perceber que não tava funcionando aquilo de tentar ser amiga dele, eu não sei nem explicar pq, sei que não dá pra fazer isso sozinha e sentia ele distante e frio e meio como se quisesse me dar o corte que queria,  pq sempre me disse era melhor pra ele assim, e por algum motivo sem conseguir fazer, então eu mesma fiz. 

Continuo defendendo que separar com a perspectiva de rompimento total é muito mais difícil. Que findar um projeto de companheirismo derrubando tudo, além do que já é imenso, que é a estrutura do casal, e acabando tb com a amizade, o cotidiano de trocas é muito pior.... Queria ser amiga, dar risada, tomar cerveja, falar de nós até gastar e rir do que não funcionou, mas com ele não possível isso ser assim, e entendi isso sentindo na pele. Então, fiz o que achei que era melhor. Aceito que isso é uma coisa minha, e que não tem q ser assim pra todo mundo.

Porém não abrirei mão de sustentar o que acredito, e quando precisar eu recuo. São as negociações possíveis né? 

Ontem foi um dia bem difícil, aquele dia que a gente segura os dedos pra n digitar o que vai causar estragos, aquele dia que a gente só queria um tempinho a mais pra olhar de novo, que a gente para e pensa: que será que ta fazendo? E o que fiz foi cantar pra Oxalá, me concentrar em mim, tocar meu violão, arrisquei tomar um drink pra afogar as magoas e dormi agarrada em mim. Hj já acordei mais tranquila, só querendo escrever e organizar as ideias,mas com muito menos dor e peso. 

 

bora seguindo pra ver o que a vida tem pra gente. 

 

 

 

o amor é pura incerteza do que será o amanhã

 

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

não se ama, amor, em vão (PANDEMIA)

 (ao som de Leoni, assim, bem cafona)


terminar uma relação é sempre um movimento muito particular. Por mais que a gente tente fazer isso ser uma coisa do casal, a verdade é que cada um vai terminando dentro de si do jeito que dá. Há muito tempo eu venho analisando meu movimento de ir embora das relações. Do mesmo jeito que sei quando uma grande paixão está para me arrebatar, eu sei o exato momento que o amor começa a ir embora, e minha primeira reação é sempre dar sinais, dar sinais, falar sobre, pedir socorro para meu par....e eu posso tentar fazer ele ressurgir, eu posso lutar contra o fim o tempo que for, mas aí, alguma hora eu canso de sofrer e começo a entender e aceitar, e aí fico assim de noite.... na cama,  agarrando a pessoa em silêncio, com um medo grande do que vai vir e querendo aproveitar o máximo possível do amor que ainda há. 

e ai todo abraço vira uma pequena despedida, e uma das formas de ritualizar o sentimento que vai embora, é lidar com ele, eu me apego fortemente a todas as melhores imagens que criamos, todos os bons momentos. Isso é meio doido e talvez torne isso mais dramático e doloroso, mas acho tão mais triste acabar uma relação deixando todas as memorias desintegrarem em sentimentos ruins....por isso tb eu tente sempre terminar sendo amiga da pessoa, mas tb n posso querer isso sozinha. 

Eu lembro da voz rouca, recrio a imagem dele dedicando uma música para mim (uma das poucas declarações de amor que me deu), a mão no meu pé, as besteiras repetitivas que fazem dar risada, virando o ouvido pra me ouvir falar coisas na hora do amor, os cachinhos caindo em meu rosto enquanto aquecíamos o corpo um no outro, a bagunça na casa ( disso sinto pouca saudade), as vezes olho pra minha estante e não vejo as roupas emboladas e acho estranho, o vazio da falta dos memes de manhã cedo, os mil assunto misturados sobre tudo que é coisa que tiver passando pela frente dele... a forma infantil de sentir ciume e lidar com seus próprios sentimentos... tudo um grande arsenal de saudade que não precisa morrer afogado nas lágrimas.

Quando a  gente aprende que não vai morrer de amor, a gente aprende a conviver com a saudade, e fazer dela algo possível de ser, sem que necessariamente nos leve para o lugar que estávamos e que não estava mais bom. 

E apesar de tentar evitar, me pego pensando em quais será que são as memórias que ele tem... o que ficou de saudade boa, de memória de afeto, o que será que faz lembrar de mim? 

Quando será que ele se deu conta que eu fui embora? qual exato momento que ele me viu sair de verdade? o que será que sentiu... Como decidiu viver sem tudo que fomos? como tem sido seus dias sem procurar meu nome de whatsapp? Será que já passou um dia inteiro sem lembrar da minha existência? ou será que tudo isso foi apagado pela grande sensação de alívio?

No que me dói mais acreditar? 

Como foi o dia que sentiu desmoronar tudo em sua volta? será que lembra, como eu lembro como foi comigo? Como tem sido sua cronologia?


E quando tudo isso se transformar em algo que não seja mais dor e mágoa, e a gente se deparar só com a  amizade, como vai ser? falaremos sobre isso tudo? vamos nos desbloquear da vida virtual, e qual vai ser nosso primeiro assunto? 

Amor é uma coisa doida viu? 

porque pensamos nisso tudo? 

até quando?




Não se ama, amor, em vão




domingo, 6 de setembro de 2020

das cartas que eu não mandei [PANDEMIA]

  

~~~~Hoje fazem 2 meses, que precisei escrever para ele e para mim que havíamos acabado tudo. Que não seríamos mais um casal. 

Tava aqui mexendo as coisas do computador antigo , passando algumas coisas pro novo, e encontrei um série de escritas minhas em momentos de muita dor e compreensão do que vinha acontecendo comigo e encontrei uma das cartas que escrevi para ele e não mandei. Não mandei porque já não acreditava que seria possível concertar aquilo comigo dizendo algo, já que durante esses anos eu ja disse tudo. 

Tem algumas, mas essa em especial me tocou e  decidi guardar aqui pra sempre que eu duvidar de mim, e da minha decisão, voltar aqui pra ler e lembrar pq eu decidi ir embora. Também acho que não mandei porque até o fim do fim a gente , que é romântica em alguma medida, acredita que o outro vai tomar um sacode, nos compreender e vai de repente se dar conta do quão imenso e lindo era tudo que temos pra ser e tudo vai ficar bem, algo que viesse dele e não de mim. Em fim, que fique registrado, para que não mais me demore em lugar onde não fiquemos confortáveis. E considero que poderia ter sido muito pior, poderia ter demorado muito mais a cair na real e pular fora dessa história, diante do meu histórico de insistência em histórias abusivas, eu até que me saí...




----- escrita em junho de 2020, uma semana antes. 


"Há um impulso em mim, um impulso de escrever. Escrever, sobre você, e sobre mim, na verdade escrever sobre algo muito maior. Mas talvez você seja o ponto de partida, sendo o ponto final.  

Eu sei tudo que fomos, e sei tudo que nos tornamos. Eu poderia transformar isso num espetáculo, mas eu não quero....me interessa muito mais analisar a situação e transformar em aprendizagem, te convido a aprender. Faz bem. Não quero usar de ironias nem de acusações. Quer falar do que podemos ser, já que não somos.  


Quero falar de porque não seremos.  


Eu finalmente entendi que projetos em comum são importantes, entretanto não são determinantes, o que é determinante é o A-M-O-R...tu tinha razão. E nesse tempo de quarentena. Me dei conta de que seu amor é pouco para mim. Não porque ele é inferior, mas pq, a sua forma de amar se construiu a partir de uma outra logica que a minha. Com marcas muito especificas, e distantes do que eu penso sobre tudo que contempla uma parceria de casal. Eu  sempre buscando seu amor.Aliás, estava. Isso não pode ser bom. 


Eu entendi nesse processo, um pouco sobre suas exs. E eu sempre soube que sempre há duas versões para uma historia, ou até mais versões ? E eu sabia que vivendo uma história com vc , as versões de suas exs iam aparecer, não através de suas falas, mas através das marcas que vc deixa nas pessoas que vc se envolve. 

A forma como resolve, ou não resolve, o silencio, e a entrega ao tempo, lhe coloca num lugar que horas eu penso que seja de conforto, outra de agonia.


 Eu decidi experimentar isso, ao longo de dois meses. Tenho me mantido em silencio. tenho seguido seu fluxo de desinteresse. Primeiro para entender seu funcionamento ainda mais, e segundo pq realmente não há muito o que ser dito.  Eu penso que com certeza vc sentirá um enorme alívio quando eu conseguir fazer isso, apesar de seu discurso de termos um grande amor, sua prática revela o contrário, de que vc só não tinha coragem de terminar, sabe-se lá pq.


Você não é um monstro violentador, porém, para deixa de estabelecer relações abusivas - sim vc estabelece relações abusivas - vc precisa reconhecer-se assim. Não tenha medo de nenhuma denuncia, eu já disse que vc não é um monstro. Teve algumas atitudes bem próximas a monstruosidade de machos péssimos que me topei pela frente, mesmo se auto declarando diferente. Isso não é um julgamento, é uma constatação, se vc se sentir mal por isso, é um ótimo sinal, e espero que consiga fazer diferente daqui pra frente.  


Mas vc sabe todas as vezes que vc foi assim, eu sei que sabe, porque eu sinalizei todas as vezes. Você tentou reverter, mas não resistiu a tentação de repetir.  Fazer de novo, com outros elementos mas com a  mesma lógica. 


Depois desses dois meses de silêncio, cheguei a pensar que vc  não mais aguentaria me ver  fazendo o seu papel, e viria me solicitar explicações, mas não, você acredita tanto nesse seu modo de amar que me parece estar bem confortável com isso.  


Já nem me questiono mais o porque, nem como consegue fazer isso, nem porque eu me deixei viver isso por esse tempo todo. A verdade é que desde de junho do ano passado deveríamos ter findado essa relação e por pura insistência e apego, continuamos. Eu jamais confiaria em vc depois de vc mentir na minha cara, negar veementente fatos, sem nenhuma necessidade disso.  


Eu jamais conseguiria estabelecer mais relação de confiança com alguém que mente com a facilidade que vc fez, sei  pq, por medo, por achar q tinha mesmo direito de fazer isso, convicção 


O fato é que acabou ali. Junto com tudo aquilo, coma forma que conduziu , como tentou me dizer que eu que estava errada de buscar saber a verdade que você tentou de todo jeito esconder e a verdade veio a mim através de seu descuidado com a nossa relação. Depois dalí nada mais foi possível de crescer, só de diminuir.Foi ladeira abaixo. Eu tentei de todas as formas lutar contra os fatos, porque sou uma dependente emocional, e entender isso foi o primeiro passo pra iniciar minha cura.


Me ver depois de tantos anos como dependente emocional foi muito ruim.Enlouqecedor, admitir isso me custou caro, mas foi o meu caminho de cura tb. Eu entendi que era assim que  eu me via, e que de algum jeito vc se beneficiava disso, porquê se não teria aberto mão da relação tb, como fez quando já não estava mais conveniente em outras relações. Quando não estava bom vc foi embora em outras relações se não foi embora sabendo que não tava bom pra mim é pq se beneficiou disso. 


Eu não tenho raiva de vc, as vezes, tenho é de mim. Mas estou tratando disso. E de muito outras coisas. Porque há uma estrutura que me direciona a isso. Estou disposta a amar e ser amada sim, muito, profundamente E preciso me libertar de vc para isso, preciso me ver com possibilidade de encontros reais, verdadeiros, depois q me curar de mim, e o primeiro passo para isso, é que a gente encerre de uma vez essa historia , esse entre lugar que resolvemos ficar.  


Não somos, não estamos, não seremos. 



Eu preciso acreditar ainda no amor, eu quero, eu vou. Eu vou viver a história que eu acredito. Não vai ser agora porque eu preciso estar muito bem e pronta pra viver isso, e a gora eu não estou. 



Desejo que vc se cuide, e entenda os risco a que se expõe e expõe as pessoas, entenda que as vulnerabilidades emocionais precisam ser acolhidas e cuidadas, e que vc precisa as vezes sair do centro.  


Queria lhe dizer muita coisa sobre como me senti esse tempo todo. Mas eu sei que vc não gosta de ouvir, e que entende isso não como construção, mas como acusação, então eu vou me abster disso tudo.  


Eu lido melhor com a  escrita pq me organizo melhor, mas como tento ser leal até o fim, evitei que vc lesse isso longe de mim, para que não descomprimisse o que já havia dito   sobre não terminarmos pela internet, apesar de que em via de fatos, já terminamos há tempos. " 


Abri mão de ser leal a ele para ser leal a mim. Quando entendi que foi isso o tempo todo que ele fez: foi leal a ele. A ponto de ser irresponsável comigo. Eu entendi a necessidade de me proteger de mim e dele. E que dane-se se era segunda-feira, se era de noite, se era pandemia, se era pelo whatsapp, afinal estávamos ha meses nos relacionando pelo zap, e eu não ia esperar a pandemia inteira passar, sabendo que isso podia durar anos, só porque precisava ser coerente. Não, eu não podia mais sustentar aquilo, eu não podia fazer aquilo comigo. 


Eu estava lavando louça segunda-feira de noite, depois de um dia cheio de trampo barril, e  meu corpo todo me impulsionava a fazer aquilo, eu estava com a barriga doendo, a mão cheia de espuma, eu larguei a esponja, sequei malmente a mão e mandei a mensagem que precisava: terminamos aqui. 


Podia inclusive fazer o que vocês homens costumam fazer. Sumir de vez, ou quem sabe viver minha vida de solteira apesar de seu delírio de casal. Mas eu precisava fechar aquilo com as minhas palavras, fazia parte de meu processo de cura. Enfrentar. E depois, eu corri  Eu corri mesmo. 


Tô muito orgulhosa de mim, pra mim nossa história já terminou ha muito tempo, para ele há  dois meses. Acho que ainda passarei muito tempo com isso dentro de mim, mas cada dia que passa me sinto melhor, e mais segura. 


A única coisa que consigo defender nesse momento sobre relações com homens que não te fazem bem é: minha irmã, não se demore. 


E chega um ponto que a gente precisa escolher entre seguir nosso compromisso com nossa saúde mental e  o compromisso com o outro, saibamos fazer a escolha certa.