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quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Sthe e Dynho , e a defesa da monogamia.

 

Desde que comecei estudar a desnaturalização de normatividades,  tenho sentido  em mim e percebido a dinâmica de relações de pessoas próximas, o funcionamento das ferramentas de sustentabilidade das estruturas monogâmicas. Talvez nenhuma outra normatividade opere com tanta eficácia, de forma tão enraizada em nossas subjetividades quanto tudo que envolve a pretensão monogâmica, porque ela atravessa muitos recortes existenciais ocidentalizados.

Há algum tempo tenho lido pensadoras sobre não monogamias colocarem a estrutura monogâmica como ferramenta a serviço do patriarcado e machismo. E sugiro ainda pensar , que por isso e também, opera negociando com o pior da masculinidade, e promove junto com machismo e misoginia, o feminicídio. Quase todos os crimes femicidas estão associados com o sentimento de posse e dominação que a masculinidade junto coma  monogamia costuram o tecido sociocultural, que eleva a índices  surrais os números sobre feminicídio no país.

 

Nas ultimas semanas um debate na internet me chamou atenção. Na verdade não trata-se de um debate, pois um debate de ideias inclui uma troca de perspectivas, uma disputa de narrativas, e não posso dizer que se trata disso. Soube através de redes sócias, que Sthe e Dynho, dois integrantes do reality A fazenda, estavam cometendo o CRIME de desacatar a normativa monogâmica. Ambos com relações ditas monogâmicas fora do reality. Fui ver as supostas cenas de traição por curiosidade, e principalmente para costurar tudo que venho pensado aa respeito da monogamia.

Vi cenas de troca de afeto, ambos se dizendo amigos , e aqui fora, o mundo  das redes sociais com o tribunal montado. Concluíram que independente do que eles digam  sobre o que sentem sobre si, e sobre a relação que tem  lá dentro, que são traidores de seus pactos aqui fora. O ciber público twiteiro declarou guerra e  produziu inúmeros memes, teorias de frases feitas, contas de twitter, montagens de vídeos com todas as sequências de carinho trocado entre os dois, falas confusas de quem estaá em confinamento há meses, um arsenal de coisas, e o veredito veio através de cartas abertas de seus parceiros aqui for. A sentença é: traidores. A pena: fim de seus projetos afetivos aqui fora. Sem direito de defesa, de esperar a saída do reality para que dialoguem sobre tudo que tem acontecido lá e aqui. NADA. Condenados. CANCELADOS. A mulher então, está para sempre na mira dos ficais dos bons costumes monogâmicos.

Eu nem vou chegar na questão dos envolvidos que estavam aqui fora , porque é demais querer que eles dêem conta de serem críticos sobre a monogamia estando no foco da fofoca e do terror emocional que move o Brasil virtual. Era muito grande a expectativa sobre até quando ambos iam suportar tanta exposição. Até quando ambos iam tolerar tanta: falta de cuidado, irresponsabilidade, traição.

Na vida real não é diferente é até pior, e pode acabar em feminicídio.

Lembro que uma pessoa conhecida sofria diversos abusos e agressões  de seu parceiro, e nas noticias que me chegavam eram  assustadoras. O sujeito era violento, mentiroso, corrupto, ladrão, péssimo pai, e a única vez que ela de fato conseguiu se afastar dele foi pelo motivo de traição. Para ela, nada feito antes disso, havia sido motivo suficiente para um rompimento. Mas a traição ‘já era demais’.  Isso me deixou muito inquieta. Para mim, o que ele havia feito de menos importante foi  infringir as normativas monogâmicas. Para ela, era o ápice de seu problema. Confesso que tenho dificuldade em lidar com situações que não fazem sentido. E esse é um belo exemplo disso. Senti muita preguiça em lidar com isso.

Enquanto Sthe e Dynho estavam lá dentro - digamos que o publico esteja certo - tendo uma relação afetiva sem sexo. Suas vidas se transformavam drasticamente aqui fora. Porque afrontar a monogamia é abuso demais. Eu não consigo mais olhar para situações como essa e ver sentido. E pensar que a força que isso ganha em redes sociais pode causar marcas profundas em todos envolvidos. O papel das redes sociais no controle do desejo das pessoas. A monogamia conta como aliada a rede social, a partir de uma lógica de  vigilância constante, se postou istories, onde foi, que horas foi, a roupa que estava, se reage às postagens,  se bloqueou, se curtiu a foto de fulano, se interage com o boy é pq ele aparece primeiro no feed, eu já ouvi de tudo. E a coisa é feita pra dar errado que o próprio instagram criou ferramentas para que você consiga interagir com pessoas sem q isso lhe coloque em risco de julgamento. Sorry bb,  a entidade monogamia sempre cria seus meios de se boicotar.  

Uma amiga muito chateava veio me contar como se sentiu ferida, porque descobriu que o boy mandou foguinho na foto de uma mulher. Oi? Eu tenho até dificuldade de entender essa problemática. A menos que vc coloque um gps completo nele, (e ainda que coloque) ele pode ta transando exatamente agora com quem ele quiser, e você se sente ameaçada com um foguinho em uma foto de internet? Quais garantia teremos de que os contratos monogâmicos se sustentam? NENHUM. Jamais teremos . E é aí o nó. Não existe possibilidade real de confiança total num contrato que pretende dar conta de controlar o desejo do outro que por mais que a gente delire que sim, não está sob nossa posse.

Ah , mas uma coisa é desejar, outra coisa é fazer – dirão os defensores ferrenhos da estrutura monogâmica. Essa debate aqui não é sobre o que você faz com seu desejo e afetividade, nem o seu parceiro. Mas o que o controle desse desejo faz com você e seu parceiro.

E aí  quem consegue compreender que isso não se sustenta e enfrenta essa normatividade mesmo que timidamente,  começa a flexibilizar criando alternativas de brechas nos contratos de relação e ai temos o famoso vale night , o sexo com outro ‘desde que eu saiba , concorde e/ou participe’, desde que seja só com mulher – dirão os machos ameaçados por outros machos,  vale transar se for fora da cidade, o utópico só pode sexo sem afeto(‘não vale se apaixonar’) , ou o não menos eficiente: ‘desde que eu não saiba....’

É muito cansativo pensar em quão trabalhoso é falar de não monogamia em um espaço/tempo que se quer respeita o direito de aborto da mulher. Pensar que mães ainda perdem guarda de filhos por serem usuárias de drogas, por serem prostitutas ou porque assumem a não monogamia enquanto projeto de vida. A sensação é de pensar essas naturalizações a partir de uma bolha muito pequena, distante e frágil. Porém astuta, e insistente. Cá estarei, trazendo incômodos.  

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

cá estou eu, de novo?

 Com certeza não. Era previsto? Pra quem está de fora sim. Pra quem ama não. 

Porque vc está comigo? a pergunta ecoa , até que a resposta chega em forma de reflexão, a pergunta que realmente importa é: porque vc ama uma pessoa que lhe causa tanta coisa confusa? 

É muito difícil abrir mão do que é bom quando é muito bom, essa é real, mas não tão bom que o ruim se cegue. Pode até cegar, mas vai encher a panela até pressão, e tampas voarem. 

Eu já parei de achar que ele não entende. Eu já entendi que ele não quer. Talvez com um trabalho psicanalítico ele chegasse a conclusão que essa recusa dele por tudo que a mãe dele propôs de vida  transita entre uma questão infantil e machista. E ele se porta de forma padronizada com relação a tudo que cobre dele uma postura responsável, é como se a responsabilidade pra ele estivesse associada a seu desejo e que este não passa pelo cuidado porque o cuidado pra ele sempre foi qualquer coisa associado a mãe, e centrado em si. Amo sim e amo muito, e talvez nem tanto assim . Sei que não da pra mais organizar minha vida a partir da solidão de uma relação vazia de cuidado, não há mais como seguir organizando minhas demandas afetivas pelas faltas dele. Já não posso mais caber numa relação que não me dá  sentido, e tira até o sentido de cuidado do outro e de si. Essa é outra reflexão que ele talvez nunca alcance, como a falta de cuidado de si e do outro estão atreladas fortemente. 


Eu me vi sem querer cuidar. Eu estou há muitos meses me controlando para não ser tão cuidadosa, para não me sentir tão abusada e explorada. QUE PORRA É ESSA? como  posso caber  nisso? eu silenciei tão fortemente isso, desde que retomamos nossa relação há exatos 12 meses, que só depois de muita análise eu consegui dizer em voz alta: É POR ISSO QUE EU NÃO QUERO ELE AQUI. 

isso derramou de mim , assim, dando sentido a tudo que eu vinha sentindo e organizando    da vida para me sentir menos mal diante de tudo que não faz, ou faz desse jeito escroto. 

Eu desejaria mostrar a ele tudo que eu penso sobre isso com calma, e cuidado, mas a forma como ele se coloca diante dessa conversa já me faz perder qualquer vontade , ou me dá condição de levar adiante. 

Foi muito simbólico o livro de Carla Akotirene em cima da mesa. LOGO ESSE LIVRO. LOGO ESSE. 

Um tapa na minha cara, uma resposta de exu e OXUM a todas as minhas perguntas. Oxum cuida e gosta de ser cuidada .... e tudo isso Bem segunda-feira, bem na quentura do dia. 


Só peço sabedoria para lidar com o aqui pra frente. 

sábado, 2 de outubro de 2021

andar com fé eu vou?

 como passar a compreender a relação da culpa com a fé? 

A fé é uma forma de controle social, eu estou convicta disso. E a forma como nossas mentes foram colonizadas pela culpa e penitência cristã atravessa todas as religiões e inclusive quem a nenhuma religião pertence, ou se sente parte. Isso para nós mulheres é ainda mais forte.

Se por um lado eu sinto os últimos fatos como uma resposta pelas minhas escolhas de afastamento com a religião, por outro eu consigo plenamente dar um giro e perceber que na verdade a intuição foi me dada, e o fato de eu estar distante de minha fé pro vinculada a uma religião, me fez me afastar da convicção de é pela minha intuição que as entidades falam comigo.

É insuportável viver como se devesse algo a um lugar. Eu não aguento esse peso, e  nem acho justo com quem já precisa carregar tantas coisas. Pode ser somente minha cabeça de gente branca se colocando diante das coisas? Sim. porém preciso ter direito a recuar, me arrepender, voltar atrás. FLUTUAR em minhas decisões. E também, me constitui a fé nos orixás, a fé na natureza, é muito forte a presença deles em minha vida. Como negociar isso?

E aí tem coisas que  nem a linguagem , nem a materialidade do corpo nada disso consegue dar conta. O sentir extrapola tudo isso. Eu tava em debito comigo e nao com o santo e fui la e resolvi, tudo deu certo, e ca estou me sentindo muito mais organizada , muito mais leve. Ainda dói um monte de coisa e sei que vai doer mas chega de desespero. Nenhum desespero vale a minha saude mental. E tem coisa que nem terapia e nem minha racionalidade vai dar conta. E eu sei disso.


Eu to muito feliz hoje, uma felicidade genuína, que me organiza, e como eu preciso dessa organização, como isso todo resto acontece, eu fico melhor em tudo que eu faço. Quando a  gente se vê no lugar que eu fiquei , qualquer coisa que nos tire disso e que m ajude a não sentir mais nada parecido, eu vou recorrer.



Andar com fé, irei. Só me nego ser acritica.  



segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Véspera de 7 de setemrbo (ou delírio do Brasil Império)

 Ca estamos , todos espantados com o provável golpe que dá mais uma vez nessa nação. O STF na mira de caminhoneiros, agromachos e fundamentalistas de toda espécie em defesa do projeto de nazista , autodeclarado presidente deste país. Sob alegação de futura fraude eleitoral, o presidente incita o caos. 


Os militantes indígenas acampando em Brasilia , pedindo a recusa do marco temporal. E sabemos que tudo tende ficar pior quando amanhecer. Aqui na Bahia vivemos uma ilha , um tipo de paraíso político. Aqui onde Nazista não tem vez. Eu tenho certeza que a insurgência militar não acontecerá do dia pra noite, amanhã ainda estaremos nas ruas bem confiantes disso. Porém, se o bicho pegar como espera em Brasília, SP e RJ, há muita chance de se alastrar Brasíl a  fora.

Amanhã é rua. Acaba logo ano.


sobre a pandemia, menos de 50% da população vacinada com as duas doses, ou seja

deixa pra la


domingo, 15 de agosto de 2021

quando eu quero mesmo

 quando eu quero mesmo que alguma coisa aconteça, eu só conto aqui


eu fui selecionada prum curso de Escrita de si, muito massa de um mês , duas vezes na semana, online, com pessoas de todo país, na escola de teatro de SP . Tô empolgadíssima. Tinha tempo que não passava mal esperando um resultado de seleção, e não era só pq eu tava pensando em me graduar em algo a mais, é pq deu tão certo eu ver esse curso bem no dia q era o ultimo dia de inscrição, ele ser de graça, e com a carga horaria de fuder, e nos dias que eu posso e com a mulher que eu babo na escrita. 


OU SEJA

é uma parada que é toda pra mim, do jeito que eu queria, tentando segurar meu nível de expectativa pq não pé justo nem comigo, mas é quase inevitável minha lua libriana não gritar. nesse momento. 


VAMOQUEVAMO


como diria minha parceira maíra: ME SEGURA QUE EU VOU DAR UM TROÇO!


Metade de agosto já

noticias nebulosas misturadas com falsas boas expectativas pandêmicas tomam conta desse caos chamado Brasil. 

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Como pode? [pandemia]

 Eu tô ficando doida pensando nas significâncias. 

tava hoje me dando conta que é julho. Me dando conta que ano passado nessa época eu tava num vendaval interno tão forte que quase eu não conseguia me manter de pé. Eu vim aqui pra escrever de como foi difícil os primeiros meses de pandemia, como eu pensei que ia ficar louca e o esforço sobrehumano que fiz para isso não se realizar. 

mas aí resolvi escutar Martins, e lembrei de como eu consegui me reerguer e ser tão enorme dentro de mim...Eu não sou mais minha solidão... eita Martins. 

que coisa mais louca que é viver. 




quinta-feira, 22 de julho de 2021

meu tio morreu, e mais 540 mil

eu confesso que tenho um lado meio fúnebre. 
é certo que a morte causa sentimentos e  sensações muito diversas nas pessoas. Em mim a morte tem poderes muitas vezes dissociados de tudo que sou. Me desmonto diante da perda de alguém. 

Em tempos onde a morte reina em um projeto genocida, em que uma máscara no rosto pode nos salvar de morrer enquanto a vacina não chega pra todo mundo.... e mesmo quando chega, não tanta garantia assim sobre estarmos seguros. Estou vacinada.
Nem vim aqui contar o quão emocionante foi estar indo me vacinar. Vacinei muito antes das pessoas da minha faixa etária pq sou professora, essa semana devo estar tomando minha segunda dose de vacina. Aquela que vai garantir que eu de fato não vou morrer de Covid. Estou ansiosa por isso. Ansiosa por muitas coisas que talvez não passem de um delírio. Será que algum dia teremos alguma possibilidade de aglomerarmos de novo? Estarei na avenida suando novamente, com gente trocando salivas e suores? e SE isso voltar a acontecer, quando acontecer eu terei coragem e disposição para ir ? São muitas incertezas para uma mente doentia e controladora como a minha. Sobreviver com o mínimo de sanidade tem me feito uma guerreira. 
Tenho muitas preocupações sobre tudo, de todas as ordens, inclusive financeira. 

O estado atual da vida terrena no Brasil é:

Mais de 1000 mortos por dia desde fevereiro ( há 7 meses não diminuímos o numero de mortos por dia, chegamos a bater mais de 4 mil por dia.) --- tem gente que vive como se isso fosse nada.

As pessoas estão na rua, o trabalho voltou a acontecer presencialmente, as escolas estão funcionando semi presencialmente, já estou com crianças em sala de aula e isso tem sido motivo de muita alegria, de uma sensação breve e arriscada de que há vida ainda no mundo e que um dia a gente vai voltar a ser feliz. Trabalhar com criança me enche de felicidade.

Aqui em Salvador estamos na fase verde, na fase que quase tudo está liberado inclusive festa pra 200 pessoas. A máscara continua sendo recomendação assertiva no controle de contagio e a vacinação em amassa tb, praia dia de domingo não pode e quando faz um dia de sol as praias aqui tem ficamos bem cheias, ainda bem q é inverno. Espero que tenhamos um verão mais tranquilo com menos mortes e bolsonaros. 


nesse exato momento temos muitas variantes do vírus em plena atividade, a mais perigosa é a Delta. Ainda não chegamos nem 50% de brasileiros vacinados com a primeira dose. Com a segunda não passamos nem de 20% , o que torna a existência no mundo perigosa, na Europa a alta de casos já está acontecendo novamente. Obviamente que vai morrer quem se negou a vacinar e o mundo está cheio de imbecis. 

Cheguei a conclusão de que meu costume de ver as pessoas de mascara na rua e não nos abraçarmos e beijarmos quando nos encontramos é meramente uma ação automática para sobreviver. EU não me acostumei quando me forço a abrir os olhos pra realidade eu fico desolada.

Ontem, chorei o choro de 500 mil vidas perdidas nesse país, passamos de meio milhões de mortos e junto com isso, estreio coma perda na família. meu Tio Claudio morreu de Covid. Há tempos eu pensava como seria quando os irmãos da minha mãe começassem a morrer e me encho de tristeza, pq hoje , ja com quase quarenta sei o quanto de historia cabe na vida entre dois irmãos. É muito triste perder um irmão. Mesmo que ele seja cheio de defeitos como era meu tio, mas a distancia de idade entre eles era bem grande , e ele era o típico irmão mais velho para ela. Ele aprontou muito nessa vida, e depois da morte da minha vó mandou a família toda se fuder, assim como minha mãe, mudou de estado e foi viver seu próprio caos. 

Ele já estava com 79 anos, mas é triste a morte de covid, não exatamente pela morte mas pela condição de morte e pós morte que se tem. Essa marca é tipo o holocausto mesmo, sei que daqui há muito e muitos e muitos anos vamos olhar para trás e dizer para os mais novos como foi viver a pandemia, e quantas pessoas de nossas famílias e convívio pessoas foram mortas pelo projeto de Bolsonaro, o pior presidente de todos os tempos em todos os lugares do mundo. 

Uma história bem triste e lamentosa, que marca a todas nós. Espero que quando eu tiver forças para voltar para cá, eu consiga trazer boas novas sobre como a vida melhorou, 




meu tio morreu de covid, 

 o grito de ordem é: Fora Bolsonaro. 

FORA FASCISTA
FORA GENOCIDA

segunda-feira, 7 de junho de 2021

atestado de cura

 Aprender a me dar alta dos meus processos de cura faz parte de algo muito importante: reconhecer que estabilizei.

COM CERTEZA estou no meu melhor momento sobre o que me adoecia. Desde 2017. 

Somente agora me sinto eu, no quesito, me sentir parte de mim. 

Parece meio essencialistas isso, mas não é

Me sinto capaz de tomar boas decisões e me perceber muito pouco vulnerável emocionalmente, isso parece ter um efeito caótico nos outros. Antes eles do que eu. 

Ainda corro vários riscos. Porém, de lá eu venho, porque lá estive. 

E trago em mim memórias bem dilacerantes de quando nada fazia sentido. E agora apenas me olho no espelho e penso: isso garota, se arrume e vá! 

Não tem um ano que eu me reergui emocionalmente.  De lá pra cá foi um movimento retilíneo? Não? Doeu ? Doeu. Foi doido? Sempre. Mas me sinto no controle de mim. Talvez eu seja viciada nisso de ter o controle, mas é isso, cada um com os pilares que lhe estrutura não é? Meu delírio é a experiência com coisas reais, deu a dica, Belchi. 

E talvez nem seja  exatamente o controle que me estrutura, e sim a noção de que autonomia afetiva, sexual, financeira, social, etc e a centralização de meus desejos em meus propósitos. Todos justos, e quase sempre coletivos. 

A pandemia continua, muita gente morrendo por dia, a promessa de piora não cessa, vacinação em passos lentíssimos, e Brasil no caos econômico, político e social. A sobre vida parece ja ser um lugar cômodo para quem não morreu desse vírus, nem fome, nem de loucura. Volto a conseguir ler. amanha chegam meus quatro novos títulos para serem lidos nas férias:


  •  As últimas testemunhas: Crianças na Segunda Guerra Mundial -  Svetlana Aleksiévitch
  • Floresta escura - Nicole Kraus
  • Quarenta dias - Rezende, Maria Valéria
  • O riso dos ratos -  Joca Reiners Terron

Nem acredito que já estou na contagem regressiva para meu sagrado recesso 💓



....e logicamente, vou pra meu paraíso das águas doces.  Colinho de mãe. 





segunda-feira, 24 de maio de 2021

Tormento - parte XXXVI

 mais de dezessete anos já se passaram e eu ainda preciso gastar noites e energia, pensando em como alguém escolhe viver no tormento.

Tem gente que não escolheu isso , tem gente que vive impositivamente o tormento. 

Há 15 anos, quando me separei do pai da minha filha eu decidi que não queria mais o tormento de viver uma relação tumultuada, sem propósito. Pra falar bem a verdade eu nem sabia o que eu queria, eu só sabia q não queria mais aquilo. 


Hoje , o pai da minha filha foi baleado pela mulher que ele quis viver uma relação completamente doentia e que afetou a mim e a minha filha para todo sempre. 


Eu realmente lamento muito ver pessoas se destruírem desse jeito, e esses dois em especial, é incompreensível como conseguiram aceitar, prolongar e causar tanto mal a si, a seu próprio filho e a todos que os cercam,

todo mundo que conhecia essa historia minimamente sabia que isso ia terminar de um jeito muito ruim.

Ele está vivo, e  ela solta. Ou seja, isso não terminou. Ou seja, que merda

OU seja

cultive sua saúde mental

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Abril, abriu o buraco pro fim do poço, ou ainda estamos longe disso

 Cá estou , ainda ouvindo belchior, ainda cheia de coisa pra contar, ainda paralisada pra organizar tudo que ta dentro de mim. Um mistura de tudo. O looping pandêmico parece não ter fim. Já é abril de novo , e estou no mesmo lugar, apesar de ter me mudado, apesar de já fazer um ano e olhar pro ano passado e pensar que  tava tudo tão absurdo e o absurdo agora parece tá mais absurdo ainda e cá estamos, vivendo com todo absurdo mais naturalizado.

Entre abrir e fechar coisas, esperando as porcentagens de taxa de internamento em UTI descerem para taxas cada vez mais altas. Esperando os NUMEROS , somos números, de morte abaixarem.

Ja perdi as contas de quantas pessoas queridas morreram, já perdi as contas de quanta gente eu sei que perdeu gente. 

 Somos uma nação isolada, politicamente, sanitariamente, economicamente. 

É desolador ver o caos social acontecendo mais desorganizado que nunca, e mais organizado que nunca pelo projeto de morte. Quando não se morre de covid , se morre de fome. Tudo atrasa. A vida tem pressa. As vacinas demoram, as comidas da mesa acabam, os preços sobem, só sobem , cada vez mais, cada vez mais rápidos, a quantidade de pedintes na rua é apavorante. Cada vez  desejamos mais qualquer coisa , QUALQUER COISA, que não seja isso. Que perigo. 

Eu nem consigo me olhar individualmente  nisso tudo, a única coisa que tenho feito por mim é me manter viva, mesmo que na mediocridade, mesmo que precariamente. Todos minimamente empáticos, mesmo que vivos e com comida na mesa, estamos meio mortos, meio zumbi, meio ao meio, do meio pro fim- precários. 

Materialmente precários, espiritualmente precários, subjetivamente precários. Vivendo de BBB como melhor entretenimento , pq o cérebro não aguenta ver sentido em muita coisa. 

Todo dia pego covid, sintoma de minhas doenças psíquicas, que é a maior herança , que vivos teremos, durante e depois disso tudo. Obrigada Deus. 


"Enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não, eu canto"


Eu sei lá como sairemos disso e caí no ritual quase satânico do aqui e agora, hoje preciso respirar, agora estou viva, aqui consigo fazer isso. 

Eu foco em não esquecer do que me mantem minimamente lúcida. Fecho os olhos lembro entrando na escola com as crianças correndo e gritando, do abraço na cantina, do suor de correr e me sentir em carne viva. Os gritos das brincadeiras das  crianças é o  que tenho mais vivo dentro de mim.


fé nos erês, é o que tenho de mais sagrado em meu orí hoje.






 


terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Fevereiro [PANDEMIA]

a ultima vez que eu havia marcado que estamos em pandemia foi em novembro de 2020. Nada é a toa. 

Nada é por acaso.

Foi mais ou menos ali , com o cenário de eleições para prefeitos , que chutamos o balde e naturalizamos as mortes. 

Sentamos no bar sem a culpa, entendendo e assumimos que estamos politicamente a deriva na condução dessa pandemia. Quando o mundo todo ja começava vacinar  nós estávamos delirando. 


lotamos bares

lotamos praia

nada de escola

e numeros subiram

com menos de 300 mortos pro dia, estávamos todos dentro de casa

agora aceitamos os mais de mil mortos por dia

e vamo celebrar a vida


a humanidade é um projeto falido

sem volta




sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

1.1.2021 tudo igual para os terraqueos

 porém , há boas expectativas com a era de aquário e oxum e oxalá regendo o ano. Sabendo que: nem sempre água e mansa. 


terminei o ano no meu lugar. Com meus amores. Chorando de rir. Como deve ser. Longe da euforia da virada, do coração cheio de esperança, virei o ano agradecendo pela saúde. Silenciando pelos mortos. E só desejando que a vida seja mais suave em 2021.


Que ano difícil do caralho viu? 

puta q pariu

Enquanto aquariana é muito difícil fazer uma analise positiva individual quanto as coisas do coletivo me tomam tanto. Tive um período MUITO difícil em 2020, mas tive momentos muito lindos de reencontro comigo, e reviravolta emocional, e felicidade de estar em contato direto com quem me guia. 

ainda tem um monte de coisa pra ajeitar nessa vida, e que bom. Estou num fluxo maravilho de amor e fé, fé em mim, nas minhas escolhas, na minha vida. Desejando me manter viva e saudável, assim como os meus.