Google Analytics Alternative
Google Analytics Alternative

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

o fetiche dos homens héteros pelas mulheres feministas [PANDEMIA]

 


Cá estou eu, pensando na minha estrada depois dos 30, e analisando nas histórias que venho escrevendo em minha vida, trocando ideia com outras mulheres, e experienciando estar solteira depois de tantos anos. Algo inédito nos últimos quase 15 anos de minha vida. Confesso que tenho entendido a importância disso, porém, simultaneamente, aceitando também, que o problema de não estar só, é não saber ficar só, e se a gente sabe ficar só se isso não é sofrido, e pelo que tenho sentido, não tem sido para mim, mas de repente, por algum motivo de força maior universal ou para além do que se pode ver, a gente tá sempre quase entrando numa relação, então,é isso né, aceitemos e não nos demoremos quando não mais estiver bom.


Eu não sei se muito mais mulheres se sentem assim, mas tem rolado com uma certa recorrência essa reflexão em mim, e tenho dividido com algumas mulheres por perto de mim que sentem o mesmo, obviamente sempre a partir de uma vivência. E essa vivência tem acontecido desde que tomei as rédeas da compreensão do lugar das mulheres nas relações hétero.

Desde que comecei a ocupar espaços de construção de militânca com mulheres,  me coloco em diálogo com muita gente , e de alguma forma visibiliza minha existência, principalmente por conta das redes sociais. 

Percebo uma alternância na tentativa de aproximação entre os boys que não entendem nada do que eu digo, apenas sexualizam meu corpo e minha performatividade de mulher bem situada em sua própria existência, e os boys que entendem o que eu estou falando, e que se acham O  cara, diferentão e  grandiosos  que vai ser lido como o cara feminista pq ta colando numa mulher feminista. 

Quando normalmente esses caras cismam com minha cara, e insistem em me fazer apaixonar,  eu sinto logo do que se trata: "vamos ver se sesse pensamento feminista se sustenta", ou pior, "se minha masculinidade é mais ágil e dobra ela".


É exatamente assim que me sinto em vários casos,e  não só eu, no nosso grupo de mulheres temos pensado sobre essas questões e isso atravessa muitas de nós.


Eu já entendi que há um fetiche em 'dobrar' a mulher lida como 'braba', 'agressiva', que na verdade apenas se posiciona diante do mundo.

Domar a fera.  

E aí o que fazem esses homens caso desenvolvam uma relação com essa mulher feminista? Bom, aí é que está... aí é que de fato se revela, se trata-se de fetiche, paixão, amor ou algo que perpasse por aí. A relação pode ir pra vários caminhos, e inclusive nos surpreender, mas isso não é dado de realidade, o que tem sido dado de realidade, são relações frustradíssimas, cheias de furos e adoecimentos causados pela falta de diálogo e de disponibilidade das masculinidades, principalmente se fizermos um recorte etário aí , entre os homens de 37 a 42 anos de idade. 

Estou afirmando que determinantemente nenhum homem jamais vai desenvolver uma afetividade real com essas mulheres? Não. Estou falando de uma experiência minha, e de outras mulheres próximas a mim. Acho que muitas vezes nem para eles está muito bem desenhado o lugar desse fetiche em suas escolhas por parceiras feministas. 

É um lugar de poder experienciado muito recente por esses homens, esse de conquistar aquela mulher que se posiciona de forma política e assertiva sobre equidade de gênero. Acho que muitos nem se deram conta ainda do que está acontecendo. Eles demoram de entender e mais ainda de responder aos movimentos das transformações. Por isso tenho insistido que são estátuas da década de 90. 

O que acontece é que apesar do fetiche, percebo que simultaneamente esses homens não pensam em como pode ser complexo para eles se exporem ao estar numa relação com uma mulher feminista , sem assumir de fato para si as mudanças do mundo, a  forma como nós temos nos colocado e o que temos tentado lhes dizer sobre a forma de nos relacionarmos. Se expoem , porque em algum momento vão precisar mudar de planeta porque simplesmente nenhuma mulher mais vai cair no conto da aia.  

A medida que essas relações vão acontecendo, há uma expectativa em torno de que homem esse pode pode ser nessa relação, e é uma expectativa legitima diante da problemática da masculinidade nas relações afetivas entre homens e mulheres. 

E me digam,  em momento nenhum ele pensa nisso antes de se jogar nessa empreitada? 

Eles não sabem que nós mulheres, do pequeno nicho da soterópolis nos comunicamos sobre os homens que vivem investindo no mesmo padrão de mulher feminista de esquerda? 

Se não está de fato conectado com nossas lutas e afim de se refazer e repensar, se ainda entende isso tudo como uma ação de patrulha, ou se ainda questiona a mulher sobre o que é de fato importante na sua vida: a relação ou a militância, se ainda se comporta dentro da relação como se fosse um baby da década de 90, totalmente equivocado em suas colocações, porque se arrisca assim? 

Eu só posso pensar que é uma burrice mesmo. Uma limitação cognitiva. OU eles pensam realmente que isso vai passar assim? Sempre vai ter um mulher pra cair no conto da aia, mas sempre vão ter 30 avisando a ela que ela está caindo, e quando ela cair de fato, e precisar se levantar, todas as 30 estarão lá, pra acolhe-la , e reafirmar o que todas já sabíamos. 


em fim,


quando eu falo em honestidade na relação é isso: o homem, reconhecer suas limitações, colocá-las na mesa, e se comprometer e em fazer diferente, em nome de uma relação justa e saudável. e isso não é impossível, pq eu faço, e muitas de nós fazemos, sempre. Pelo contrario , é muito possível, mas é preciso saber olhar pra si, e estar disposto a fazer diferente de tudo que já fez até então. 

cansada.


31 de agosto, finalmente, vá, se pique.

ufa





domingo, 30 de agosto de 2020

se tiver que pedir já não quero mais. Não me faça pedir o óbvio[PANDEMIA]


 


Frida Kahlo disse ao marido: 


"Não estou a pedir para você me beijar, nem que me peça desculpas quando acho que você está errado. Nem mesmo vou pedir que você me abrace quando eu mais precisar. Não peço que me diga como sou bonita, mesmo que seja mentira, nem me escreva nada de bonito. Nem vou pedir que me ligue para me contar como foi o seu dia, nem que me diga que sente a minha falta.  Não peço que me agradeça por tudo que faço por você, nem que se importe comigo quando a minha alma estiver deprimida e, claro, não vou pedir que você me apoie nas minhas decisões. Não vou nem mesmo pedir que você me ouça quando tenho mil histórias para te contar. Não vou te pedir para fazer nada, nem mesmo para estar ao meu lado para sempre. 

Porque se eu tiver que te pedir, não quero mais. ”

sábado, 29 de agosto de 2020

vem setembro [PANDEMIA]

Ontem depois de 5 meses fui andar de bike na orla. Eu fiquei bem chocada com o volume de pessoas, não só circulando como sentadas em bares. As cadeiras dos bares da barra todas desceram pra rua,e  ficou uma coisa bonita de ver. Porem estamos no meio de uma pandemia.

Senti mutias coisas diferentes nesse passeio. 

Primeiro felicidade de ter criado coragem de sair, depois susto de ver o numero de pessoas circulando, depois uma mistura de sentimentos, a ultima vez q eu andei de bike tinha acabado de fechar tudo, presenciei um cenário macabro , com uma densa energia de desespero apocalíptico, e antão, agora tava tudo aberto e as pessoas continuam morrendo, e me da uma falsa  sensação de normalidade, uma vontade de pensar que nem aquelas pessoas, sem mascara, rindo: ah , um boteco! 

Mas eu não consigo. 

Voltei pra casa muito atordoada com essa mistura de sensações. O absurdo tem me atravessado com uma velocidade maior do que eu posso dar conta. Tinha live de Afrocidade, sexta é dia de live, Já aceitei. e diferente das pessoas q tão marcando de ir ver live no bar , eu vim  fazer minha quebradeira  em casa, resenhando virtualmente com minhas amigas e dando risada e ficando trêbada, na mesma velocidade que o absurdo me atravessou. A humanidade não é para sóbrios.  Já aceitei. 

Acho que to na temporada de aceitações. 


Aceitei tb que não tenho controle pelo que tenho sentido, nem por ele nem por ninguém, e portanto deixarei a água me levar, pq se eu não confiar na água que me leva eu confiarei em que? Aceitação. É o melhor jeito de viver tudo que vem me acontecendo em uma temporalidade tão breve. Apesar do estado de confusão emocional, eu tô tenta, valente, e aberta ao que a vida tem me oferecido como situação pra viver e aprender sobre mim.


Hoje me dei conta que minha ansiedade deu uma estabilizada boa e que pensar nas coisas q temos conversado sobre relações, e sentimentos, na verdade que coloca as coisas, na disponibilidade dele pra conversar e abrir o jogo sobre tudo e qualquer coisa, no rompimento da logica de jogar com desinteresses,  tem me deixado muito a vontade para me manter tranquila sobre o que vai acontecer. tudo fora da hora é verdade, mais uma vez atropelamento. ou não. Vai ver alguém em algum lugar tem explicação sobre pq as coisas acontecem assim na minha vida. Aceitação.


deixando claro que de forma nenhuma tenho usado aceitação como comodismo. Eu não sou acomodada, se tem algo nessa vida que eu não sou é acomodada, tenho buscado me encontrar em minha terapia, tenho mexido na vida, tenho entendido os recados, tenho contestado o que é dado como certo, tenho ido e voltado, quantas vezes forem necessárias. Relutei ao atropelamento, e de algum jeito por mais q ele  acolha e me acalme , e respeite, eu me pego ainda com todos os pés atrás, mas muito mais a vontade de entender o que é esse movimento de aceitação e o que isso tem a ver comigo e com o momento que me encontro.


" me dê , o motivo mais sincero pra não ter que amar vc...me dê me dê me dê" embalada por Martins , há dias e dias. 


esse ano constato que as grandes transformações de ciclos da minha vida acontecem no segundo semestre, isso tem a ver com planetas, e com caminhos. Setembro vem pra me mostrar mais coisas. 




quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Yê Yê Ô [PANDEMIA]

hj eu acordei com ijexá em mim , uma felicidade, uma emoção, saber que tá tudo como eu deixei e até melhor, 

alegria de Logun Edé, a sensação de colo de minha mãe Osun , 

eu to numa paz, eu to numa alegria comigo

eu to entendendo tudo

e aceitando, minha senhora sabe disso

entender



e aceitar


~é daquele jeito mesmo, é noção de que eu posso mais, é a certeza de que vocês me ouvem


olorum modupé por todos os sinais

respostas

e cobertura



ÓSUN E LÓOLÁ IMOLÉ LÓOMI

ÓSUN E LÓOLA

AYABA IMOLÉ LÓOMI 


YêYê Yê Ô Lóomi Ô


YABÁ BALÉ OSUN 

YA DO SIN MA GBÉ IYÁ WA ORÓ 

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

as nossas incoerências [PANDEMIA]


Tenho tentado ser menos dura comigo. Sempre tento ser coerente com tudo e isso também é adoecedor. Principalmente ao que se refere ao campo da racionalidade, pq obviamente q
ue muita coisa escapa disso. Quando falamos de do emocional e espiritual a coerência quase sempre se esvai. 

A racionalidade é onde consigo mais dar conta da  coerência q tanto disputo. Porém, mesmo nesse campo , quando não consigo dar conta da minha própria expectativa sobre coerência , eu me frustro , me culpo e  fico retada comigo. Como se a racionalidade não tivesse completamente atravessada pela minha subjetividade. Preciso ser menos dura comigo.

Onde isso mais aparece é na eterna negociação entre minhas concepções políticas sobre equidade de gênero e a construção da minha sexualidade e afetividade. Ando conseguindo organizar esse disparate num grupo de oito mulheres onde nos reunimos para pensar essas questões e de onde deve sair um produto final maravilhoso daqui uns meses. 


Em fim, o fato é que tenho me visto encurralada por mim mesma, várias vezes, pq construo um arcabouço teórico super potente e exijo de mim uma coerência em minhas práticas. Isso é uma cobrança que não eu me faço sozinha, mas inclusive outras mulheres e até homens , questionam quando me pegam tendo atitudes que parecem ser contraditória com minhas narrativas.

A diferença é que mulheres no máximo me questionam sobre isso pq as vezes podem ver em mim a imagem romantizada da mulher forte, e auto suficiente, e os homens , silenciosamente se aproveitam das contradições para reatualizar o jogo de poder já estabelecido nas relações entre homens e mulheres, sejam lá quais forem o formato dessas relações. 


ilustrando com uma situação muito típica que perpassam a todas feministas-heterossexuais:


[[[[[[[  Ela é uma mulher feminista em suas vivências com outras mulheres, é estudiosa de estudos feministas, fala muito bem sobre isso, pratica isso muito bem com outra mulheres. Ocupa espaços de debate e construção politicas feministas. É reconhecida politicamente por isso. 

Se envolve com um boy, que parece ter um discurso muito situado sobre feminismo, entende aparentemente suas questões, porém, há uma série de denuncias sobre sua masculinidade tipica, que se reafirmam na ralação com ela, logo ela identifica a reprodução de um padrão de comportamento muito nocivo e adoecedor a suas ex-companheiras, acontecendo de forma atualizada com ela. Nesse momento eles tentam nos fazer acreditar que estamos exagerando, patrulhando, sendo chatas e etc. 

A mulher feminista recebe as informações sobre esse boy, e sua cabeça super feminista, parece estar super preparada para lidar com isso. Ela passa vários momentos, oscilando entre sua razão e seus desejos. Muita coisa a faz repelir esse sujeito. Todas de ordem da racionalidade. E tantas outras coisas a fazem ignorar a racionalidade, e deixar fluir os impulsos de desejo construindo um caminho de afetividade. 

Ela sabe os riscos de corre, principalmente de adoecimento. Ela sabe que é muito mais fácil adoecer, e se ver novamente num enredo desgastante emocionalmente do que se surpreender positivamente, ela sabe , sabe de tudo, sempre sabe, racionalmente sabe, mas há uma percurso muito doido nisso tudo,DEVIR.... e mesmo sabendo de todas as informações que chegaram a ela, ela ainda prefere acreditar na transformação do sujeito, não só pq ela precisa dar sentido a sua militância. "Se ela não milita por transformação, é pelo que mesmo?" 

Mas não é só por isso, é o que ela também se reconhece enquanto mulher com suas necessidades de se relacionar, estar com o outro, de sentir-se amada e desejada. Mesmo sabendo que dificilmente um homem qualquer nessa existência compreenda o amor em sua pratica feminista, a ponto de abrir mão de seus privilégios e afim de conseguir estabelecer uma relação mais justa.]]]]]]]]]


Desse jeito, lá vamos nós, entrando e saindo, dessas histórias, e podemos sair muitas vezes adoecidas, mas nos entendendo cada mais com agente mesmo,e a gente tb. E, entendendo que nem sempre nosso lugar político vai dar conta de nossa construção afetiva, de nossas demandas subjetivas, e que o que importa mesmo nessa história toda, é não manter-se parada,  e entendendo que não precisamos nos demorar nos poucos afetos, nas trocas injustas, no desconforto.

Se aprendermos, a buscar de cada historia dessa o que ela tem pra nos dar de bom, e cair fora quando sentirmos o adoecimento ser maior do que a troca e o sentir-se feliz. E não termos medo de entender que as vezes é pouco mesmo o que eles tem a nos oferecer, e que a gente consiga que cada vez fique menos difícil da gente reconhecer isso e sair logo da história.


Se demorar menos, é o que tenho achado possível de fazer


eu ainda me demoro muito, preciso de cautela, preciso de ajuda, preciso de terapia, preciso de muitas coisas. Tenho estado feliz onde estou, e pensando que talvez tenha chegado a minha hora, de estar no outro lado da história, daquela que não se expõe emocionalmente e por isso, vai tratar do que sente de um outro jeito. O negócio tá bom, tá fluindo, tá gostoso, mas tá com cautela. E vai ser assim. Pq é pra isso que eu tô fazendo terapia. 

É fácil? Não. Mas se a gente conseguir se colocar no centro de nossa vida, isso fica muito mais possível.É assim que eles fazem. 




Tarde demais
Já me fiz entender
Preciso me desatar de você

Fiz o que foi
Impossível aceitar
Prefiro até me conter nem falar
Não posso mais
Já conheço esse fim
E essa louça só sobra pra mim
Leva pra lá
Todo esse peso que a gente não pode aguentar
Deixa soprar
Toda essa brisa que traz o que o tempo trará

Leva pra lá
Todo esse peso que a gente não pode aguentar
Deixa pra soprar
Todo essa brisa que traz o que o tempo trará
Leva pra lá
Deixa
Soprar
Leva
Pra lá
Deixa
Soprar
Tarde demais!

terça-feira, 25 de agosto de 2020

viciada [PANDEMIA]

tinha tempo que eu não me apaixonava assim por uma canção, 
esse boy me destruiu toda
socorro 

martins💓






"Se você tiver de sobra
Um pra me subverter, meu bem
Me dê, me dê, me dê

Eu que nunca foi tão certo
Faço pose de quem não te lê
Mas eu leio sim, eu só não sei
Se você quer"


"Olha
Se tudo é tão incerto
A força do agora
Me rege como fosse um Deus
A gente se aproveita
Durante a tarde inteira"

 "Era imenso e eu já nem sei
Tua voz ornamentava o meu juízo
Juízo que eu não tenho
Pra me justificar
Mas eu queria ter pra te dar"

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

como a maternidade regula nossa vida sexual e afetiva?[PANDEMIA]

Que a maternidade é uma ferramenta de opressão violenta contra as mulheres, eu já cansei de falar aqui. Mas gostaria hoje de entrar numa questão específica, sobre isso, entre tantas possibilidades de tolir e violentar as  mulheres, a narrativa romântica sobre a maternidade relacionados a forma como as mulheres mães estabelecem suas relações afetivas/sexuais é algo que pouco falamos, e que ao mesmo tempo  atravessa gerações causando estragos subjetivos de todos os tipos, inclusive jogando essas mulheres em relações abusivas e violentas.

O fato é que ao pensar nisso, nem a monogamia nem a não monogamia dão conta do que é mesmo essa compulsoriedade conjugal na vida de uma mulher que é mãe.


A que me refiro?


Conversando com um boy ----(tenho dito essa frase com recorrência nesse blog, é pq gosto de analise de discurso, e como os poucos boys que ainda converso ou são viados, ou são homens fazendo algum esforço para parecer menos pior que a maioria, gosto de pegar suas narrativas e construir minha linha de raciocínio, a partir de algo que passa batido em suas construções e práticas na vida)----


dito isso e voltando ao assunto, conversando um boy, falávamos de uma amiga em comum. Uma mulher que é profissional autônoma, que se sustenta, vinda de uma relação abusiva, e com um filho com mais de 10 anos. 

O comentário dele sobre ela:

[...ah porque eu percebo que ela não consegue se libertar, de um formato tradicional de relação. Eu vejo que ela procura alguém idealizado, que encaixe perfeitamente na vida dela. E ai fica se subtendo a relação que não precisavam durar tanto.]


para a gente conseguir complexificar o debate a gente precisa pensar que essa narrativa vem de um homem que apesar de pai, é um homem, e a paternidade tem um outro lugar social que a maternidade. E que a pessoa que estamos falando é uma mulher que é mãe. 


Quando esse homem faz essa análise me parece que ele desconsidera uma série de coisas aí no meio desse caminho, que na verdade constroem esse caminho.


Quando uma mulher com filhos é mãe solo. Primeiro pensamos quão desigual é a partilha de obrigações e cuidados com essas crianças, mesmo com pai dentro de casa, quanto mais quando se separa. Depois, é interessante a gente marcar o que uma sociedade faz com mães que optam por tentar reconstruir suas vidas afetivas e sexuais. E aqui me cito como exemplo, fui acionada juridicamente pelo pai da minha filha e um dos argumentos que ele usa para tentar desqualificar da minha vivência materna é justamente essa narrativa conservadora, machista sobre como vivo minha vida afetiva/sexual: trocando de parceiros. Essa é a expressão usada. E isso está numa ação judicial. E como as mulheres ficam diante disso? Contando que ação caia nas mãos de uma juiz ou juíza minimamente situadx sobre os debates anti-machistas para que eu não seja de fato julgada como mãe pela minha suposta trocas sucessivas de parceiros. 


Agora vocês imaginem a que tipo de coisa está exposta uma mãe que se assume como uma mulher não monogâmica. Temos vários casos de ações de guarda que usam isso como argumento para tentar desqualificar a mulher enquanto mãe. 


percebo que ainda é inaceitável o mínimo de autonomia da mulher para a sociedade , que injeta uma série de culpas na mulher no que se refere tudo da vida de seus filhos e adoram usar de sua autonomia sexual e afetiva para dizer o quão prejudicados seus filhos podem ficar , caso ela seja uma mulher livre e ao invés de manter uma relação fixa, escolha não manter uma relação "séria" , e sim parceiros que ela se envolva em alguma medida. 


Isso eu já tô falando de uma mulher privilégiada para conseguir escolher viver assim. Porque a realidade é que grande parte dessas mulheres que criam seus filhos em carreira solo, pouco apoio tem para criar um cenário favorável em que ela possa circular nos espaços sociais, conhecer pessoas para se envolver e manter relações fora de casa, para tudo isso é preciso uma minima rede de apoio, quanto menor for a criança mais distante a mulher está de poder escolher vivenciar sua vida sexual e afetiva com autonomia e plenitude



O que sobra para as mulheres? Para conseguirem reconstruir e vivenciar uma vida sexual e afetiva, precisam compulsoriamente, encontrar um parceiro e se submeter mesmo aquela relação. A sociedade de algum jeito e aqui devemos considerar as variáveis culturais, aceita de uma forma menos pior a mulher que faz isso. Logo essa mulher se casa e novo, porque os programas com o novo companheiro vão ser dentro do que ela consegue organizar alguma estrutura para os filhos dela. Isso significa que os programas e os momentos serão dentro da casa que ela está com seus filhos que logo criarão um vinculo com esse novo sujeito, o que de algum jeito já a coloca no lugar de permanecer com ele. E aí logo ela está casada novamente. Não houve uma escolha, foi o que deu para fazer diante daquele contexto de uma mulher que tem demandas especificas de uma mulher que cria filhos sozinha, e dá conta de sua vida pessoal e profissional e sua casa. 


Como pode um homem que não mora com os filhos, olhar para essa situação e entender em sua análise que o problema de como a mulher estabelece suas relações está simplesmente em uma escolha diante de tantas outras? quando na verdade se trata de uma falta de escolha , e que essa reflexão sobre isso , se quer chega nessas mulheres, elas apenas vão seguindo seus fluxos de necessidades e possibilidades afetivas e sexuais. E o fluxo naturalizado dessa sociedade patriarcal que utiliza da maternidade como ferramenta de opressão, é manter o corpo e a subjetividade da mulher que é mãe sob o domínio publico, de julgamentos com bases cristãs e conservadoras,extremamente machistas e misóginas que vislumbram boicotar a construção de autonomia sexual e afetiva dessas mulheres, fazendo manutenção de seu aprisionamento em normatividades violentas. 


portanto, quando falamos de construção da autonomia sexual e afetiva, é bom que além do recorte de gênero a gente entenda o lugar da maternidade nesse recorte. Caso contrario desconsideraremos variáveis completamente determinantes para compreender a condição específica de uma mulher mãe solo diante de relações monogâmicas ou não monogâmicas. 


Lembro que numa relação que tive ao conversarmos sobre as formas de abrir uma relação, eu perguntei para o boy: 

-ok pra vc se ao abrimos a relação vc fique com meus filhos pra eu sair com outro boy? Como seria isso para você? 


Ele nem precisou me responder, o corpo dele fez isso antes. 

Então é isso minha gente , por hj é só e pra mim é isso


melhoremos 


domingo, 23 de agosto de 2020

Autonomia sexual e afetiva, uma caminhada.[PANDEMIA]

 Conversando com um boy sobre relações, ele me contou como era a dinâmica da relação aberta com a  ex-companheira. Contou que a relação já começou aberta por uma demanda dos dois. E que eles conversavam muito sobre isso, e que foi muito bom, enquanto eles conseguiram manter a honestidade um com o outro.

Eu fiquei muito curiosa sobre isso, porque para mim, a maior expectativa sobre as relações abertas é a possibilidade justamente de conseguir construir uma relação honesta, de fato. E não me refiro a honestidade que na verdade é controle sobre o corpo e subjetividade do outro. Falo da honestidade a partir da lógica onde é possível conversar, trocar,  sem medo que a conversa vire uma problemática sem fim para a relação. 

O que haveria acontecido então de desonesto numa relação aberta? Que tipo de desonestidade é possível construir numa relação onde supostamente o principal tabu do amor romântico é superado?

Então ele me disse que tinham alguns acordos, e que esses acordos iam acontecendo a medida que as coisas iam acontecendo na relação, se rolava algo que deixava um dos dois desconfortável, eles trocavam uma ideia sobre isso, e chegavam num lugar justo para os dois. Até que, chegaram em um acordo que a moça não cumpriu: não pode se apaixonar. Ou se apaixonam juntos por uma pessoa, ou evita-se a paixão. 

Então, como é isso?  Eu até acho que é sim possível evitar se apaixonar. Talvez pelo fato de trabalhar muito com a racionalidade e ao mesmo tempo com a minha potencia intuitiva divina. Acredito que há um momento que vc escolhe se jogar da ribanceira, ou recuar. 

Porém, quando você está ali, se envolvendo em alguma medida com alguém , o risco de você simplesmente não vê esse momento de escolha, e ir, é muito grande. Para ambos. Tanto para o homem quanto para a mulher. 

 ~No entanto, há uma falsa simetria nessa análise. 

A construção da autonomia afetiva e sexual para o homem e para a mulher é completamente diferente. 

A moça do caso acima citado, apaixonou-se por um rapaz, e escondeu isso do companheiro por conta do tal acordo, tentou levar as duas relações simultaneamente. Não quis ter que fazer uma escolha entre um e outro, porque sentiu que conseguia administrar as duas relações. Sim ela quebrou o acordo. Mas, um acordo de peso diferentes entre duas construções subjetivas com diferenças demarcadas por gênero. 

Sabemos, e muito bem, que o homem vivencia sua sexualidade afetividade de forma muito mais autônoma, e livre. Para um homem é muito possível viver uma relação muito sexual dissociada da afetividade, e ele sustenta isso por muito tempo. Afetivamente também, me parece ser muito mais tranquilo, para o homem manter-se afastado, impor um limite a si e a outra pessoa, de até onde ele se permite vivenciar a afetividade de determinada relação. 

De forma, geral, a sexualidade da mulher sempre foi o lugar do afeto. A sexualidade para nós nunca foi apresentada de forma dissociada a afetividade. O homem inciam sua vida  sexual com garotas de programas, ou na primeira oportunidade que apareça, seja lá com quem for. As mulheres "perdem a virgindade" com alguém especial, porque esse é um momento quase que sagrado. Isso tô falando de tempos modernos, quando as mulheres já nem precisavam " se guardar" para o homem que iam casar. 


[Eu lembro que queria perder minha virgindade com um boy que eu era apaixonada e pouco me importava se ele era tb por mim - isso já lido como libertário entre minhas amigas - e com 15 anos escolhi que seria assim e que seria na escada do prédio da minha amiga, pq era o lugar possível, e ele recuou. Disse que alí não era lugar para uma menina perder a virgindade.] 

P E R C E B A M:

Foi assim que aprendemos a vida inteira a nos relacionar com a nossa sexualidade. Sim, temos nos rebelado contra isso, e temos praticado e muito sexo sem compromisso, porém a construção da vinculação entre  sexualidade  e afetividade tem raízes muito profundas em nossa subjetividade e quase sempre estamos correndo riscos de nos apaixonarmos, porque a partir dessa lógica, e com outras costuras conservadoras e machistas sobre nosso corpo e nosso prazer , percebo que para muitas mulheres a realização sexual, a conquista do prazer está vinculado a intimidade. E para construir intimidade para gente é quase sempre pela via da afetividade, 

por isso,

não é justo, estabelecer um acordo como esse numa relação aberta. Se o risco da paixão é quase impossível de não de existir em nenhuma relação sob nenhuma hipótese... menos ainda é possível de garantir no contexto da subjetividade da mulher, onde prazer, sexualidade e afetividade andam sempre muito juntos.  

Sendo assim, a honestidade que defendo não perpassa somente pela verdade da palavra, pela linguagem que é usada nos acordos, mas na compreensão das relações de privilegio da masculinidade também, de que, dentro de uma relação heterossexual o homem reconhecer que a subjetividade da mulher carrega outras marcas e que determinados acordos além de injustos, são impossíveis de serem garantidos, porque simplesmente está fora do nosso campo de racionalidade.

Como se resolve isso? não seria. O que seria justo? um dialogo muito aberto e de auto percepção, sobre o que pode o homem e a mulher nas relações sexuais e afetivas, e a compreensão de as caminhadas nessa construção de autonomia acontece de forma e tempo diferentes , para todas as pessoas, e que se queremos estabelecer relações monogâmicas (aqui precisamos  ainda de mais cuidados e diálogos)  ou não-monogâmicas mais justas , é preciso reconhecer as marcas subjetivas marcadas por gênero sim.

Algumas mulheres vão construir isso de um jeito, e outras de outro, algumas já estão inclusive vivenciando suas sexualidades de forma muito autônoma, e outras , que vão precisar e mais tempo, e outras que se quer estão acessando as possibilidades discursivas que possibilitem que algum dia elas construam suas caminhadas.  


Falando de mim, já consigo pensar e entender bastante isso tudo, e acho bem escroto quando um homem questiona minha autonomia sexual e afetiva pelo que me conhece teoricamente, como se a teria e a racionalidade dessem conta de tudo, como se por saber de tudo isso, eu tivesse obrigação de dar conta disso. Isso é desconsiderar as profundezas das marcas subjetivas seculares.  Reconheço ainda minha pouca condição de vivenciar uma relação sexual plenamente prazerosa sem intimidade, e sem que essa intimidade esteja associada a uma afetividade.   


Quase sempre, a primeira vez que faço sexo com um homem é a porta de entrada ou não para construção de uma caminhada em direção a intimidade, sou cooptada com uma serie de informações, de ordem de afinidade  astrológica, existencial, espiritual, sexual, que me fazem desejar construir um cenário sexual de prazer e a partir daí, eu sempre estou no risco de me apaixonar. Eu não tenho condição nenhuma de assumir uma relação aberta, que me imponha como limite a garantia de que isso não vã acontecer. Porque caso eu faça isso, estarei rompendo com uma concepção muito importante para mim nas relações, que é a honestidade. 


Mas imagino como deva ser doloroso para uma mulher numa relação aberta, precisar se posicionar sobre isso, correndo risco de precisar recuar em vários sentidos. Nem sempre a gente consegue ser 100% coerente, nem sempre temos a possibilidade e a condição emocional de tomar a decisão certa, e as vezes tudo foge de nosso controle. E tudo isso vale pra relação monogâmica ou não monogâmica, mas se temos a honesta intenção de construir uma relação justa, precisamos ter o compromisso do diálogo e do processo de auto conhecimento, sem isso, nada acontece, tudo se repete. 



sexta-feira, 21 de agosto de 2020

sobre obviedades, assediadores e paqueras. [PANDEMIA]

 



 "...se vc tiver afim a gente pode marcar uma live, uma bebida, um sexo gostoso"


quando uma subjetividade marcada pela subserviência emocional vence  a tentação de fazer o caminho mais óbvio, o sujeito(eu) comemora. 

não: sem live, sem bebida, sem sexo. 


Não saí correndo pra preencher o vazio e os efeitos da carência. Eu sei o que me custa viver isso assim: automaticamente, simplesmente ir, correr o risco de entrar em outra história antes de tá pronta. Reconhecer e executar isso,  é lindo. Há um tempo atrás com tanta atratividade e  investimento, ou até por menos que isso eu já estava la, dava um jeito e ia. 


Não. Dessa vez, não foi assim. É tentador, e justamente por isso, a  resposta é não. Foco no objetivo, e meu objetivo sou eu. 

Não foi o caso do emissor da frase acima, mas  eu preciso registrar aqui, que eu tenho muita vontade de montar um dossiê com os prints que tenho dado das mensagens que recebo no instagram quando posto alguma foto expondo meu corpo. 

Tenho observado que talvez as pessoas associem minhas postagens o fato de eu estar solteira, o que significa que antes eu devia me conter de algum jeito, digo isso pq os amigos do ex boy são os que mais me assediam, o que me faz pensar que , eles sabem que não estamos mais juntos. Devem ter visto la que não nos seguimos mais, e tal. Eles são péssimos. Que geração de homens fudidos esses boys da minha idade viu? Que inferno. 

Eu agora não exponho mais , eu printo e guardo, preciso fazer alguma coisa com isso, o de ontem eu nem respondi , ele foi bem invasivo e assediador (bem diferente de paquerador) , eles parecem não ler nada do que escrevo para ter coragem de se expor assim, sabendo que posso expor todos eles. Mas algo vai ser feito, eu vou ter tudo registrado. 


Eu quero analisar uma dessas mensagens. 

E aí, qual o limite entre o assédio e a paquera?





Vamos lá, porque isso se trata de um assédio e não de uma paquera ou tentativa de aproximação entre duas pessoas adultas? 

1. esse cara é amigo de meu ex boy, um amigo que eu sequer tive muita aproximação, menos ainda qualquer abertura pra ele se sentir autorizado a se comunicar dessa forma comigo

2. ele me segue há séculos e nunca curte nada meu, nunca trocamos nada em comum, nos seguimos nem sei porque, ele me seguiu e eu quis ser educada com o amigo do boy. Vai ver ele sempre quis fazer o assediador comigo e tava procurando a hora certa. 

3. ele só reage no privado (estories) fotos onde eu exponho meu corpo, nenhum outro assunto meu interessa a ele, possivelmente ele pula todos os estories falando dos machos assediadores.

4. Nenhuma tentativa de conversa, um preambulo, nada, apenas isso: que delicia quero te comer pq vc ta se expondo. 

5. "VOCÊ PEGA PESADO"-  isso pode ser lido como: "eu tento me controlar mas você me provoca". Pq as mulheres sempre fazem isso né? Seduzem assediadores quando escolhemos mostrar nosso corpo. O nosso corpo exposto justifica qualquer violência né? Isso é a lógica do estupro. Se eu for atacada amanhã na rua, possivelmente vão ver meu instagram e dizer: olha só também as fotos que ela postava.

 esses 5 ítens deixam claro o porque disso ser um assédio. Pq semana passada denunciei um assediador que cresceu comigo, e que tava nesse mesmo movimento e ouvi gente dizer: "ahhh ele ta só tentando te paquerar!" 

Hã? Serio? eu não sou burra , eu sei quando me sinto paquerada e quando me sinto assediada, e o contexto da suposta paquera denuncia o assédio.

...


em fim, fiquei contente que consegui não ser reativa a esse ultimo assédio, fiquei muda, n respondi nenhuma palavra pro infeliz, e consegui pensar que esses prints podem de fato servir para algo bem maior. 


uma semana inteira de felicidades pelo óbvio


essa é a minha realidade.


kkkk


quinta-feira, 20 de agosto de 2020

511 postagens [PANDEMIA]

 Com essa, são 511 postagens nesse blog, que existe desde 2007. São 13 anos nutrindo algo sobre mim. Sem dúvida o projeto mais longo da minha vida. Nunca passei um ano inteiro sem vir escrever aqui.

Isso aqui já teve muitas demanda. De todas as ordens. Eu já escrevi coisa de todo tipo, de uma letra de musica que tava me tocando  muito, fatos importantes de minha vida, poesias,  sobre amores, textos acadêmicos, resenhas de filmes, mas nunca , nunca esse blog foi feito para ser acessado. Não que não seja. É sim, tenho postagens com mais de 2 mil visualizações. Mas minha rede de amigos nunca soube dele. Na verdade poucas pessoas sabem, e das poucas pessoas que sabem, um número menor ainda sabe encontrar ele. Muito Menos divulguei eles em minhas redes sociais. Never, nunca, jamais. 

Eu não me escondo. Sim eu sei que tem textos ótimos, que mereciam ser lidos, e quando eu acho isso, eu publico eles em outros espaços. Mas , o fato é que não tenho interesse em ter nenhum compromisso de escrita nesse espaço. nem de conteúdo, nem de formato, nem informações, nem tempo sem escrever. Nada disso. Não quero que todo mundo leia meu blog pq tem coisa aqui que é muito intima mesmo. Eu sei que das 2 mil visualizações quase todas são pessoas que nem me conhecem , e portanto não me  fazem a  menor diferença saber de algo. Outra coisa que escolhi, foi deixar os comentários passarem por mim antes de serem expostos,e  a partir dai decidi n publicar nenhum. 

Na minha ultima postagem sobre ayuaska, minha postagem campeã de visualizações, mais de 8 mil visualizações, tem mais de 400 comentários, e chegou num momento que bloqueei a chegada  de novos comentários. Pq tem isso né? Como é um blog que tem muito tempo e tem uma função quase que de escrita terapêutica, nem sempre eu quero revisitar o que eu escrevi. E aí então, quando chega um comentário , ou um enxurradas deles, eu vejo do q trata sem necessariamente revisitar o texto, caso eu não tenha interesse , apenas não vejo nada. 

Penso também que esse blog pode ter uma bela função póstuma. Caso aconteça algo comigo, meus filhos quando tiverem maiores pode ler muitas coisas sobre a mãe deles. Coisas que talvez nem gostem de saber , mas poderão na vida adulta me acessar. 


eu tenho medo que essa plataforma no blogger termine e eu perca tudo isso. Não sei como garantir que isso não acontecer caso essa plataforma encerre suas atividades.... eu tenho como migrar esse conteúdo todo será? Portanto se alguém souber de alguma dica, esses comentários lerei com prazer.  Acho que em ultimo caso, é selecionar mesmo todos os textos ne , copiar e colocar num arquivo de word. Vou pesquisar sobre isso. 


Se você me conhece e lê meu blog, saiba que anda disso aqui é sobre você, ainda que pareça ser, ainda que seu nome circule por aqui, ainda assim, é tudo sobre mim. E se vc não me conhece, e aparece aqui n sei pra q porra, espero que de algum jeito minha escrita contribua em sua caminhada. 

das surtadas que a gente dá [PANDEMIA]

 Exu comia lá, e eu ficava irradiada aqui

recebi essa foto, de um dos dias que dei uma surtada daquelas. 


O gin  na mão, a preocupação no semblante de quem vive uma realidade pandemica, a tristeza no olhar de quem sabe que amanhã nem sempre vai ser outro dia , e contraditoriamente a certeza de quem sabe que fez tudo que pôde pro melhor, sempre. 


to me achando bela, e olhando pra mim e pensando: jamais pensei que seria uma mulher de quase 40 anos desse jeito. 

Pensando também que a vida deve ter coisas muito boas pra mim ainda, pq sempre foi assim, eu nunquinha precisei me acostumar com a tristeza pq sempre fui muito bem amparada. Uns chamam de sorte, eu chamo de proteção e privilégios;

Ontem tive uma conversa com mais uma mulher, me contando mais uma história de mais um amor fulero com mais um boy lixo, mas esse foi grave. Na escala de absurdos e bizarrices, esse caso é alarmante. inacreditável. 


em fim, é um post só pra me amar mesmo. 



quarta-feira, 19 de agosto de 2020

os dois lados da moeda [PANDEMIA]

 Então, é assim que é né? Quem existe sem os pontos de referências? ninguém parte do nada, e segue pro nada. Estamos aqui , seja lá onde estamos porque alguém, ou alguéns nos referenciou.


hoje eu olho pra minhas relações com homens e vejo o quanto de minha mão tem nelas. Seja para negação de tudo que ela fazia e defendia sobre relações, seja , muito anos depois, para afirmação disso. 

eu não conseguiria datar quando agi de que jeito, mas de fato minha vida foi basicamente os dois lados da mesma moeda. minha terapeuta tem razão. O problema disso, é não saber onde começo eu , e onde começa minha mãe. E logicamente , não dar conta do que é realmente uma escolha a partir do desejo que me constitui. Onde está Carla nessa existência? A boa notícia é que por um motivo de desconforto existencial, e cansada de fazer auto analise ha muito tempo, numa solidão extrema, eu decidi encarar o processo terapeutico e isso significa que estou em busca de mim, de vários jeitos. 


Foi muito boa a sessão de terapia hj. Foi pesado. Bem pesado. Boa parte da sessão falamos de como me toma essas notícias de violências sexuais com crianças, e eu fico devastada por tanto tempo, e completamente desorganizada. Hoje, depois de vários dias sem dormir por conta de tudo isso, acordei com dores musculares nas costas, fiz uma yoga , e senti que era isso, o peso dessa historia, me fazendo revisitar as minhas histórias, junto com a sensação de impotência diante de tudo estado precário que estamos vivendo nesse país de trevas e adoecimento coletivo. 


A saúde mental da população brasileira precisa de intervenção, rápida e urgente. 


Em fim, o fato é que estive moída no corpo de tanta revolta, raiva, e dor por causa dessa história. Estou melhor, mas sei que logo estarei pior de novo, pq esse país não dá um sossego. 


Enquanto isso, meus desejos tem me guiado, e eu tenho feito um esforço imenso para deixa-los me guiar, porém muito atenta a eles, para não criar uma emboscada para mim mesmo. 


"Estive cansado
Meu orgulho me deixou cansado
Meu egoísmo me deixou cansado
Minha vaidade me deixou cansado
Não falo pelos outros
Só falo por mim
Ninguém vai me dizer o que sentir"

terça-feira, 18 de agosto de 2020

é falta,amor ou vaidade? ou um não anula o outro?[PANDEMIA]

 e quando a gente ta certa da decisão que tomou , mas sente uma certa tristeza de constatar que é isso mesmo. O outro aceitou o fim. Foi simples e fácil. Nenhuma tentativa de fazer diferente, nenhum investimento em reparar a relação.

 O que vc esperava minha querida? Que ele mandasse um avião sobrevoar sua casa com uma faixa com a música de marilia mendonça?? 

pra que?

eu mesma me respondo:

ia mudar o que diante de toda situação problemática da relação? Sumiriam os problemas ? Vcs nos máximo viveriam uma lua de mel bonita até que tudo emergisse novamente. 


acorda mulher, cê tem mais o que fazer!


 ~Viva a terapia! 

domingo, 16 de agosto de 2020

Deus pode acabar com a vida de uma criança [PANDEMIA]

 Deus esse homem branco e cruel

Dono da verdade absoluta sobre nossos corpos. Deus autoriza famílias não protegerem seus filhos dos abusadores, pq isso poderia significar o fim das famílias. 

Deus permite que depois de anos de violência sexual dentro de casa, uma menina de 10 anos fique grávida. E isso será tratado como milagre, pasmem. Deus sabe o que faz. 

Deus é tão misógino, e raivoso, que entrara no coração de uma multidão para que transformem a vítima , UMA CRIANÇA DE 10 ANOS em uma criminosa. 

Deus esse homem escroto que nos faz precisar judicializar o direito de uma CRIANÇA DE 10 ANOS , de ser criança e não gestante de um filho fruto da violência máxima ao corpo de uma criança.

Deus, é miliciano, é covarde, é mentiroso,. Deus é ardiloso, pq não bastasse tudo isso, ainda rege os passos de seu batalhão, em direção ao hospital , e devasta a vida dessa criança, porque nada é mais importante do que palavra de Deus. 

Deus escolheu  marcar a vida dessa menina com seu próprio nome. Deus é mais.

Eu não quero viver no mesmo mundo que Deus. 

Quanto e como é sua vaidade? [PANDEMIA]

 Um dos processos mais dolorosos e constrangedores da terapia , é me deparar com minhas vaidades.

Quando percebo que faço uma escolha ou deixo de fazer por vaidade, sinto que falhei. O que espero de mim? Ser uma pessoa livre de vaidades? Não. Já entendi que não é possível, mas, sim,  entender quão libertador é entender como funciona isso para mim, e o quanto a vaidade sequestra minhas alegrais e complica minhas relações.


é um processo de reconhecimento, quase junto com a vaidade uma dose grande de orgulho se estabelece em minhas ações. Me preocupo quando me dou conta de que minha vaidade estabelece uma relação de orgulho em alguma situação, e que me vejo me machucando ou machucando alguém com isso. 


racionalizar nosso ímpetos pode nos ajudar a estabelecer melhores relações, mais honestas e mais reais.


Com isso estou longe de me livrar de minha vaidade e nem quero, ela também me protege em alguma medida. E me perdoo quando ainda me deparo fazendo escolhas equivocadas pq estão completamente imersas na minha capacidade de ser tóxica. 

O importante é que eu não fujo a reflexão e  auto análise e tenho tentado um caminho de mais honestidade e coerência. 

Ontem Exu e Ogun conversaram comigo, eu fiquei assim, me dando conta de tudo , de como Ogun tem um jeito muito específico de conversar comigo e me responder todas as inquietações. 

 

RG DESFACELADO [PANDEMIA]

 O estado tutela nossa identidade?O que significa aquele papel cheio de  letras e números? 

O carro subia naquela garagem, parece minha subjetividade, mil voltas, um enjoo, uma inquietação. mil coisas no orí fervendo. Exu ta comendo hj em minha casa. 

Eu danço, eu fervo, por dentro e por fora. Ela ta comigo, de algum jeito aquele papo de escravo e e serviçal astrológico faz sentido. Eu não sei nem por onde começar a analogia, pq onde quer comece, corta e sangra. 

o desfacelamento identitário começa muito antes do primeiro gole de gym , o alcool só torna caricaturável o que já é dado como certo.

E há muita coisa dada como certa.Num casamento de mais de 10 anos, pouco há de se  apostar não pq o outro n seja capaz de torna-se outro, mas pq o movimento interno passa a ocupar algo muito maior que a esfera material pode suportar, e ai a gente bebe e a gente dança  e a gente surta pra n surtar mesmo.

ahhhh (a respiração picotada.junta os pés e regula a respiração- volta a si)

Uma identidade desfacelada, representa exatamente o ir e vir , as curvas que a vida de uma mulher acaba fazendo, pq precisa. E a não linearidade que nos constitui, nos é muito útil nessa reencontro de si. 

Mas antes a gente rasga, descola, sangra, tenta recompor , cola, e solta de novo, e pensa por quanto tempo mais , essa identidade será aceita. Quando vão barrar e dizer: sua identidade desfeita não cabe mais. 

E aí, é a hora da volta por cima, é hora de levantar , é a hora que a chave vira , e somente a gente tem esse controle. Quando a chave vira, nada mais pode ser diferente do que o nosso desejo impõe. 


como vc se sente agora?

aquela pergunta q corta.




sábado, 15 de agosto de 2020

se deparar com o quase nada [PANDEMIA]

tinha vento

tinha mar

tinha vinho estrelas

tinha o cenário que um dia foi nosso

o lugar onde eu me refugiava com ele

e passou

fui acolher e ser acolhida , e jamais pensei na pior ou melhor da hipótese encontrar 

mas encontrei

e era como me deparar com o vazio

era só isso mesmo

tenho coisa melhor pra escrever 

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

um texto que não é meu, mas poderia ser [PANDEMIA]

Hoje preciso guardar aqui nesse meu enorme bloco de notas de sentimentos e sensações algo sobre meu encontro comum texto. É como se por muito tempo eu tivesse pensando solitariamente sobre um monte de coisa....e ai eu leio palavras de outra mulher pensando exatamente o que eu tenho pensado. E que imagino que muitas mulheres outras tb. 


E aí eu me dou ele de presente. É como um texto sagrado. A comunhão ao amanhecer. todos os dias. Meu bom dia e pra mim mesmo.  O meu elo de ligação com tantas narrativas, que se encontram no mesmo lugar: o adoecimento.

 

Esse texto rasga, todo homem devia ler ele, e compreender seu lugar no nosso processo de adoecimento. Segue:


Os homens que não amavam as mulheres 

por Laula Elisa


Ultimamente, ao ler e entrar cada vez mais em contato com feministas lésbicas eu passei a enxergar minha sexualidade por outra ótica, e passei a enxergá-la como um obstáculo à minha real emancipação. É incrível a lucidez das lésbicas pra falar de gênero, ou melhor, é incrível a lucidez de mulheres que se libertaram da manipulação e da necessidade de aprovação masculina pra falar de gênero.

 

Sou majoritariamente heterossexual, e com isso quero dizer que já me apaixonei por mulheres e sou aberta a envolvimento afetivo com mulheres, porém a maioria esmagadora das vezes que me apaixonei na vida, e a maioria de todas as minhas experiências até hoje foram heterossexuais. Não consegui ainda descobrir até que ponto a socialização feminina e a heterossexualidade compulsória, às quais fui submetida desde o nascimento, influenciaram a vivência da minha sexualidade. Acredito que essa descoberta seja um processo e, nesse ponto do caminho, me identifico como bissexual, majoritariamente heterossexual.

 

Ser uma mulher negra e feminista em um relacionamento hétero é um misto de incompletude, abuso, inquietação e culpa. É uma prisão que a minha consciência de que todo relacionamento heterossexual será, em algum nível, abusivo não me blinde de me apaixonar por homens. Cada vez mais em relacionamentos heterossexuais eu sou colocada diante de uma verdade dura que eu não queria realmente acreditar: os homens não amam as mulheres.

Não, os homens não nos amam, não são capazes de algo tão grande por nós. Não são capazes de se deixar por nós, de se abandonar, de abandonar seu lugar de privilégios por nós.

 

A assimetria que eu enxergo nos relacionamentos heterossexuais é perversa: os homens são socializados pra independência, pra manipulação e pro abuso; e as mulheres, pra dependência, pra carência e pro perdão, assim os dois lados se completam em prol da manutenção do domínio masculino. Essa assimetria é cruel porque faz com que as mulheres se deem muito fácil, faz com que perdoem sempre tudo e que sempre carreguem sozinhas o fardo da manutenção do relacionamento. Ao mesmo tempo faz com que os homens ocupem a posição de conformidade, de “errei de novo, mas me desculpa, sou homem, estou tentando”, o homem se sentirá suficiente, sentirá que já está fazendo muito por apenas tentar e nos manipulará todo o tempo para acreditar que nós é que somos muito difíceis e exigentes. Aqui é importante destacar que ele não trabalhará sozinho nessa manipulação, contará com forte e indispensável ajuda da sociedade patriarcal que, à todo tempo naturaliza abusos em nossa cabeça e faz com que sintamos culpa por não aceitá-los.

 

Cresci, como muitas meninas, envolta em um ambiente familiar em que observei acontecerem muitos relacionamentos abusivos à minha volta, e foi a partir dessa observação dos abusos cotidianos da vida conjugal que hoje eu entendi o lugar que acabei ocupando dentro de relacionamentos abusivos. Cresci vendo minha mãe, minhas tias, vizinhas, perdoando, sempre e sistematicamente se anulando e aceitando abusos em nome da manutenção de um relacionamento que não era bom pra elas, mas quem eram elas sem um homem do lado? Nós temos medo da solidão, e por isso nos submetemos a tudo, porque nos ensinaram que nada pode ser pior que estar sozinha. Para a sociedade patriarcal uma mulher solteira e que distoa, em algum nível, dos padrões impostos de beleza e feminilidade é a materialização do fracasso e da infelicidade. Sim, é essa a resposta: suportamos e mantemos o que não queremos por medo.

 

Hoje acredito que aprender a lidar com a solidão talvez seja a única ferramenta efetiva contra relacionamentos abusivos. Aprender a ser só não é uma arma com a qual sou capaz de enfrentar o patriarcado de peito aberto e sair ilesa, mas um escudo com o qual posso alterar minha realidade individual. Estar só nos traz consciência, discernimento, traz força e coragem também. Estar só me trouxe o discernimento de quando o relacionamento é bom pra mim, ou não, me trouxe consciência de que a minha solidão não é um fracasso, de que não preciso anular quem eu sou e me submeter a abusos para estar bem comigo mesma. Minha solidão é um processo de resistência à cultura patriarcal de domínio e de abuso masculino sobre meu corpo e minha humanidade.

Aprendemos desde cedo que a mulher é quem deve prezar pela manutenção do lar, a qualquer custo, a custo da própria liberdade, dos próprios sentimentos e saúde emocional. Crescemos aprendendo que a mulher deve ser tolerante, que devemos “segurar o homem”, que devemos ser flexíveis e aceitá-lo como ele é porque “homem é assim mesmo”, que devemos ter saúde emocional e paciência além da conta pra aguentar “a natureza selvagem e viril do macho”.

 

Eis aí parte da desgraça da feminilidade.

 

A nossa desgraça é bonita, a gente aprende a confiar e a perdoar muito facilmente e isso é bonito, tudo isso é, na verdade, super bonito. Tudo isso que a gente sente, toda essa nossa capacidade de amar, de se dar é de uma confiança absurda. Nós compartilhamos com os homens a beleza da nossa desgraça e acreditamos que eles podem entendê-la, acolhê-la, que podem nos amar. Nós damos aos homens uma confiança que eles não merecem, e lhes dedicamos um amor de uma grandeza que eles não tem a capacidade de valorizar. Acreditamos, sempre, e de novo, e outra vez, que tudo pode ser diferente, há uma beleza nessa inocência, uma beleza cruel, uma beleza perversa, uma beleza que sangra e que nunca cicatriza.

 

Uma coisa que eu aprendi é que os meus sentimentos e minha desgraça, nada disso nunca vai estar acima do privilégio masculino. No fim os homens sempre vão agir se priorizando, foi o que eles aprenderam a fazer, e a gente sempre vai agir se secundarizando, é o que a gente aprendeu a fazer. A manipulação masculina se apresentará de formas sutis: frieza, chantagem emocional, silêncio. E, se não estivermos atentas, nosso amor servirá à manutenção do patriarcado, e a manipulação masculina será capaz de inverter o sentimento de culpa sempre pro nosso lado.

 

O “amor” masculino precisa da nossa obediência, subserviência, da nossa submissão e servidão sexual pra se manter. O “amor” masculino é muito necessitado da nossa objetificação, consequentemente, da nossa desumanização. O “amor” masculino é algo muito despreocupado com o nosso cuidado, com os nossos sentimentos. O “amor” masculino é extremamente volátil e egoísta, é algo capaz de sumir num passe de mágica em nome da manutenção dos próprios privilégios.

 

E foi nesse processo de vivência de todas as nuances em que pode se apresentar o abuso e a manipulação masculina dentro de relacionamentos heterossexuais, que eu por fim entendi. Entendi que devo matar essa beleza dentro de mim, devo resistir à feminilidade que me foi imposta e me colocar sempre em primeiro lugar. Devo me priorizar, me ouvir, estar atenta aos meus sinais. Devo parar de me preocupar com os homens de uma forma que eles jamais serão capazes de se preocupar comigo. Dentro de um relacionamento heterossexual, devo ser mais egoísta, devo reverter grande parte do meu cuidado com o outro em auto cuidado. Devo ser “complicada” “difícil” e “exigente”, porque tudo isso é por mim.

 

Um homem que quisesse nos amar deveria entender tudo isso, deverá entender que a assimetria socialmente imposta pede como resposta que tentemos construir, em esfera micropolítica, um relacionamento contrariamente assimétrico. Devemos resistir aos comportamentos padrão de feminilidade e masculinidade para tentar tornar a relação homem-mulher não-sistematicamente abusiva. Os homens deverão sim priorizar sempre o que a gente sente com relação ao que eles fazem, e não sempre jogar de novo nas nossas costas o peso e a responsabilidade de lidarmos sozinhas com as nossas inseguranças.

 

Isso não é amor, isso é egoísmo , isso é controle e isso é domínio masculino.

 

 

 

 





terça-feira, 11 de agosto de 2020

Subserviência emocional [PANDEMIA]

 ~Estar atenta a todos os movimentos, de lá, que reverberam cá. E movimentar-se também, conforme a melodia.

Me dei conta, de novo, como a subserviência afetiva e emocional nos custa caro. Já tem um tempo que defendo que as separações são muito doloridas porque não sabemos construir o final de nossas relações. Deixamos chegar ao esgotamento, a impossibilidade de diálogo e manutenção do afeto, quase sempre.

Dói demais mesmo separar, porque sabemos que um projeto de vida está findado, e não só isso, que já é dor demais, mas quase sempre sabemos que ali finda também uma trajeto de companheirismo, de amizade, de ter com quem trocar e dividir. [Estou aqui falando de relações minimamente saudáveis. Pq sim, tem algumas relações que a gente só chora pelo tempo que se demorou nela e se puder nunca mais ouve falar o nome da criatura.]

Passei a pensar na construção desse fim, como possibilidade de transformar o sentimento centralizador naquela relação em sentimento outro, também de companheirismo, amizade e afeto. 

Hoje percebo que isso é um movimento também de subserviência emocional. Primeiro porque isso é uma demanda quase sempre solitária, não percebo os homens que me envolvi se movimentando nesse sentido.  Tem muitas coisas aí:  as minhas marcas subjetivas da dificuldade de ir e deixar ir de uma vez, e também as marcas do outro de preferir ir logo, de uma vez pra sempre, e simplesmente não pensar nisso.

Com o pai de meu filho fui no meu limite , estiquei o fim da relação por mais 3 anos, e foi bom, durante esses três anos, organizamos nossa vida principalmente para garantir o minimo de organização estrutural para nossos filhos,e para ficarmos bem. E conseguimos nos manter minimamente afetuosos um com o outro, até viajamos juntos .... e rimos de nós. 

Porém isso me custou bastante emocionalmente,


Na última relação, por mais que ele tenha vivido todo meu movimento com o pai de meu filho, por mais que tenhamos conversado sobre isso (eu falando e ele ouvindo)  e que eu entenda que cada um lida de um jeito e tem seu tempo de elaborar as coisas. Penso que isso isso também de me dá o direito de não querer funcionar do jeito possível para ele. 

Num movimento de cuidado com ele, e de entender suas marcas, construí o fim da relação como sempre fiz, sozinha. E dando meus sinais sobre o rumo disso. Quando o tempo chegou, tentei de todas as formas suavizar a perda, tanto para mim quanto para ele. Arriscar um contato cuidadoso, e quem sabe ate um minimo de relação. 

O que acontece é que estou falando de uma pessoa completamente imatura emocionalmente, com histórico de relações superficiais, e sem a menor condição de manejar suas emoções. 

Além de se tratar de uma pessoa MUITO auto centrada.Com muita dificuldade de olhar para si, o que significa dizer quem em todos os conflitos que eu o vi se meter durante nossa relação, nunca , jamais o vi reconhecer sua cota de responsabilização, apesar de eu forçar muito a barra para ele se enxergar, a culpa era sempre do outro. Seja qual fosse a situação. Na melhor das hipóteses por motivos espirituais (de inveja , olha só a treta vinha pra ele...tipo as tranças de Rapunzel).


Cheguei no meu limite da exaustão emocional, quase sucumbi a loucura em sua pior forma.


Ainda assim no fim, eu quis ficar bem, eu tentei ganhar esse espaço: 

SUBSERVIÊNCIA EMOCIONAL INCONDICIONAL

Ontem no dia de TEMPO, eu recebi mais um lembrete de porque jamais daríamos certo por mais tempo, a criatura sofre de Síndrome da Arrogância pela Superficialidade .

Uma criatura que mal consegue sair da casca de nenhum assunto. E quando consegue uma casca mais durinha de se quebrar, se torna dono de toda verdade universal. Parte disso é composta pela auto estima delirante da masculinidade. Outra parte é do complexo de inferioridade que lhe acompanha e que entendendo do q se tratava, tive muita paciência, fui muito subserviente. Deixando-o inclusive se apropriar de ideias minhas para que ele se  sentisse mais perto da profundidade.

Isso não é uma queixa minha, isso é dado de realidade da maioria das ex-namoradas dele, isso quem confirma isso é a rede que vem se formando de mulheres que trocam informações sobre os homens, para que a gente  antecipe possíveis  situações e tenha direito de escolher arriscar nossa sanidade ou não.... 

Muito cansada disso, entendi que estou me colocando num lugar muito escroto. Decidi que eu que não quero conviver com isso  de jeito nenhum eu que não quero ser subserviente incondicional de ninguém. 

Eu não preciso disso. Inclusive eu terminei com essa história amorosa porque eu não queria mais lidar com isso. Porque mesmo eu devo ir atras disso agora em um outro formato? Que sentido tem isso?

A pessoa me dá todos os sinais que quer se afastar pelos motivos dele. eu respeito, e quando falo tento ser respeitosa, cuidando do nosso momento de afastamento e com carinho pelo que vivemos, apesar de toda irresponsabilidade dele para comigo. O cabra me tira das redes sociais, mas me mantem no zap, quando fala comigo não me pergunta se tô bem, se preciso de algo, fala como se tivéssemos continuando uma conversa de ontem, despeja seus projetos, seus problemas, suas reflexões aleatórias, e de vez em quando ainda me da umas patadas desnecessárias e desproporcionais, fazendo questão de demonstrar uma certa frieza ao falar comigo.....jamais fala de como ta esse fim, de como tem lidado com isso, muito menos pergunta nada sobre isso pra mim. OI? Sério Carla que cê ta buscando isso pra você? 

Eu não quero. Eu serei autora dessa decisão, eu tomarei as rédeas disso. E fim.

Eu preciso dar um basta nessa subserviência emocional, se nem o amor por ninguém há de ser incondicional, porque esse excesso de cuidado com o que não depende só de mim?

A melhor coisa de viver de forma minimamente coerente com nossas concepções e ficar tranquila sobre ter feito tudo que podia.


Outra lição muito importante para mim: as doenças subjetivas de um casal precisam ser conciliáveis, caso o contrário, será enlouquecer alguém.