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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

aquariana venusiana

raiai,

eu fiz meu mapa astral
o karmico
aquele de verdade
q alguem estuda
e passa 3 hs falando sobre vc
to meio preterita c as assertvidades
vou transcrever ele todo e guardar
para todo o sempre


aquario
leao
libra
capricornio


mizerê

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

ansiedade

depois de muitos anos sem crises de meus adoecimentos psiquicos,  tive o desprazer de revivê-los.
Eu sou ansiosa, e isso não faz de mim uma pessoa doente. A depender das demandas da vida tem dias que as vezes é mais dificil dormir, tem vezes que acordo no meio da noite. Mas quem nunca ne? Nao precisa de cid nenhum para se ver nessas situações.

O negocio é quando o negocio vai pro corpo;

Eu nem sei se consigo descrever o que foi a ultima crise pesada que tive. Depois dela tive micro crises. E depois segurei minha onda ate onde deu pra que ela não me tome mais. EU sie que é uma ilusao de que eu to conseguindo segurar. EU sei que se nao cuidar disso uma hora vai dar merda grande.

eu to a beira de um precipício psíquico.

Eu acho que o que aconteceu comigo foi a avalanche de experiencias intensas dos últimos anos: separação , nova relação, problemas na nova relação, reorganização da vida financeira em torno disso tudo, insatisfação com trabalho, incompatibilidades com candomblé x fé, período eleitoral, militância, bolsonaro presidente, judicialização da guarda de minha filha, noticias de rede social.
relendo tudo isso, eu realmente tive  muitos gatilhos ativados pra chegar onde estou, e aé que estou bem , pela quantidade de merda que to tendo que enfrentar.

e quem ta perto nao entende, imagina quem ta longe, e pega os recortes disso, eu sou uma louca né?

em fim,

sentir aquilo foi muito ruim, a sensação de morte , de infarto, a tremedeira, o choro incontrolavel, a falta de ar desesperadora, um afogamento.

E u estou medicada, e estou em analise, e eu vou ficar bem
pq eu sou eu
bloqueada ou nao

domingo, 15 de setembro de 2019

Afetividades dissidentes

Aquela coisa de sempre. Desestabilizar as estruturas. Desnaturalizar as normais.
Porque? por as normas naturalizadas oprimem, tornam abjetas outras formas de ser, existir, pensar e agir.
Qualquer tentativa de defender uma forma de dominação é a mais contundente prova de seu interesse em se manter dominadora e que ela, apesar de se manter de pé através da naturalização, nada tem de natural.
A monogamia é isso. Um estrutura de dominação. uma norma. Tal qual heteronomatividade, cisgeneridade, a branquitude, o  machocentramento.
É bom que isso seja dito com todas as letras. E como todo projeto de dominação, se estrutura no capital, a serviço do mesmo.

A ideia do amor verdade, do único, daquele que suporta tudo para manter o status de 50 anos de casado, é uma falácia. Não exatamente o amor, mas a ideia de que somente o amor mongamico é possível e é verdeiro.
Gosto muito de usar a imagem da afetividade entre amigos. Quantos amigos vc tem? Vc consegue se relacionar simultaneamente com vários? Consegue dar atenção, ter as coisas que gosta de fazer com cada um , estar disponível para todos eles com uma certa organização lojistica?

Essas inquietações sempre me atravessaram, agora venho amadurecendo essa noções, sistematizando e organizando elas. tem acontecido quase como forma terapêutica tb. Porém, ser mulher e se sentir atravessada por isso, é sempre diferente do que é ser homem. Assim como ser uma mulher branca vivendo afetividades é sempre diferente do que como é ser  para uma mulher preta.

Enquanto mãe, tenho questões especificas que me atravessam. me convenci por um tempo de que é dispare uma relação não monogâmica entre um homem e  uma mulher que tenha filho, porque dentro da logica machista , o homem e sempre terá mais disponibilidade temporal e organizacional de vida para se apaixonar e viver essas paixões. Mas aí ontem eu ouvi de uma mulher transativista , que a monogamia nunca protegeu ela de violências , de preterimento, de transfobias, e aquilo me atravessou. A monogamia igualmente nunca me protegeu da disparidade da forma como preciso lidar com o tempo dividido entre minhas questões pessoais e a criação de meus filhos. O problema aí não é ser monogâmica ou não -mono. O problema aí é a desgraça do machismo.

Então hoje eu não tenho mais argumentos racionais para sustentar minha pouca condição de lidar com uma relação nao-mono. Eu nunca na vida consegui estabelecer uma relação honestamente não monogâmica porque para mim é difícil, difícil em muitos aspectos. Racionalmente tudo faz muito sentido para mim, muito mais do que a relação monogâmica, e tenho plena convicção de que o que não faz sentido é pura estrategia de manter as coisas dentro da confortabilidade de não mexer nas feridas.

Sim, possivelmente isso tem a ver com a falsa sensação de que a monogamia pode garantir alguma segurança emocional que me faça suportar melhor meu medo de abandono, e preterimento.
Ja me dei conta de algumas coisas. Todas as vezes que propus uma relação não monogâmica ----isso que eu vou escrever é muito louco----  em minhas relações,apesar de ser completamente convencida pela racionalidade do sentido que tem a não monogamia, toda vez eu fizisso por medo. Fiz na tentativa de suportar lidar com o possível abandono que para mim estava ja dado como certo. Ou seja, minhas tentativas de estabelecer relações abertas estão diretamente ligadas ao medo do abandono.
E ai eu sei construir toda uma linha argumentativa para defender a nao monogamia, porque de fato é muito mais honesta e

Eu sei, va pra terapia filha.

eu fui, e vou, e to olhando para isso, tanto que estuo aqui assumindo minha fragilidade e a complexidade que é tudo isso para mim,e imagino que muita gente que se questiona sobre seus desejos, e possibilidades afetivas.
Não sei exatamente o rumo que devo tomar sobre isso, mas sei que pelo menos estou em vias de apaziguar a relação entre minhas sensações, meus danos subjetivos e a racionalidade.

acho que é um bom caminho.





segunda-feira, 12 de agosto de 2019

carta de tarô

a carta de taro me disse pelo 'istorie' da cantora: vc ainda tem coisas muito importantes para resolver aqui, tem frutos para colher, e a hora de ir vai chegar, e vc vai saber a , pq vai chegar numa grande noticia.

eu poderia não acreditar nisso, esse é o caminho mais esperado de mim, mas eu odeio obviedade, e resolvi dar ouvidos a ela.

e vou pacientemente tentar fazer tudo pra isso aqui ser o melhor para mim
enquanto a noticia não chega
e logico,
eu sempre me dou meus prazos

minha negociação em todo tempo do mundo é sempre comigo


tudo tem estado muito bem por aqui, por dentro melhor do que por fora, isso é o q chamo de uma boa fase.





quinta-feira, 8 de agosto de 2019

insubordinada, petulante

nos últimos 7 anos de minha vida tem sido recorrente alguém se referir a mim  como insubordinada, insubmissa e petulante.
Entendo bem o que isso quer dizer. De fato tenho sido tudo isso. Prendi ao longo das minhas vivencias que a docilidade é algo esperado de um corpo dócil. Meu corpo tem sido muito pouco dócil. Desde que me des_domestiquei, eu tenho percebido a importância de deslocar esse meu papel social.

A docilidade só meu causou estragos.

Todos os homens que me violentaram fizeram isso confiantes em minha docilidade, todas as pessoas que de alguma forma tentaram de me atropelar, não foram muitas, foi confundindo minha docilidade com permissividade, passividade, a até apatia. Desde Ogum ocupou seu espaço em minha vida, a guerrilha começou dentro de mim, e tenho conseguido aprender a ser estratégica. A minha vida espiritual é diaspórica, e meu sentimento de insurgência vem de minha ancestralidade.

os tempos estão difíceis, e tenho cada vez mais dispensado a tal da docilidade.

Dia desses tive a honra de ir ver o o Cacique Babau, no evento diálogos contemporâneos, e hoje ao ler um texto sobre a culpa da branquitude, tentei pensar no que sinto sobre fazer parte desse projeto de dominação, e percebo que venho a me construir constrangida . A

 Cacique Babau,Que homem do caralho!  Fique completamente tomada por tudo que ele disse, anotei muita coisa, mas algo que ele disse em especial me atravessava naquele momento, em que faço reflexão sobe a colonialidade estruturante do candomblé.

A forma como o candomblé enquanto religião se estrutura, se organiza com relações de poder muito bem postas, e hierarquização desse poder, reafirma uma logica que muito me preocupa.
Ora, se vivemos tempos tao difíceis, onde a insurgência se faz urgente , onde precisamos gritar pela desobediência civil, principalmente , ao que se refere aos quilombos, terreiros , assentamentos e aldeias de povos originários, se desobedecer faz parte de uma estrategia de sobrevivência dessas populações, como podemos acreditar em doutrinas de subordinação do outro?

O que questiono aqui não é nada alem da estrutura de dominação colonial.
Enquanto Ekedji confirmada para o senhor guerreiro, aquele orienta nossos caminhos, eu não posso jogar fora a capacidade critica que este senhor me possibilita.

Cacique Babau me chamou atenção ao dizer: como seremos um povo de resistência, de guerra, de desobediência, se tudo que ensinamos em nossas estruturas de poder, seja indígena, quilombola, e de religiões afro-brasileiras, são estruturas de não questionamento ao poder soberano e inquestionável?

Como podemos acha coerente que nesses tempos de lutas a gente clame por justiça e garantia de nossos direitos básicos, se educamos gerações inteiras para não questionar?

O que seria isso se não corroborar com a politica de silenciamento e perpetuação de uma logica dominante? Como estaremos fortemente armados contra os projetos de dominação, se nos desarmamos de criticidades. Se ensinamos a docilidade?

Sei que a branquitude é uma desgraça q tudo que toca destrói.

 Sei que me calar diante disso é me colocar mais uma vez no lugar da opressora, que não quero ser, mas que independente de meu querer, minha própria existência é resultado de racismo e colonialidade, essa é a minha história. O que farei com ela é que vai fazer diferença.
Estou convicta que a forma como o candomblé se organiza não é fundamento de orixá, é fundamento de colonialidade, é possível dentro do candomblé dar um giro colonial na perspectiva de obediência e preparar o povo negro para  luta contra a branquitude, entendendo a integralidade do sujeito, não há fé sem matéria, não há matéria sem fé.

É muito difícil pensar fora da estrutura da colonialidade, para mim que sou branca, ou para minha irmã é que preta. Mas precisamos estar atentos.

Eu sei que de tudo isso, e não posso não registrar aqui o quando eu desejo quebrar todas as estruturas que sustentam isso, e o esforço que tenho feito para ser cuidadosa e dentro da minha problematização não estar reproduzindo uma logica opressora também, eu tenho tentado, muito profundamente pensar em formas de cuidar de meus santos , de minhas energias, cumprir meu papel dentro do axé sem reproduzir essas estruturas, ou pelo menos fazendo micropolíticas que desloquem esse lugar.

tem sido doloroso, cansativo, e me demandado um tempo grande leitura e reflexão, mas eu sei que preciso usar meus privilégios coloniais para desbancar alguma coisa dese projeto, a começar por mim.

é luta
é  fogo de ogum
é água de oxum
é amor de oxalá


quarta-feira, 3 de julho de 2019

sobre voos -a viagem das mulheres

era uma coisa remota. sem dinheiro, so uma possibilidade de  hospedagem.
aquela estrada, aquele frio, aquele ar puro, aquele visual... era tudo que eu precisava. eu achava. dai veio a possibilidade se materializando, de repente um carro disponível, uma parceria pra dividir a gasolina, uma grana que apareceu pra viver minimamente, o desafio era: 8 horas de estrada. Sem ninguém para dividir a direção. me lembrei que todas as vezes que estive naquele lugar um homem havia me dirigido ate la, seja um um boy amigo,um bofe, um motorista de ônibus, eu nunca havia pensado na possibilidade de me levar literalmente aquele lugar que era tao cansativo, perigoso para  uma mulher ir sozinha.

Pronto, o desafio foi-me dado, eu tinha tudo para encarar ele, e muita vontade de saber se eu precisava mesmo ser levada. Nunca havia dirigido por tanto tempo, num carro meio em condições incertas e um tanto desconhecido para mim.

enchemos o bagageiro e o tanque, e la fomos nos, três mulheres, só eu dirigia, uma delas minha filha , era uma responsabilidade imensa aquelas vidas, mas a responsabilidade ainda maior era me deparar com minhas possibilidades sempre negada a mim. 

Encarei, fiz ultrapassagens de veículos longos, aprendi a fazer isso muito bem, fui e voltei, foi maravilhoso. estar la eh sempre incrível, la eh onde me reencontro, onde me resgato, onde uma parte linda de mim reaparece, onde fico mais bonita, mais leve,onde posso estar como quem sou cem por cento, quase seria o lugar perfeito para mim, se esse lugar existisse, só que o lugar perfeito para mim eh o movimento. Por isso chego a conclusão de que por hora não, não tenho vontade de morar la, a menos que algum projeto de trabalho muito grandioso me possibilitasse essa experiencia, mas ir apenas pq la eh meu lugar não eh suficiente, pq não ha lugar certo para mim... complexo e contraditório como tenho me construído ao longo da vida. 
sim me vejo uma velha num lugar como aquele, talvez nao exatamente aquele, pq daqui ate la ,aquele lugar ja nao sera o mesmo, mas um lugar daquele jeito, que me faça sentir como quando estou la. 

eu encarei o desafio de ir ate la, o caminho foi o mais grandioso, o percurso desde a elaboração da possibilidade de ir, ate a concretização dela, e a execução. 

Eu fui e voltei caralho, eu me levei pra la, eu sozinha, que belo exemplo dei para minha filha, ela pode. Foi uma viagem e tanato pra nos duas que não ficávamos juntas sozinhas por tanto tempo ha pelo menos o tempo de existência de joão, dez anos.

deslocar minha subjetividade tem sido minha maior aquisição, me provar que consigo as coisas, retomar as rédeas de mim, me perceber capaz do que sempre me foi negado. 

cada mulher que se liberta, liberta muitas outras

sigamos, nas conquistas da nossas possibilidades, e principalmente, o que determinam a  nós como impossibilidade

 e como santo não conversa, age, eu que fui com medo de ta faltando uma função no meu terreiro, bem no dia que devia estar la, estava no terreiro do meu lugar, a casa de oxossi, recebendo as bençãos do dono daquela imensa casa.
























quinta-feira, 2 de maio de 2019

Não se demore

Eu demorei muito tempo pra conseguir entender pra conseguir falar disso.
E as vezes pra quem escuta que o amor não é o que segura uma relação, bate como uma banalizacao do sentimento, pra mim é justamente o contrario. 
A real é que essa história de que quem ama supera tudo tem fodido a cabeça de muita gente.
Sair dessas trevas  do amor romantico me tirou o peso de sustentar a todo custo relações que simplesmente não rolavam pq com o passar do tempo  seguimos caminhos incompatíveis, onde a maior parte das vezes uma pessoa ta puxando a outra, pra uma onda que na verdade nao é a dela, por N motivos. Isso adoece tanto quem puxa quanto quem é puxado.
Muita relação começa a se estabelecer abusiva extamente nesse nó aí.

Quero não.





_ logo mais vou escrever sobre isso, to num momento propicio para, so q to sem computador e digitar pelo celular eh ruinzao_

corre, Carla, corre.

" e daquele amor de musica ligeira..."

cá estou sentada num computador, durante uma aula extra das crianças que dou aula, pensando no que esta por vir. É tão estranho como eu me sinto nessas fases de transformação, é como se ao mesmo tempo eu estivesse cheia de expectativa pelo que está por vir, logo, vem o medo, mas junto com isso, uma certeza incrível de que vai ser sempre o melhor. isso deve ser fé.

eu to cheia de gás, sei que dias difíceis vão chegar, dias em que o medo vai quase me paralisar, mas eu to fazendo a minha caminhada, e viver é risco constante, eu sei qeu quando eu passo pelas coisas eu passo, e posso olhar pra tudo com a tranquilidade de quem fez o que tinha que ser feito.

Essa é a vantagem de ser uma pessoa intensa, eu realmente entro na historia, se é um trabalho eu me entrego, eu não tenho hora para trabalhar, eu quero estar ali, vibrante, produzindo, se é fé, eu me jogo no chão e bato cabeça , e choro nos pés de Ogum, que é quem enxuga a s lágima s que minha mãe oxum ajuda a liberar, se é uma amizade, sou toda dela, faço o que da possível e impossível, se é militância, respiro, sofro, luto, enfrento, aprendendo aos poucos a me respeitar mais nesses processos, e se é amor, ai gente, se é amor, eu caso amanhã, coma urgência de todo o amor.  Meu nome é entrega. Pq se não for pra ser a vida,a vida é uma mentira, e ela passa tão rápido, eu ja tenho quase 40 anos, ha mais de uma decada vivo coisas e escrevo aqui, e um dia quero que meus filhos possam saber mais de mim, e talvez seja por aqui, e que eles saibam que a vida é isso mesmo, que não adianta ter medo, que se vc não passar por ela com toda energia possível, ela passará por cima da gente, com toda energia que topar vir.
Eu agora to na fase que nada tá no lugar que deveria estar , e isso é delicioso, porque há uma infinitude de possibilidades pela frente,

a unica coisa que eu não posso deixar ser , é o nada.

vamos seguir, a gente aprende tanto né?: mesmo quando nada foi como tinha que ter sido, mesmo que a decepção chegue, em qualquer âmbito. Outro dia eu vim aqui falar de uma irmã em situação de violência, hj eu sinto que ela ainda está longe de estar curada, mas ta saindo do afogamento com vida, buscando ar, e conseguindo encontrar.
vamos seguir

e vamos sorrir
que somos e temos
muito pela frente



Eu às vezes fico a pensar
Em outra vida ou lugar
Estou cansado demais
Eu não tenho tempo de ter
O tempo livre de ser
De nada ter que fazer
É quando eu me encontro perdido
Nas coisas que eu criei
E eu não sei
Eu não vejo além da fumaça
O amor e as coisas livres, coloridas
Nada poluídas
Eu acordo p'rá trabalhar
Eu durmo p'rá trabalhar
Eu corro p'rá trabalhar
Eu não tenho tempo de ter
O tempo

sábado, 20 de abril de 2019

ver um homem matar uma mulher

Quem já viu um homem matar uma mulher ? 
Eu tô vendo.

Ver uma mulher morrer  é das coisas mais desesperadoras do mundo. 

Há quase dois anos ele decidiu matar ela. Ele odeia ela. Odeia muito, talvez mais que todas as mulheres que ele tenha odiado. Talvez por que as outras ele conseguiu matar mais rápido. 
E agora ele descobriu o prazer que é quando demora de matar.

Há dois anos ele surgiu num cavalo branco. Eu vi os olhos dela brilharem, eu soube por ela, que era um grande homem. Ele cantava as musicas que ela gostava, ria das coisas dela, fazia as propostas que ela gostava, topava tudo que ela queria, ele dizia que pensava igual a ela, ele dizia que ela era a metade dele. E ela sabe que merecia um amor desse.

Um dia ele veio, quase me puni porque ele era muito diferente do que ela dizia dele, e eu achei ele péssimo. Ele nunca me enganou, eu sabia que ele acabaria com ela, ele tinha todo perfil de agressor de todas as literaturas e relatos de mulheres agredidas, ele era a cara do meu agressor. Simplesmente sabia. Eu não podia fazer nada. além de tentar dizer as coisas suavemente, sob o risco dela fugir de mim.

Ele manipulou, ele mentiu toda a vida dele, ele forjou uma realidade, e entrou na vida dela, na casa dela, com os filhos dela. Ela tinha casa, uma rotina, uma paz, ela tinha sonhos, expectativas, ela tinha projetos, ela tinha chegado longe, caminhado muito de onde ela vinha, ela tinha orgulho de si, de sua historia, de tudo que conseguia ser para os filhos dela.

Ela ria alto, ria mil vezes da mesma coisa, aumentava as histórias para ficarem mais engraçadas, e todas as vezes que lembrava de alguma coisa, ria de novo, como se fosse a primeira vez. Ela gostava de contar historia da vida dos outros, mas gostava mais ainda de ouvir, e daquelas historias saiam outras, e a manhã logo chegava de tanta historia. Eu sempre fumei mais do que ela. Ela fumava para me acompanhar, parava sempre antes de mim, e ficava tranquilamente sem o cigarro. Ela bebia e ficava engraçada, ainda mais. 

Ela era daquelas mulheres fortes, que qualquer um teme de confrontar. Inteligente, sabe muito de gente. 
Ela vinha pra minha casa, só pra gente rir. E criar mais motivos pra rir das outras vezes, e ai a gente subia, descia, aprontava nossas inocências, e descobria coisas em nós, descobria o que nos fazia mal, e debatia sobre o mal que os homens ja tinham nos feito, e como tínhamos nos tornado mulheres incríveis. 

Ha um ano, depois de várias violências psicológicas, começaram as agressões físicas. As mentiras dele foram descobertas e ela entrou de vez no jogo dele. Ela não conseguiu mais sair disso.

 Eu vi ela começar a morrer, o olhar ficar vazio, seco, fosco, os motivos das risadas desaparecerem, o cigarro aumentar, os planos eram todos descobrir as outras mentiras dele, o que mais havia de errado nele, qual o problema que ele tinha pra ser todo errado daquele jeito. E repetir todos os dias que sentia pena de seu agressor. Ela agora tem medo, vergonha e confusão subjetiva sobre o que ela é, e o que ele veio fazer nada vida dela.

Agora, os projetos dela, eram ele. 
Todos. 
De um jeito ou de outro ele era o centro da vida dela. 

Eu vi os filhos dela virarem a outra parte da vida dela, aquela parte que ela já não dava mais conta, aquela parte que outras pessoas precisam entrar na historia pra proteger, porque visivelmente ela não está mais conseguindo. 

Infelizmente eu vi a primeira agressão, aquela que é 'só uma coisa de casal'. Alí era a gota d'agua. 
Mas ela já estava morta, mortos não reagem.

Depois disso foi só mentira, fuga, tentativa de driblar a realidade, vindas a minha casa pra tentar sair daquilo , agressões no meio da rua, e nada, nada, de conseguir reagir. Mortos não reagem. 

Lá de onde ela vem, as pessoas ao redor dela parecem acreditar que tudo esta sob controle, parecem que nada leem sobre homens que matam mulheres, todo mundo ta meio doente junto, e querendo acreditar que já acabou, mas nunca acabou. 

Sim, ela já foi para polícia. Sim, eu já disse com todas as letras tudo que eu podia dizer. Sim, eu já ofereci minha casa, meus cuidados. Eu já não durmo tranquila ha meses, 

Eu to vendo a mulher mais resiliente e corajosa do mundo morrer, em todos os sentidos, 

se mata uma mulher muito antes de dar fim a vida dela, 
e hoje eu escrevo esse relato para dizer, que uma das minhas irmãs esta morrendo, e eu to assistindo, e a unica coisa que eu posso fazer e deixar essa carta, para que com o pouco de vida que lhe resta, ela consiga lembrar quem ela era e tudo que vem acontecendo desde junho de 2017, quando esse homem decidiu mata-la. 

essa é minha tentativa de conseguir de algum jeito, fazer uma respiração boca a boca, e tentar sentir a mão dela pegando na minha e que a gente se levante junto, pra fazer a vida ser feliz de novo, que nossas risadas voltem a acontecer, que seu brilho no olho volte , e quero dizer a todo mundo, que estou desesperada vendo uma mulher que eu amo morrer, infelizmente, me preparando pra pior das noticias a qualquer momento.

ELA PRECISA SAIR DA CIDADE, URGENTEMENTE. PRECISA SEGUIR COM PROCESSO CONTRA ELE, E SAIR DA CIDADE, ABANDONAR TUDO PARA SOBREVIVER. 

Eu não sei mais o que fazer. Eu posso estar toda errada de escrever isso, mas eu não sei mais como evitar que ela seja a próxima mulher a virar dado de feminicídio,  e ver de perto que todo dia isso ta mais perto de acontecer, é a pior morte que eu tenho que lidar. 


Levanta irmã, eu to aqui. 









terça-feira, 2 de abril de 2019

é meu

eu estou fazendo um projeto
ele é meu
eu pensei nele
eu to desenvolvendo e executando ele
estou bem animada
pq tem sido todo meu
eu tenho amado ele
eu não paro de olhar
de mexer
de mudar
eu não posso dizer muita coisa sobre
pq isso tb faz parte do projeto
mas é tao bom ter algo meu
uma produção
com minha intelectualidade
sensibilidade
analise

onde eu não tenho compromissos nenhum com nenhum tipo
de avaliação

de nada
só se eu quiser transformar isso em algo avaliável


eu to bem feliz
tem sido minha linha de fuga
e ja tem uma caminho bem bonitinho, de flores e espinhos
como tem que ser




quarta-feira, 27 de março de 2019

abrir mão

abrir mão talvez seja o exercício mais importante e difícil da vida. A gente não consegue abrir mão de nada que seja simples. as vezes a gente tem umas coisas em casa que não sabe pq tem, ou pq acha que algum dia possa precisar. passou dez anos e nunca precisou, mas um dia pode precisar. a gente faz isso com tudo. eu admiro verdadeiramente as pessoas que conseguem abrir mão , não e nem desapegar, desapegar para que virou um conceito de gente descarada que trata tudo e todo mundo como descartável. Eu digo abrir mão mesmo. pq abrir mão significa que é algo que em alguma medida tem uma relevância em nossa vida, mas que por algum motivo precisa deixar de ter. 
eu tenho entrado num movimento muito forte há uns anos de abrir mão de pequenas coisas, pq sei que preciso chegar nas grandes. Eu abri mão de uma relação linda, pq apesar de nosso funcionamento como equipe ser quase perfeito, nos dois estamos já distantes de sermos amantes apaixonados, ou pelo menos interessados verdadeiramente um no outro. Com isso, abri mão da nossa convivência familiar. ate que tentei que as coisas não acontecessem assim, como tem sido, com tanto afastamento, mas ja entendi que preciso abrir mão desse ideal de separação e seguir, pq nada se faz sozinha quando se trata de relações. 
nos, mulheres, já estamos acostumadas a abrir mão de algo muito gigantes, que somos nos mesmas, então eu aprendi que anda mais deve ser difícil de abrir mão, já que muitas vezes nessa vida precisei abri mão de mim, de meus desejos, de meus projetos, de meus sonhos.

eu sei sobreviver as dores, ainda bem. estou bem feliz com tudo que sou. sou grande, forte e enorme.

tem muita coisa ainda pra abrir, mão e acho lindo que seja assim , pq esse é o exercicio mais foda da vida. e quandoa gente consegue entender isso... la vamos nós....

terça-feira, 26 de março de 2019

o clichê das aguas de marços

não sei em outros lugares do mundo, mas aqui onde moro, há tempos as aguas de março não são mais em março.
Mas dentro de mim, constatei hj que sim. As aguas de março são sempre intensas. Hoje visitei os anos anteriores, pra tentar me reencontrar, e me vi em situações de turbulências internas muito parecidas de como me vejo hoje.
Eu hoje estou assim, no meio do caminho... poderia mais uma vez postar nesse blog que já existe há 12 ANOS, "são coisas da vida...a gente se olha não sabe se vai ou se fica.." é assim mesmo.
cada vez que o tempo passa a briga entre minha racionalidade e minhas emoções ficam mais acirradas. e ada vez mais as minhas emoções se rendem a minha racionalidade. não sei exatamente se isso é bom ou se isso é péssimo, e horrível, mas sei que é assim.

sei que la vem meus redemoinhos, e que a depender do que vem ai pela frente... de respostas da vida, eu muito provavelmente talvez esteja entrando na minha 4a. revolução. Tipo a quarta onda do feminismo sabe? kkkk péssima comparação.

então, busco jogos de búzios de novo? não, não vamos ser tão óbvias, vamos jogar tarô dessa vez, s[o pra gente sentir que não ta fazendo nada sozinha e aleatoriamente, pq a racionalidade aquariana tb n suporta tanta aleatoriedade

e ai a depender de como seja, a depender de como vou encaminhar tudo isso dentro de mim, devo aparecer aqui muitas vezes, principalmente depois de constatar a importância de manter esse blog há 12 ANOS. farei um post só sobre esses 12 ANOS.


vamos nessa

segue o projeto

quinta-feira, 14 de março de 2019

medo, nada

tenho medo é de olhar pro lado e não ver diferença
de olhar pra dentro e ver tudo igual
olhar para frente e ver só um caminho
olhar para trás e não querer pisar mais

eu quero é movimento

---- cuidado com que pede. Diriam meus Santos se pudessem me dizer algo

tudo se encaminhando.

ainda algumas pendencias na vida. Pendencias grandes.

Aguardando a judicialização do desserviço que é o pai da minha filha na vida dela
tomei essa decisão por pedido dela
a verdade é que demorei demais
por questões minhas
eu sempre achei que no final ele poderia querer resgatar essa relação
e que ela poderia ter um ´pai diferente de mim
mas a verdade que eu não tive sucesso nisso e demorei demais de desisti dele. ela desistiu primeiro. depois de uma serie de violências, que obviamente para ele é naturalizada, depois de anos de ausência, e muito incomodo, ele é uma pessoa adoecida , a mulher dele é outra pessoa adoecida, e eu ha um tempo já nem pena sinto. Meu sentimento hoje é só que isso acabe.
Muito desgaste por pouca coisa, afinal ,porque mesmo ele briga se nunca foi pai?!?!?!?

Duda segue linda, inteligente, critica, e na medida do possível saudável. Em terapia, lidando com a possibilidade de outras paternidades que lhe cercam, e eu indo pra advogado, delegacia, conselho tutelar, e ela junto, me pedindo apoio, me pedindo para garantir sua segurança, e seu emocional...

devo isso a ela, ja que cuido de tantas mulheres.

depois disso resolvido, os passos serão gigantes, os meus e os dela.


sigamos baby
temos o mundo pela frente.