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segunda-feira, 12 de abril de 2021

Abril, abriu o buraco pro fim do poço, ou ainda estamos longe disso

 Cá estou , ainda ouvindo belchior, ainda cheia de coisa pra contar, ainda paralisada pra organizar tudo que ta dentro de mim. Um mistura de tudo. O looping pandêmico parece não ter fim. Já é abril de novo , e estou no mesmo lugar, apesar de ter me mudado, apesar de já fazer um ano e olhar pro ano passado e pensar que  tava tudo tão absurdo e o absurdo agora parece tá mais absurdo ainda e cá estamos, vivendo com todo absurdo mais naturalizado.

Entre abrir e fechar coisas, esperando as porcentagens de taxa de internamento em UTI descerem para taxas cada vez mais altas. Esperando os NUMEROS , somos números, de morte abaixarem.

Ja perdi as contas de quantas pessoas queridas morreram, já perdi as contas de quanta gente eu sei que perdeu gente. 

 Somos uma nação isolada, politicamente, sanitariamente, economicamente. 

É desolador ver o caos social acontecendo mais desorganizado que nunca, e mais organizado que nunca pelo projeto de morte. Quando não se morre de covid , se morre de fome. Tudo atrasa. A vida tem pressa. As vacinas demoram, as comidas da mesa acabam, os preços sobem, só sobem , cada vez mais, cada vez mais rápidos, a quantidade de pedintes na rua é apavorante. Cada vez  desejamos mais qualquer coisa , QUALQUER COISA, que não seja isso. Que perigo. 

Eu nem consigo me olhar individualmente  nisso tudo, a única coisa que tenho feito por mim é me manter viva, mesmo que na mediocridade, mesmo que precariamente. Todos minimamente empáticos, mesmo que vivos e com comida na mesa, estamos meio mortos, meio zumbi, meio ao meio, do meio pro fim- precários. 

Materialmente precários, espiritualmente precários, subjetivamente precários. Vivendo de BBB como melhor entretenimento , pq o cérebro não aguenta ver sentido em muita coisa. 

Todo dia pego covid, sintoma de minhas doenças psíquicas, que é a maior herança , que vivos teremos, durante e depois disso tudo. Obrigada Deus. 


"Enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não, eu canto"


Eu sei lá como sairemos disso e caí no ritual quase satânico do aqui e agora, hoje preciso respirar, agora estou viva, aqui consigo fazer isso. 

Eu foco em não esquecer do que me mantem minimamente lúcida. Fecho os olhos lembro entrando na escola com as crianças correndo e gritando, do abraço na cantina, do suor de correr e me sentir em carne viva. Os gritos das brincadeiras das  crianças é o  que tenho mais vivo dentro de mim.


fé nos erês, é o que tenho de mais sagrado em meu orí hoje.