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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Minha crise instaurada

O I Simpósio Nacional  de Respeito e Visibilidade Trans não sai da minha cabeça;

Até então estava tudo organizado no meu campo das idéias. Li muito sobre a despatologização, mas caí na cilada de ler academicamente. Acho que depois de dois anos lendo sobre as vivencias tans ( trangenerxs, transexuais, travestis) finalmente me inquieto profundamente com um debate interno. Não tenho dúvidas sobre como a militancia não pode estar dissociada a academia, e vice-versa. Pensar de forma dicotomica nesses dois movimentos é  impordutivo. Mas eu caio agora no seguinte debate: Com relação as vivências trans - compreendendo que essa é uma vivência que quebra com normas de gênero e sexualidade e por isso sofre sansões socioeconomicas - não seria prepotente de minha parte debater sobre a despatologização dessas vivências de forma a desejar que seja uma demanda dessas pessoas?

 ---- Na Argentina esse é um debate vencido e a Lei de Identidade de Gênero desvinculou as vivencias trans a uma patologia, as pessoas trans lutaram por isso e hj tem sua identidade de gênero garantida por lei e podem usar seus nomes sociais e solicitar cirurgia de transexualização-----

Mas voltemos ao debate. As vivências trans da Argentina tem pontos de igualdade em experiências e demandas com as vivências dxs trans brasileirxs , porém não há como negar as singularidades. O significado de ser trans no Brasil nunca será o mesmo de ser trans na Argentina, na Itália, na India, no Haiti. Há peculiaridades. 

A minha maior surpresa nesse encontro Trans foi reconhecer a despatolizição como uma não-prioridade nas lutas políticas dxs pessoas trans. Eu já sabia que haviam fatores dificultadores, politicos e culturais, nesse debate quando institucionalizado. A desautorização do discurso médico me parece um terreno temido e que outras instituições e o Estado não tem tido muita vontade de mexer nisso.Isso não era novidade e continuou não sendo na fala de Katia Souto do Departamento de Apoio à Gestão Estratégica e Participativa que falou muito bem como a instituição desisteressada que é nos direitos integrais, o que ela fez foi jogar todo o debate da despatologização para escanteio, e em uma resposta a carta aberta de Berenice Bento -  criticando o seminário acontecido na semana anterior -  reforçou a ideia problemática que ali era um espaço de politica pública e não de referencias academicas. Mostrando um irritante ar "apaziguador" , para não dizer acomodado, justificando a exclusão do debate da despatologização para manter a cordialidade e os esforços para garantir outras demandas e aqui eu tenho que citar Malcom X

“Como você pode agradecer a alguém por lhe haver dado o que já é seu? Como, então, você pode lhe agradecer por haver dado somente parte do que já é seu? Você sequer progrediu, se o que lhe foi dado era algo que você já deveria ter tido. Isto não é progresso.”

Fiquei frustrada com as seguintes questões:

 prevenção a AIDS ( será que ainda irei num evento trans e travesti que desvinculará a AIDS das vivencias trans?) A única demanda médica que uma pessoa trans é a prevenção de DTS? Não estamos reproduzindo a ideia de que pessoas cisgeneras e heterossexuais estão livres dessas demandas e reforçando o lugar de abjeto das pessoas trans?


Fiquei arrasada que Berenice Bento não foi para o evento desconstruir a fala de Katia Souto. 


A lógica predominante na hora de decidir sobre a camapnha de Visibilidade Trans ainda foi HIPERIDENTITÁRIA e o problema disso é  que gera uma exlusão de prioridade de demanda inclusive dos homens trans. E daí me lembro também da justificativa que dão para não se pensar em politicas públicas para pessoas intesexuais: Não há representatividade. Não há uma organização desse moviemtno. Sem se quer problematizar o porque não há essa articulação; Como pensar num movimento de pessoas já mutiladas e com sua sexulidade aprisionada ao nascer? Quão doloroso é dar a cara a tapa nessa sociedade? Que porra de movimento SOCIAl é esse?  - me exauto. 


Voltando a despatologização, me surpreendi com a forma que despatologização foi tratada pelxs pessoas trasn que ali estavam ( poquissimo número). Fiquei me perguntando.... nessa realidade, nesse espaço territorial, seria então a despatolização uma demanda da produção acadêmica? Me pareceu tão longe de seus desejos... tão confuso.  Eu compreendo quando se pede a patologização para a garantia da cirurgia trasnsexualizadora, uma estratégia muito válida, mas me pergunto até que ponto essa estrategia contempla a todxs demandas de todas as vivencias trans? 


Ao mesmo tempo essas pessoas não se reconhecem como transtornadas ou doentes mentais , como sugere o CID. Me trouxeram dados novos sobre o processo de transgenitalização.... demanda que eu desconhecia. E isso foi sensacional. Entar entre elxs é sempre desconstrutivos e fantástico. 

Precisarei de mais alguns encontros para sanar minhas perguntas ou sucitar mais algumas, rs.





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