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sábado, 21 de março de 2015

pessoas necessárias

Hoje recebi em minha página um link que me fez pensar em pessoas necessárias.

Recebi o link de Carlos Bonfim. Professor de primeiro semestre no Bacharelado. Foda. Ele foi responsável por tirar vários panos dos meus olhos. Ainda posso ouvir sua voz marcante e suave, necessária. Nutri inclusive uma paixão platônica por sua pessoa. Mas platônica mesmo, ele nunca soube, se soubesse acharia graça. Eu tentava disfarçar e não tinha a menor pretensão de levar aquilo para além a abstração. Ainda guardo uma copia do email que chegou até mim,  onde ele me indicava a uma professora para participar de seu grupo de pesquisa, e se referia a mim como uma das alunas promissoras do IHAC. Todos os dez que e me deu em sua aula de Estudo das Culturas, não me deixaram mais feliz que suas palavras naquele e-mail. 

Foi através dele que conheci projetos e pessoas sensacionais. O projeto Sarau bem black , do gigante Nelson Maca. Foi ele que levou nossa turma numa quarta-feira de noite lá no Sankofa African Bar, para jogar na minha cara como eu não sabia de porra de nada da vida. Eu ainda amamentando meu pequeno João, tão longe de outras socializações, lembro claramente o que senti quando entrei naquele lugar, era o véu caindo, era a vida sorrindo e pisando, era a muita coisa prum semestre só... eu tinha era que ter uns 6 semestres com aquele homem que me desconstruiu toda. Que não me avaliava em números e me levava para conhecer a produção cinemátográfica de Bollywood, e fiquei envergonhada da minha cegueira. Foi ele quem me levou pro hip hop, e me disse suavemente que eu precisava ir ao Equador. Ainda irei.
Carlos é necessário em toda universidade, é necessário em todas as vidas, e seu projeto não diferente dele é incrivel, e tai bombando. Adoro voltar dos lugares ouvindo Latitudes Latina no carro, mato a saudade dele.

Carlos é o tipo de homem que foge os estereótipos, todos, de autoridade enquanto professor, de masculinidade enquanto homem cis, enquanto produtor de conhecimento. Ele de fato borra diversas fronteiras, e isso o deixa por demais interessante. 

A história de vida de Carlos é incrível. E ele tem tanta suavidade em ser, e parece ser intelectualmente tão honesto, que não é surpresa nenhuma ouvir sua voz hoje em uma das rádios mais potentes de Salvador, não é surpresa nenhuma ver o o projeto Latitudes Latinas ocupando diversos espaços. Muito bom perceber nossas afinidades na perspectiva pós-colonial, e perceber que cruza completamente com meus interesses em estudos de gênero. Eu me identifiquei por demais com os saraus do Latitudes organizados no sebo, achei sensacional o encontro de pessoas latinas ao som de suas musicas... aquele povo é demaiiis! 

Eu lembro de ter tomado um breve café com ele em letras há uns 3 anos atrás e ter lhe dito de meus projetos em gênero e sexualidade, e ele disse que sabia de minhas pesquisas e que torcia pela minha entrada lá no PósCult. Disse isso tão honestamente que pensei em levar a diante aquela ideia maluca de colocar um mestrado em minha vida. Fique animada em saber que ele seria meu professor de novo caso  eu entrasse no poscult e ainda estou no aguardo de me ver trocando outra ideia com ele e outrxs colegas na mesma sala de aula. E nunca mais falamos, nos vemos brevemente nos lugares de interesse comum, mas sempre com muita gente e som, dois beijos e tchau. Até eu passar no mestrado, quando ele me mandou um email muito do gentil dizendo que tava muito feliz com minha entrada lá e que sabia que em breve seríamos colega. Espero ter várias oportunidades de agradecer suas singelas palavras de sempre e sua doce desconstrução em minha vida, eu acho que eu nunca disse a ele de sua importância na minha formação e como tudo fez sentido quando ele me ajudou a entender a contra-cultura e cobiçar a subalternidade. 

é isso, mais Carlos, por favor. 

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