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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Invisibilidade Pública.

A linha de ônibus Vilas do Atlântico-Praça da Sé após as 21 hs, está quase sempre cheio o bastante para algumas pessoas ficarem de pé no veiculo.


Quase todos os dias Travestis, profissionais do sexo que trabalham na orla utilizam desse meio para chegar em seus pontos, na altura de Jaguaribe,Piatã.O desconforto das pessoas é nítido, sempre em troca de olhares , risinhos e coemtários sugestivos, as travas fazem disso piadas,risadas, e balançar de cabelo.

Mas nessa noite foi diferente.O ônibus tinha lugar vazio. Três belas travas, arrumadíssimas, risonhas, e abusadas entraram no ônibus e nao se sentaram.Se mantiveram as três de pé, curtindoo vento no cabelo. O desconforto dos passageiros ,como sempre intensos, um acordo moral de repovacao pairava covardemente no ar.

Tentei amenizar a situaçao imaginando que não sentariam por opção, ateh quma delas encostou-se claramente dando sinais de cançaso do equilíbrio do salto no ônibus.


Fiquei muito incomodada com a situação quando me dei conta que elas não sentariam. nos 15 minutos de viajem pensei e entendi que era como se fosse um contrato social dos passeiros “legítimos” e as passageiras abjetos.

Os passageiros “normais” determinavam em seus olhares que sentar já era demais.As travas entenderam a mensagem,não sentaram,mas sambaram...espalhafatosas,fechativas, lindérrimas...com sueus trajes curtos provocaram, riram,subverteram, fizem seu espetáculo de pé.

Eu ,até compreender todo processo, fiquei a observar apavorada com o contrato velado entre os usuários ditos “normais” e encantada com a forma que mesmo num espaço extremamente opressor e que lhes é de direito as moças sambaram em cima da situação.

Elas seguiram pra sua lida de trabalho ...e eu reflexiva pensando que presencicei somente esse episódio....e comecei a pensar que essas travas indo ao médico,as farmácias,ao mercado,comprando roupas....e que esse processo foi resignificado por elas como uma micropolitica capaz de lhes garantir o acesso ao mundo, mesmo através de sua própria caricatura e pela via do humor.

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