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quarta-feira, 13 de julho de 2016

um é insuportável. dois é indizível.

Eu tenho um milhão de motivos pra estar escrevendo nessa quarta-feira.
Tenho mesmo.
Parece que semana passada foi há um mês. Há uma semana atrás, eu estava uma mesa falando sobre opressões. Eu e cinco mulheres lindas. Estava com as unhas feitas e fazendo mil planos pra sexta que não aconteceu.
Isso é que é ter pouco problema: passar a quinta planejando a sexta.
Hoje eu simplesmente n sei o q vai ser de mim amanhã. E a única coisa que peço ao meu bom Deus é condição de ir bater cabeça pra meus orixás amanhã no meu Ilê, Tipo, vida ou morte. Literalmente.

O fato é que essa semana está sendo infinita e desesperadora.
Se eu fosse devota do pecado, diria, que tô pagando todos os meus nessa semana.
TO-DOS, de uma vez só. Tem forma mais cruel do que pagar pecado com a vida de pessoas que a gente ama?
Pense no tamanho de pecado que eu devo ter.

Segunda-feira de madrugada, um turbilhão de noticias. Apanhou,  espancado, muito machucado, perde um rim, ,muito ruim mesmo,ufa, melhorou! Morreu.
La fui eu pra casa da minha infancia, pra rua que me descobri marxista sem nem saber o que era aquilo, pros becos que me acolheram, pra comunidade preta da barra, lugar maravilhoso, de gente linda, gente que eu amo que faz parte de mim. Nem pensei em nada. Fui do jeito q tava. Sem contra egun, passei a a tarde entre acolhimentos, remedios, choros, lembranças, choros, histórias, choro e  choro.
Cheguei em casa DAQUELE jeitinho, vomito, dor forte, enxaqueca,  zonza, indiposição violenta. o único remédio? Alfazema com um banho. Ufa. voltei em mim.


Terça -feira foi um caos. Leo foi enterrado. Não pude ir. Ordens do axé. Respira, treme, respira, se coça, respira, obedece. Já tinha sido liberada da escola pra cuidar de mim, mas quando fui proibida de ir pro enterro, decidi ir pra n correr o risco de cometer um desatino.
Antes da minha viagem noturna, retomei algumas coisas de trabalho, conversei coma familia, etc etc etc. Fui. Voltei e logo, antes que pudesse sentir os ares secos.

~~~~~HOSPITAL SÃO RAFAEL. Direto. Corre. GRAVÍSSIMO.
Desespero. Meu irmão. meu Kerubim, a beira da morte. um carro branco derrubou sua moto preta. Meu irmão está na UTI despedaçado. Meu irmão. Meu irmão está respirando por ventilação, meu irmão está sedado, meu irmão.
Meu Dridri. Aquele abraço que a gente precisava ter dado antes de um corredor de hospital. nos cuidamos. Muito afeto. Muito amor e até alguma risada.
Todos estão despedaçados.
Eu fui lá. Consegui convencer a mim mesma que eu tinha condição de entrar naquela uti e dizer praquele sacana sair de la imediatamente que eu tenho que voltar pra minha vida, que eu tenho o que fazer, que eu tenho uma porrada de coisa pra fazer e que ele tava sendo incoveniente de estar ali deitado e tanta gente preocupada com ele. Se ele ouviu (dizem q sim) em algum lugar sorriu. Nosso afeto é assim.

Que pesadelo. meu bichinho ali inchado, pálido, sem ar. Todo despedaçado da cintura pra baixo. Os medicos n sabem por onde começar. Sem bacia, sem perna,   quase sem vida.
Quando ele acordar. Como será? Sim pq ele vai. ELE NÃO OUSE NÃO ACORDAR.

Descobri que não tenho maturidade pra morte.
Descobri que sou uma fraude espiritual.
É demais pedir que não seja numa sequencia surtada de ataques a meu coração.

Estou sem mim. Parte de mim está naquele caixão.
Outra parte ta na cama de uma uti.

Ainda assim, agradeço ao Pai todo poderoso, agradeço a meus orixás por me fazer saudavel pra estar perto de quem precisa.

é isso.

Meu Kerubim,
não me abandone. Agora não. Nem nunca. Meu amor. Meu irmão .

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