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sexta-feira, 26 de junho de 2020

Solidão de grão em grão [PANDEMIA]

Depois de  100 dias de homeoffice e distanciamento ( q privilégio!!!) observo minhas pequenas conquistas individuais e me incomodo com minha pouca ação coletiva, um tanto paralisada por tantas coisas pra dar conta. No início disso tudo, fiz um monte de coisa que me fez sentir mal, doeu mesmo. Precisei olhar pras feridas, foi devastador, mas cá estou. Quando eu olhos pra 100 dias atrás parece que tem muito mais, foi tão difícil,  me dar conta de meus vazios, e como eu os vinha preenchendo. Foi tão ruim me ver projetando minhas faltas em falsas expectativas. Foi tão difícil me dar conta de que absolutamente nada que viesse do outro resolveria aquilo que eu precisava encarar, os meus medos. 

Dureza, remédio pra dormir, crises de ansiedade, muitas sessões de terapia, muitos altos e baixos. Medo foi a palavra coletiva e individual naquele primeiro mês. Depois, foi começar a mexer nisso e reorganizar. Tô longe de me sentir organizada, acho que facilmente posso pular de uma extremidade a outra, da dependência afetiva pra completa satisfação da ausência do outro. Também não quero. por hora é isso mesmo, eu e eu. Mas não quero deixar de acreditar no amor, por exemplo, mas preciso lidar com ele de outra forma. Meu amor pela vida, pelas minhas conquistas, pela minha história, pelas minhas faltas, minhas caminhadas, meus amigos, meus afetos. é a remontagem da minha vida que começa no que eu tenho chamado de  3a. grande revolução interna. Poderia ser a 4a., se considerasse, quando sai da relação com pai de minha filha, uma história recheada de violência e caos, quando me libertei afetivamente dele. Mas alí eu se quer tinha reflexões sobre nada disso, era uma menina desorientada,  agindo intuitivamente , querendo sobreviver. 

Me perdoo. Acho que é o exercício que aprendi a fazer mais importante nesse tempo todo. Meus erros precisam ser olhados mas não podem ser mais notáveis que meus acertos, eu batalhei muito pra tá aqui hoje.

~ Para todo mal, a cura.

Tenho tido tempos de mais silêncio, e precisado de muito espaço cheio de nada para dar conta de organizar tudo que tem mexido aqui dentro. Experimento cuidadosamente as sensações e aprendo a manejá-las.   Planejo pequenas coisas. Meu café da manhã, as refeições seguintes, que parte da casa vou limpar hoje, que trilha sonora me acompanhará, até que pagina vou ler meu livro.  Quanto tempo a escrita sobre mim vai me ocupar. Treino a mesma música mil vezes no violão. Passo vários tempos pesquisando combinações de temperos, receitas, e lembranças afetivas. Passo dias e dias sem vontade de responder nada, nem ninguém. Entendo as preocupações desses tempos, e me esforço para dar um retorno, assim que não me custe tanto.  Vênus em capricórnio.

Tem sido revelador o quanto eu consigo. O quanto eu sei me salvar, o quanto eu tenho me bastado. Eu tenho finalmente estado confortável em mim. Isso é foda demais. Eu queria que todo mundo sentisse isso, pra que nunca mais ninguem se perca de si. 

Minha terapeuta tem sido o melhor investimento temporal e energético. Tem dias que saio da sessão querendo ir pra debaixo da cama, mas não vou. Ascendo meu incenso apago tudo, fecho meus olhos, e me perdoo de novo. Escrevo sobre mim, sobre minha vida, sobre a minha historia, olho pro tempo e não permito mais perdê-lo de mim. Nunca mais perderei a noção do tempo por medo, perderei por outros motivos, por medo não. 

Tenho me percebido um tanto chata , por tanta análise , auto centrada ela. Mas tudo é contexto, para mim, ser auto centrada é o melhor que posso fazer por mim, depois de tanto tempo sobrevivendo de migalhas de auto piedade. 

Eu tô tão feliz sozinha que tenho medo de tá me tornando aquele tipo de pessoa, auto suficiente , pedante de arrogante, mas não acredito que sustentarei esse papel, eu sei que vou conseguir cuidar de mim e dos outros, esse é o caminho. Ate então sempre fui muito boa em análises, e compreensões, em dizer coisas sobre suas vidas, e encontrar com tanta facilidade soluções para vocês, e quando me olhava , em sentia uma fraude. Não mais. 

Um caminho sem volta. E lembrando sempre que gosto sim de pessoas, e me encantam as relações, e como nos construímos a partir do outro. Eu não serei uma pessoa sozinha nunca. mas quando precisar ser , eu ficarei bem.

Solidão é diferente de estar só. Solidão pode ser em multidão e numa relação a dois.

Tem uma parte de mim que eu jamais sentirei saudade,

e sobre o agora:

~ É teu meu tempo e mais
É tua a minha história
É teu meu reino da memória

.tu és a deusa da ilusão, e eu te amo. (lulu)







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