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sexta-feira, 20 de março de 2020

a distopia nossa

"acordei 4 hs, sem remédio tem sido assim,
aceito, levanto, bebo água, vou esperar o dia nascer vendo o céu da rede, na varanda, o silêncio absoluto do medo reina em meus ouvidos. Rezo. Sexta-feira de Oxalá. Não é tempo de esquecer isso. Só peço misericória. E agradeço.
Penso que Iemanjá deve ta feliz sem humanes pra encher ela de lixo por 15 dias. Me convenço de há algo bom nisso.
Boto água nas plantas, lavo a louça que deixei acumular pra ter o que fazer hj. Tiro a roupa do varal, separo, dobro, penso nas crianças. Como tem sido tudo isso pra eles? Serão a geração de crianças que vivem uma pandemia.
PANDEMIAPANDEMIAPANDEMIAPANDEMIAPANDEMIA
muitos ecos no meu orí.
Boto roupa na maquina, mato a barata q passou por mim. Como jaca como se fosse pipoca. Ainda são 5:30 da manhã, lavo o banheiro. Deixa o filme pra mais tarde quando o calor nao me deixar fazer mais nada. Penso nas putas, em todos outros trabalhadores q vao se fuder muito. Acelera o peito. para, respira. vai passar. Pela primeira vez fiquei feliz pela morte de meu amigo: ele não ta vendo isso. A cabeça precisa parar.
Sinto saudade de tocar nas pessoas, mas nem sou de muitos toques, é minha cabeça me convencendo a sentir panico.
Musica. Cuscuz, café, bolo, banana da terra. Tudo com calma como eu gosto.
Lembrar dos prazeres possíveis. lembrar.
Penso que nada será como antes, e tento não prever mais nada."

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