Quando o encanto acaba em um canto Quando eu canto e você não dança mais
Talvez você já esteja dançando em outras notas Mais afinadas
Talvez a minha música seja complicada demais
Não sou só de uma nota Minhas canções são plurais Sinceramente espero que esse seu encanto Encante Outros carnavais
minha nossa senhora da temporalidade
ajuda ela
primeiro vem julho, agosto e setembro. 7 anos em 3 meses
tudo acontece
tudo demora
tudo e nada
agora outubro, novembro e dezembro em 15 dias
essa sensação de que não vou conseguir concluir nada do que deveria no tempo que deveria
adrenalina lá em cima
dessa vez eu nem vou listar
as coisa que eu deveria estar fazendo ao invés de estar aqui
devaneando
vergonha
eu to muito vagal
eu to deixando as outras coisas me ocuparem
mais do que poderiam
isso é que dá ser "o corpo quer a alma entende'
a alma entende sim
quem não entende é a empresa, o capitalismo, a capes, o orientador...
toda vez que culpa começa a operar em mim... alguma coisa acontece, e um tsunami de empoderamento sobre minhas convicções me fazem levantar a cabeça.
vou dizer uma coisa: minha exua não é brinquedo. Ela não quer me ver subjulgada, ela não quer saber de eu me sentir culpada, quando eu já tenho um longo caminho de construção sobre minhas convicções e sentimentos.
"nos poucos dias que antecederam a viagem, mesmo com as discussões, as lágrimas, coma poeira de tragédias recentes ainda prejudicando a visibilidade em meio aos escombros , eu me pegava sorrindo por dentro nos momentos mais inesperados. Como eu podia ter me privado por tanto tempo do sabor das decisões drásticas, do prazer de derrubar uma pecinha de dominó e mudar tudo de forma irreversível? Atenta a essas sensações, eu pensava em coisas como uma banho de sais em uma imensa banheira de quarto de hotel, em glaciares desmoronando, em aviões realizando acrobacias, em mim mesma fazendo coisas que nunca havia feito mas que só podem ser maravilhosas."
hj eu li isso, e relembrei o comecinho da minha história com bê há 10 anos atrás e aí, foi inevitável pensar em como as grandes histórias da nossa vida acontecem, ontem, hoje e sempre.
eu sei que eu vou achar que não foi nada demais, e que vou logo ta pensando no doutorado. Mas eu jur que eu preciso de um ano longe de obrigações academicas. Eu sei que isso é agora, e que quando terminar eu vou achar que eu devo e posso fazer isso comigo.... mas oh gente, eu to escrevendo aqui pra dizer que hoje, EU PRECISO DE UM ANO DE FOLGA. Eu preciiiiiso....Eu preciso só trabalhar uma vez na minha vida. Preciso ter só essa obrigação produtiva,.
Agora eu to aqui, escrevendo. To num momento bom da escrita, ta saindo, ta ganhando corpo, um outro corpo, uma outra perspectiva, eu to me colocand sem medo no trabalho, e borrando todas as verdades sobre produções de saberes. Quebrando os paradigmas da ciência. Ciência sua lynda, me ature.
Mas a cada paragrafo q eu escrevo lá sinto vontade de escrever 4 aqui. E eu tenho me comportado com relação a isso. pq... ahh... pq eu me conheço, e cada dia vou querer escrever mais aqui e menos lá...e foi por isso q eu acabei com meu facebook por um tempo. Precisava me concentrar e a militancia me convoca muiiiito por lá, e eu n resisto a militancia. Aliás, é lá q sou feliz, o mestrado é só sobrevivencia tecnica.
gora eu vou respirar letras, e esquecer o mundo.
só belchior salva
Eu me lembro muito bem do dia em que eu cheguei
Jovem que desce do norte pra cidade grande
Os pés cansados e feridos de andar légua tirana
Lágrima nos olhos de ler o pessoa
E de ver o verde da cana
Em cada esquina que eu passava um guarda me parava
Pedia os meus documentos e depois sorria
Examinando o 3x4 da fotografia
E estranhando o nome do lugar de onde eu vinha
Pois o que pesa no norte, pela lei da gravidade disso Newton já sabia!
Cai no sul grande cidade
São Paulo violento, corre o rio que me engana
Copacabana, zona norte e os cabarés da lapa onde eu morei
Mesmo vivendo assim, não me esqueci de amar
Que o homem é pra mulher e o coração pra gente dar
Mas a mulher, a mulher que eu amei
Não pode me seguir não
Esses casos de família e de dinheiro eu nunca entendi bem
Veloso, o sol não é tão bonito pra quem vem do norte e vai viver na rua
A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia
E pela dor eu descobri o poder da alegria
E a certeza de que tenho coisas novas
Coisas novas pra dizer
A minha história é talvez
É talvez igual a tua, jovem que desceu do norte
Que no sul viveu na rua
Que ficou desnorteado, como é comum no seu tempo
Que ficou desapontado, como é comum no seu tempo
Que ficou apaixonado e violento como você
Eu sou como você
Eu sou como você
Eu sou como você que me ouve agora
Eu sou como você
Como você
Ser feminista é um aprendizado diário. Eu não canso de me surpreender comigo e com a potencia transformadora do auto conhecimento enquanto feminista e minhas relações com o mundo, e nesse exato instante, com a minha precária heterossexualidade. Cadadia fica mais desenhado p mim quão complexo é conciliar a luta e a pratica feminista com a heterossexualidade, ainda mais dentro na logica conpulsoria monogamica. Com isso n quero de forma alguma flertar c a ideia equvocada de que n ha possibilidade de existência de feminismo na heterossexualidade e vice versa. É muito mais conplexo. Esse parece que foi o ano de enfrentar esse debate interno e externo. E estou aprendendo muito com minhas vivencias. É incrivel como naturalizamos a ideia de que outra mulher é um potencial ameaçador de nossa hetero-relação. Não que n haja essa mesma dinamica nas relaçoes lesbicas e bissexuais mas eu so posso falar de onde me localizo. É muito doloroso pra mim estar envolvida nesse jogo. Me deparar com a minha incoerencia de estar nessa luta e quando me percebo estar nessa situação tipicamente hetero entre duas mulheres e um homem, é assim qe sinto o esvaziamento da minha luta. Chego a me sentir uma fraude, sei que isso dialoga com
Muitas coisas mas estar vivendo isso dói pra caralho. Talvez seja aquela hora do empoderamento que o clique acontece e a gente nunca mais consegue deixar de ser impactada por isso , aquele caminho sem volta. Se for isso, óteeeemo! Decisões precisam ser tomadas. E o que torna a vida melhor é saber que quando temos uma convicção tão transformadora fica mais facil cuidar do coração, nosso e dxs outrxs, e direcioná-lo a nosso senso ético dentro de uma luta muito maior. Sua benção minha mãe Iansã, olorum modupé pelos sinais!
Te vi Juntabas margaritas del mantel Ya sé que te traté bastante mal No sé si eras un angel o un rubí O simplemente te vi.
Te vi Saliste entre la gente a saludar Los astros se rieron otra vez La llave de mandala se quebró O simplemente te vi.
Todo lo que diga está de más, Las luces siempre encienden en el alma Y cuando me pierdo en la ciudad Vos ya sabés comprender Es solo un rato no más Tendría que llorar o salir a matar. Te vi, te vi, te vi Yo no buscaba nadie y te vi.
Te vi Fumabas unos chinos en Madrid Hay cosas que te ayudan a vivir No hacías otra cosa que escribir Y yo simplemente te vi.
Me fui Me voy de vez en cuando a algún lugar Ya sé, no te hace gracia este país Tenías un vestido y un amor Y yo simplemente te vi.
Todo lo que diga está de más, Las luces siempre encienden en el alma Y cuando me pierdo en la ciudad Vos ya sabés comprender Es solo un rato no más Tendría que llorar o salir a matar. Te vi, te vi, te vi Yo no buscaba nadie y te vi.
normalmente eu me sinto assim com tudo na vida. Ja falei algumas vezes aqui da ilustração que aquele menino chato querido e complicado me deu de presente pra explicar como era dificil ter que ir embora.Carrego a ilustração que ele me deu pra vida e to sempre usando.
O ultimo mergulho. Ahhhh esse ultimo mergulho.... é exatamente isso.
lá vai o trecho do livro, lá vai o impacto, lá vai..... A melhor coisa do romance é que ele não tem compromisso com a previsibilidade e ao mesmo temo sua obviedade é que nos mantém ali, com o livro aberto, pensando: poderia ter sido escrito por mim.
"20hs, 21, 22, 23...melhor desistir. Cama. Já deu. Isso é sinal. Gostava de pensar assim, nos sinais.
A cama tava alí era só deitar e dormi.Teimosa.
00:54 - Vem!
puta merda, já tinha desligado aquele celular. É difícil manter uma decisão em tempos de visualização instantânea.
Vou, não vou, vou, não vou, vou não. Ter que bater ponto dali algumas horas devia ser automaticamente definidor para não ir. Devia.
Ok. Chamando táxi.
1:30- 205.
toda desorganizada. Já sabe que entrar ali é se perder pra sempre.
Sabe e vai, Quem sabe se perdendo se encontra em outros formatos.
Entra... entra mesmo. Ta lá, o anil. Tá lá, aquele tudo. Bem do jeito que ela pensava ser a vida.
Lá de cima, os deuses e deusas olham. Será que é isso?
quelas cadeiras não colaboram. Aquele azul no pescoço....aaahhhh
E já chegou dando os sinais.
Maçã.
Claro, ele ia escolher ela. Ia falar dela. Ia, ia, ia.... e ela tava ali, toda tomada.
'Você está apaixonada por mim?' Risos. Sabíamos. Nem um toque.
Os segundos seguintes se alternavam entre, que bom que vim e o que estou fazendo aqui, Era só nisso que conseguia pensar.
Quando ela ameaça ir embora, bater seu ponto no vida, ele reclama: com isso aí no pescoço não.
A ficha dela, que não costuma ser tão lenta, cai depois de mais de 3 horas procurando entender. Ele faz isso com ela.Ela se sente lenta. Se sente devagar , de um jeito que a vida diz não ser possível ser.
E só aí, envolve a moça, naquele espaço que coube uma vida. Aquele abraço.... daquele jeito... aquele cheiro, aquele toque. Era isso. O medo era esse. As apostas eram altas.
E se fosse bom?
Pergunta tola e imbecil. Sabiam da resposta, mas queriam se ouvir.
Poderia não ser bom. Poderia... Poderia.... aí não seria a vida. Ai não seria axé.
Ela tava ali guardando em si cada sensação. Já sabia que ia precisar de força.
Seu coro foi direcionado praquele lugar escuro, e seu coro ja todo entregue ele cuidadosamente depositou naqueles lençóis.
Arma. Eram armas de fogo. Eram explosivos. Ela sentiu tudo aquilo sem poder ter temo de pensar, precisou desligar e sentir, e com medo...ai que medo.
Era esse meu medo, repetia ele, incansavelmente, em cima dela, provocando o maior dos arrepios.
A vida vai seguir, se consolava ela, sentindo-se em casa, sentindo-se na própria cama.
Que sensação esquisita era aquela? que diabos de encontro era aquele?
Os pássaros iam dando sinais de vida.
A vida ia seguir
tudo ia permanecer em seu devido lugar
menos ela e aquele dia que não terminou"
E foi desse jeito que interrompi aquele livro que me ajudou a passar tantas noites em claro. A expectativa da pagina seguinte e a narrativa que tanto já se sentia próxima.
A escritura é isto: a ciência das fruições
da linguagem, seu kama-sutra ( Roland Barthes)
Estou chegando lá. hj ela primeira vez, eu senti vontade de escrever a minha dissertação. pena estar tão cansada para começar a mexer hoje nisso. Eu ja tenho uns escritos, e ela ta toda aqui dentro de mim. Estou naquele movimento pré regorgeio, em breve vem tudo.
Hoje, assistir a defesa de doutorado de Carlota me fez sentir muito melhor, e pensar muitas coisas, e planejar meu desplanejar com o meu processo criativo. Estou liberada. Me dei alta da crise.
Pretendo dar cabo disso até final do mês. Entregar meu texto praquela lora maldita, qualificar e só parar de escrever quando o mundo se acabar dentro de mim.
Estou ansiosa por isso.
Três capítulos. É disso que eu preciso.
Pensando em infância, em cuidado, em cisnormatividade, psicanálise, e tudo aquilo que eu já sei.
"Texto de prazer: aquele que contenta,
enche, dá euforia; aquele que vem da cultura, não
rompe com ela, está ligado a uma prática confortável da leitura. Texto
de fruição: aquele que põe em estado de perda,
aquele que desconforta (talvez até um certo
enfado), faz vacilar as bases históricas, culturais,
psicológicas, do leitor, a consistência de seus
gostos, de seus valores e de suas lembranças, faz
entrar em crise sua relação com a linguagem. " Barthes,1987
Estou citando Barthes e registrando tudo isso aqui pq eu sei o quão esse blog me faz lembrar das coisas, então que seja mais um pouco ainda útil.
Depois de muitos dias sem dormir, quase enlouquecendo, hoje finalmente posso dizer qeu estou morta de sono.
FINALMENTE. achei q enlouqueceria.
tem gente que é burra por opção. Tem gente que é burra por falta de opção. Tem gente que usa da burrice pra manter seus privilégios e continuar se beneficiando deles, ou seja, é canalha. Tente gente que não aceita outras verdades.outras possibilidades.
O caminho do empoderamento é um só.
Depois que a gente caminha junto com outras mulheres, depois que reconhecemos o quanto o mundo é perverso e desigual conosco.... é impossível colocar outras coisas acima disso. Impossível voltar atrás.
Eu venho caminhado nisso há quase 7 anos. Sempre fui inquieta , sempre questionei as normas. Sempre me causou um grande incomodo a cegueira. A obediência pela obediência, nunca me convenceu. Mas quando eu fui compreender a estrutura social, e como se dão as relações de poder, uma grande transformação aconteceu comigo. E eu ainda estou nesse processo.
Durante esse caminho, muitas relações se fizeram, e muitas, se refizeram, e de um tempo pra cá, se desfizeram.
Eu nunca fui de descartar pessoas. Eu sempre fui romântica. Romântica no sentido de acreditar sempre no melhor das pessoas. Sempre pensando que mesmo que aquela pessoa me mostre o pior dela, tem uma coisa ali que pode ser modificada, tem um pontinho ali que pode ser regado, que pode servir pra nutrir o que construimos de relação.
Na minha caminhada precisei me desfazer disso um pouco. Eu que sempre fiz questão de juntar, de somar, de investir com e nas pessoas.... isso é de um desafio incrível.E nossa... como me doía... como foi difícil. Pra quem sempre deixou portas abertas, trancar algumas delas para sempre.... com cimento, dói.
Pra quem sempre fez questão estar perto e mover o mundo, nem q fosse por uns minutos de felicidade, de troca.... dói.
Eu aprendi muito nesse processo. Aprendi a conhecer meu limite, aprendi que eu não preciso ter todas as pessoas do meu lado, custe o que custar. Porque uma opinião não é só uma opinião... uma opinião pode ser ofensiva, pode ser violenta, pode oprimir outras pessoas, pode dizer muita coisa sobre o que vc é e o que vc está dispostx a ser.
Ao longo do tempo, precisei dar tchau a lindas historias, precisei colocar prioridades na minha vida. precisei dizer: agora chega. A despedida nunca é fácil. Meu luto dura muito, e eu nem sempre estou certa de que estou pronta pra me desligar...... mas eu sei que me sinto muito mais coerente e feliz comigo.
Não é só em nome de uma luta. E se fosse, ainda assim, seria legitimo. Mas nesses casos, específicos, onde vejo pessoas indo embora de perto de mim, e as deixo irem mesmo, faço pq me faz mal tê-las perto de mim a qualquer custo. As vezes me sinto como imagino que seja conviver com uma pessoa em estado terminal.... Aquele corpo não tem mais por onde viver, não sabe mais como fazer isso, mas o apego da gente faz querer ele ali de qualquer jeito...mesmo que apodrecendo em nossa frente.
Eu entro numa briga sangrenta comigo mesmo.
Cheguei a conclusão, então, que o apego deve ser a história, a lembrança, e não a materia. Pq é a materia que fode tudo. O que foi construido ate ali de sensação, grandeza e beleza, pode estar a salvo num campo lúdico, onde é possível deixar o romantismo acontecer. E fazer disso virar letras, sons e saudades. Melhor assim
Mas eu preciso deixar uma coisa desenhada:
Eu não quero só pessoas que pensem como eu, eu não quero pessoas que só lutem do meu lado. Não. Não é isso. Logo eu que penso e luto pelas diferenças....Mas eu preciso estabelecer relações, sejam qual for, com pessoas que escutem. Dialoguem. Eu preciso de pessoas que me olhem, e reflitam, se estejam dispostas a se rever, e me façam rever, mas não como querem que eu me veja... e sim, como um processo de auto critica nosso. Isso pra mim hoje define quem fica e quem sai da minha vida.
Eu não quero compactuar com violências, mas tb não quero me fechar a uma possibilidade de compartilhar crescimentos com alguém. E vou vivendo negociando isso com quem quer.
E eu sei do meu limite.
Eu jamais vou permitir que me façam de instrumentos de molecagem para com outras mulheres. Isso engloba muita coisa, não serei escudo, nem arma Nunca mais na vida. NUNCA. Eu nunca mais vou compactuar com a violência a outras mulheres, eu nunca mais vou permitir que homens ou mulheres algumas usem da minha luta para tentar me inferiorizar, para me taxar como uma coisa ou outra e me reduzir a isso.. Eu nunca mais vou aceitar jogos perversos de opressão contra quem quer que seja, só pra manter um vinculo, e fazer vontades aos corações e desejos, de quem quer que seja. Porque isso me agride também. Porque eu jamais vou encontrar qualquer prazer ou felicidade nisso.
PELO CONTRÁRIO.
Meu tesão vai embora com gente perversa. Meu tesão vai embora com quem acha que o mundo está a seu dispor e que suas urgências são as maiores do mundo e que é a pessoa mais incompreendida desse mundo. Que pauta sua vida a partir da narrativa de que é vitima de uma serie de coisas , como se não tivesse participado de tudo, como se fosse possível não ser protagonista de suas escolhas.
Eu não tenho paciência. e não sou obrigada.
Eu fiz esse post nesse momento de reencontro comigo, essas mudanças são contínuas e não são lineares, e vão e vem..... e a cada vez q eu vou lá, e retorno, eu volto mais forte para mim, e percebendo o quão eu gosto da mulher que eu sou hoje.
Eu faço esse post pq pessoas vão embora.
Mas eu estou certa que isso é muito mais um problema seus do que meu.
E certa de que cada caminho é um, e que cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.
Essas pessoas vão embora, e eu deixo ir, pq antes disso, eu dei todas as chances de ficar.
Esse post tb é pq agosto acabou. ACABOU.
Primavera Nos Dentes
Quem tem consciência para ter coragem Quem tem a força de saber que existe E no centro da própria engrenagem Inventa a contra-mola que resiste
Quem não vacila mesmo derrotado Quem já perdido nunca desespera E envolto em tempestade decepado Entre os dentes segura a primavera
Ultimo dia de agosto. Tinha que ser. O dia começou já dizendo tudo.
Acordei atrasada e na porta de casa, esperando o carro passar, me dei
conta que vesti a calça jeans pelo avesso. Que tipo de pessoa veste uma
CALÇA JEANS pelo avesso? Vou pra escada do prédio desvirar a calça.
Lógico que alguém ia sair de casa bem as 6 da manhã ( hj é dia de golpe
babyyy) e me ver trocando de roupa no meio da escada. Vai embora agosto!
Calma, respira. Quem, estando a beira de um golpe parlamentar, se preocupa em vestir uma calça do lado certo? Me perdoo.
Na rua, o dia está normal. NORMAL. Não tem nenhum sinal de fumaça nas
ruas. Nenhum pneu incendiado, nenhum corpo no chão, nenhum sinal de
bomba, ninguém acampado em lugar nenhum. Nem os cartazes. Nada. As
pessoas estão em seus carros, seus ônibus, indo bater seus pontos...
talvez se lembrem que dia 5 tá chegando, que a primavera vem vindo, que
hj é dia de Xangô e Iansã... talvez, até pensem: hoje o GOLPE será
consumado. A cabeça dói. E aumenta ao longo da manhã... e o corpo começa a dar sinais. Eu somatizo sempre. Merda de corpo burro.
Meio dia já sou a pessoa mais pálida da cidade, e me dirijo a uma
emergência de um hospital perto de casa. E de lá assisto a vida seguir,
medíocre, enquanto a TV cobre o golpe parlamentar no mudo. Silêncio.
Ninguém se mexe, nada. Só meu corpo grita junto com resultado do meu
exame: RINOSINUSITE CRÔNICA. Venham cá amigues, vamos se abraçar ,
se cuidar e começar a planejar a guerra civil, pq o roubo já aconteceu, a
constitucionalidade é uma fraude. Não me chamem pra escrever carta de
repudio e caminhar pacificamente, eu quero é linha de frente.
Desse jeito vão saber de nós dois Dessa nossa vida E será uma maldade veloz Malignas línguas Nossos corpos não conseguem ter paz Em uma distância Nossos olhos são dengosos demais Que não se consolam, clamam fugazes Olhos que se entregam Ilegais
Eu só sei que eu quero você Pertinho de mim Eu quero você Dentro de mim Eu quero você Em cima de mim Eu quero você
Desse jeito vão saber de nós dois Dessa nossa farra E será uma maldade voraz Pura hipocrisia Nossos corpos não conseguem ter paz Nessa aventura Nossos olhos são dengosos demais Que não se consolam, clamam fugazes Olhos que se entregam Olhos ilegais
Eu só sei que eu quero você Pertinho de mim Eu quero você Dentro de mim Eu quero você Em cima de mim Eu quero você
“Sempre acreditei que toda vez que a gente
entra numa igreja pela primeira vez, vê uma estrela cadente ou amarra no
pulso uma fitinha de Nosso Senhor do Bonfim, pode fazer um pedido. Ou
três.
Sempre faço. Quando são três, em geral, esqueço dois. Um nunca
esqueci. Um sempre pedi: amor.
Nunca tinha tido um amor. O quê? Aos 35 anos, agitando desse jeito?
Explico: claro que tive dúzias e dúzias, outro dia até tentei contar e
me perdi na altura do número cento e trinta e muito. Mas tudo rapidinho,
assim, uma hora, um dia, uma semana, um mês, pouco mais. Nunca,
digamos, UM ANO. Então quando alguém suspirava e dizia cara estou saindo
de um caso de DEZ anos, meu olho arregalava de pura inveja. Histórias
mais compridinhas, claro que rolaram. Maria Clara, por exemplo, mas a
gente morava, eu em Sampa, ela no Rio, amor-ponte-aérea. Caríssimo.
Isso, das moças. Dos moços, aquele bailarino americano em London,
London, quatro/cinco meses. Talvez seis? Numa tarde de compras e roubos
em Portobello Road me deu de presente um cacto (perfeito!) e me deixou
plantado até hoje. Esse era amor-de-metrô, último trem entre Hammersmith
e Euston. Onde andará? ("Onde andará?” é das perguntas mais tristes que
conheço, sinônimo de se perdeu.)
Eis que de tanto pedir, insistir, acender vela, fazer todos os
feitiços para Santo Antônio e Oxum e concentrar, rezar, mentalizar, eis
que pintou. Ano passado me baixou um encosto de São Francisco de Assis,
joguei (literalmente) pela janela quase tudo que tinha e, com duas
malas, parti para o Rio. Não queria mais me prender a nada. Nem a Sampa,
bem-amada. Numa ida a Porto Alegre, em agosto, deu-se. Explosão: à
primeira vista. Tudo o que dissemos, depois de um longo suspiro de
alívio, foi: eu amo você. Pasmem: verdade das verdadeiras. Ousadias do
coração que saca, na hora, a intensidade do lance. E não disfarça.
Bueno, tinha pintado.
Então tá. Romance comme il faut: dias numa casinha no meio de bosques
em Gramado. Depois a volta ao Rio e, como dizia Ana Cristina Cesar
(Aninha, Ana C., a bela, que falta você me faz menina fujona!), “amizade
nova com o carteiro do Brasil”. Laudas e laudas de cartas de amor, uma
por dia, duas por dia, dez por dia. Fotos, poemas, juras interurbanas.
Voltei. Nós fomos os dois para o Rio. Dois meses lá: o amor resistia,
mas nenhum estava a fim de pegar no pesado. Então fazer o quê? Dividir
quarto pensão na Lapa, andar de ônibus, comer espiga de milho e misto
quente? Nenhum acreditava em teu-amor-e-uma-cabana, também não era
preciso teu-amor-e-um-rolls-royce (seria ótimo), mas pelo menos uma
vitrolinha para fazer amor ao som do Bolero, de Ravel (amor tem desses
lugares-comuns quase inconfessáveis). Voltamos. Verão em Torres. Camas
de trinta horas. Passeios. Dunas, praia da Guarita. Filme. A sunga verde
de lycra.
De repente uma luzinha vermelha começou, cigarro no escuro, a piscar
dentro de mim. Foi no carnaval que passou. Suspeitas: porra, eu me
afastei de tudo, de todos, joguei tudo pro alto e só quero esse amor,
nada mais me interessa, se esse amor me faltar (pode?) eu só tenho isso,
é o único laço que me prende à vida - e se faltar, Deus, se faltar o
que faço? Noites paranóicas, medo Ritchie. E… se dançar? Aí dançou. Foi
dançando. Não sei bem como. Uma tarde peguei nas suas mãos e, bem cruel
(punhais: como a gente sabe apunhalar com engenho e arte, crava
devagarinho a lâmina, depois revira, dentro da ferida), pedi assim: olha
bem dentro dos meus olhos e me responde à seguinte pergunta: “Você não
me ama mais?”.
Silêncio tão espesso que consegui ouvir o ruído do movimento de
rotação da Terra. Feito nas novelas das seis, eu abri a boca quando ouvi
a resposta. Um lento Não. Um claro Não. Um seguro Não. Um límpido Não.
Um tranquilo Não. Um sem dúvida alguma Não. Um afirmativo Não. Repete,
pedi. Repetiu. Pede-se não enviar flores, pensei. Fechei a porta. Fiquei
só, chovia. Com requintes de autopiedade, limpei devagarinho com feltro
um disco da Elis, deitei no chão e ouvi umas cem vezes “Se quiser falar
com Deus”. Quando já ia abrir o gás, corri para o telefone e pedi ao Zé
Márcio Penido em Sampa: socorro. Vem, ele disse. Santo amigo. Fui, na
mesma hora. Me estonteei, vi todos os filmes, todas as peças, revi todos
os amigos, ouvi todos os discos, namorei o que deu. Tinham sido NOVE
MESES de fidelidade, no amor-amor, é sempre supernatural. Quando decidi
estou-ótimo-fullgás-total-posso-voltar, voltei. The reencontro: quando
dei por mim estava dizendo as coisas mais duras e agressivas e cruéis e
impiedosas e injustas e ferinas e baixas e grossas que uma pessoa pode
dizer à outra.
Comecei a me perder pela cidade. Selecionei vinte gatos & gatas
mais lindos do pedaço, dez semifinalistas, cinco finalistas, transei
todos. Saí sem parar. De bar em bar, telefone tocando sem parar.
Explodindo de vitalidade e saúde e sedução: capacidade de superação.
Puxa, gente, como sou maravilhoso, como sou maduro e equilibrado, como
sei dar a volta por cima, como não sou careta, como sou moderno e
liberadésimo. Aí, desabou. Dez dias. De manhã bem cedo, chegando da
vida, percebi uma pequena rachadura na parede externa do edifício.
Avançava lentissimamente. Ao meio-dia rachou de alto a baixo. O edifício
veio ao chão: me interna, pedi pra mãe, estou infeliz pra caralho.
Peguei o pacote de cartas que tinha pedido de volta (fiz absolutamente
todos os números, o problema é que a plateia estava vazia: ninguém
aplaudiu minha melhor sequência de sapateado), coloquei aos pés de Ogum.
E agora, Caio F.? Agora, estou amanhecendo. Ah, me digo, então era
assim. Essa coisa, o amor. Já conheço? Já conheço. Mas como é mesmo que
se chama? Também não estou certo se estarei mesmo amanhecendo. Talvez,
sim, anoitecendo, essas luzes penumbrosas são muito parecidas. Não sei
muita coisa. Quase nada. Pedi? Levei. Nunca tinha sido tão intenso, nem
tão bonito. Nunca tinha tido um jeito assim, tão forever. Não me diga
que vai passar, vai passar, vai passar, vai passar. Não me diga que foi
ótimo, o que você queria, a eternidade? Não me peça para não te encher o
saco lamuriando. Posso não saber nada do coração das gentes, mas tenho a
impressão, de que, de tudo, o pior é quando entra a segunda parte da
letra de “Atrás da porta”, ali no quando “dei pra maldizer o nosso lar
pra sujar teu nome, te humilhar”. Chico Buarque é ótimo pra essas
coisas. Billie Holiday é ótima pra essas coisas. E Drummond quando
ensina que “o amor, caro colega, esse não consola nunca de núncaras”. Aí
você saca que toda música, toda letra, todo poema, todo filme, toda
peça, todo papo, todo romance, tudo e todos o tempo todo, antes, agora e
depois, falam disso. Que o que você sente é único & indivisível e é
exatamente igual à dor coletiva, da Rocinha a Biarritz. O coro de anjos
de Antunes Filho levanta no ar, em triunfo, os corpos mortos de Romeu e
Julieta enquanto os Beatles pedem um little help from my friends, e a
plateia ainda aplaude de pede bis (o Gonzaguinha também é ótimo pra
essas coisas). Meus amigos, abandonados para que eu pudesse mergulhar,
voltaram a mil. Tem seus prazeres o fim do amor. Se é patologia,
invenção cristã-judaico-ocidental-capitalista, ou maya, ego, se é
babaquice, piração, se mudou-através-dos-tempos, puro sexo, carência,
medo da morte: não interessa. Tenho certeza que estive lá, naquele
terreno. Ele existe.
Por isso falo dele: Joyce e Paula me pediram elucubrações, as minhas
são estas. Estou contando a vocês que estou fazendo elucubrações sobre o
amor porque provavelmente, de uma outra forma vocês aí que me leem,
talvez com tédio, também estão pensando a mesma coisa. O bicho homem não
faz outra coisa a não ser pensar no amor. Até as relações de produção, a
luta de classes, a ecologia, o jogo pelo poder: tudo, questão de amor.
Formas de amor. Amor é palavra que inventamos para dar nome ao Sol
abstrato em torno do qual giram nossos pequeninos egos ofuscados,
entontecidos, ritmados. A vida toda. Mas se me perguntarem o que quero
dizer com isso, não tenho resposta.
O que quero dizer é justamente o que estou dizendo. Não estou com
pena de mim. Tá tudo bem. Tenho tomado banho, cortado as unhas, escovado
os dentes, bebido leite. Meu coração continua batendo - taquicárdico,
como sempre. Dá licença, Bob Dylan: it’s all right man, I’m just
bleeding. Tá limpo. Sem ironias. Sem engano. Amanhã, depois, acontece de
novo, não fecho nada, não fechamos nada, continuamos vivos e atrás da
felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que
desta, mais infernal também, pode ser, deixa pintar. Se tiver aprendido
lições (amor é pedagógico?), até aproveito e não faço tanta besteira.
Mas acho que amor não é cursinho pré-vestibular. Ninguém encontra seu
nome no listão dos aprovados. A gente só fica assim. Parado olhando a
medida do Bonfim no pulso esquerdo, lado do coração e pensando, pois é,
vejam só, não me valeu.“
*Texto de Caio Fernando Abreu na revista Around, por volta de 1985. Retirado do livro "Para sempre teu, Caio F.”, de Paula Dip.
escolhi esse, pq eu me identifico totalmente com esse texto dele.
Fui ver que nesse mês a ja postei mais de 10 vezes no mês de agosto, isso diz muito sobre agosto,e mais ainda sobre mim.
Para ler ao som de Ângela Ro-Ro
Sri Lanka, quem sabe? ela me pergunta, morena e ferina, e eu respondo por que não? mas inabalável ela continua: você pode pelo menos mandar cartões-postais de lá, para que as pessoas pensem nossa, como é que ele foi parar em Sri Lanka, que cara louco esse, hein, e morram de saudade, não é isso que te importa? Uma certa saudade, e você em Sri Lanka, bancando o Rimbaud, que nem foi tão longe, para que todos lamentem ai como ele era bonzinho e nós não lhe demos a dose suficiente de atenção para que ficasse aqui entre nós, palmeiras & abacaxis. Sem parar, abana-se com a capa do disco de Ângela enquanto fuma sem parar e bebe sem parar sua vodca nacional sem gelo nem limão. Quanto a mim, a voz tão rouca, fico por aqui mesmo comparecendo a atos públicos, pichando muros contra usinas nucleares, em plena ressaca, um dia de monja, um dia de puta, um dia de Joplin, uma dia de Teresa de Calcutá, um dia de merda enquanto seguro aquele maldito emprego de oito horas diárias para poder pagar essa poltrona de couro autêntico onde neste exato momento vossa reverendíssima assenta sua preciosa bunda e essa exótica mesinha de centro em junco indiano que apóia nossos fatigados pés descalços ao fim de mais outra semana de batalhas inúteis, fantasias escapistas, maus orgasmos e crediários atrasados. Mas tentamos tudo, eu digo, e ela diz que sim, claaaaaaa-ro, tentamos tudo, inclusive trepar, porque tantos livros emprestados, tantos filmes vistos juntos, tantos pontos de vista sociopolíticos existenciais e bababá em comum só podiam era dar mesmo nisso: cama. Realmente tentamos, mas foi uma bosta. Que foi que aconteceu, que foi meu deus que aconteceu, eu pensava depois acendendo um cigarro no outro e não queria lembrar, mas não me saía da cabeça o teu pau murcho e os bicos dos meus seios que nem sequer ficaram duros, pela primeira vez na vida, você disse, eu acreditei, pela primeira vez na vida, eu disse, e não sei se você acreditou. Eu quero dizer que sim, que acreditei, mas ela não pára, tanto tesão mental espiritual moral existencial e nenhum físico, eu não queria aceitar que fosse isso: éramos diferentes, éramos melhores, éramos superiores, éramos escolhidos, éramos mais, éramos vagamente sagrados, mas no final das contas os bicos dos meus peitos não endureceram e o teu pau não levantou. Cultura demais mata o corpo da gente, cara, filmes demais, livros demais, palavras demais, só consegui te possuir me masturbando, tinha a biblioteca de Alexandria separando nossos corpos, eu enfiava fundo o dedo na buceta noite após noite e pedia mete fundo, coração, explode junto comigo, me fode, depois virava de bruços e chorava no travesseiro, naquele tempo ainda tinha culpa nojo vergonha, mas agora tudo bem, o Relatório Hite liberou a punheta. Não que fosse amor de menos, você dizia depois, ao contrário, era amor demais, você acreditava mesmo nisso? naquele bar infecto onde costumávamos afogar nossas impotências em baldes de lirismo juvenil, imbecil, e eu disse não, meu bem, o que acontece é que como “bons-intelectuais-pequeno-burgueses” o teu negócio é homem e o meu é mulher, podíamos até formar um casal incrível, tipo aquela amante de Virgínia Woolf, como era mesmo o nome da fanchona? Vita, isso, Vita Sackville-West e o veado do marido dela, ora não se erice, queridinho, não tenho nada contra veados não, me passa a vodca, o quê? e eu lá tenho grana para comprar wyborowas? não, não tenho nada contra lésbicas, não tenho nada contra decadentes em geral, não tenho nada contra qualquer coisa que soe a: uma tentativa. Eu peço um cigarro e ela me atira o maço na cara como quem joga um tijolo, ando angustiada demais, meu amigo, palavrinha antiga essa, a velha angst, saco, mas ando, ando, mais de duas décadas de convívio cotidiano, tenho uma coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, uma sede, um peso, ah não me venha com essas histórias de “atraiçoamos-todos-os-nos-sos-ideais”, eu nunca tive porra de ideal nenhum, eu só queria era salvar a minha, veja só que coisa mais individualista elitista capitalista, eu só queria era ser feliz, cara, gorda, burra, alienada e completamente feliz. Podia ter dado certo entre a gente, ou não, eu nem sei o que é dar certo, mas naquele tempo você ainda não tinha se decidido a dar o rabo nem eu a lamber buceta, ai que gracinha nossos livrinhos de Marx, depois Marcuse, depois Reich, depois Castaneda, depois Lang embaixo do braço, aqueles sonhos tolos colonizados nas cabecinhas idiotas, bolsas na Sorbonne, chás com Simone e Jean-Paul nos 50 em Paris, 60 em Londres ouvindo here comes the sun here comes the sun little darling, 70 em Nova York disco-music no Studio 54, 80 a gente aqui mastigando esta coisa porca sem conseguir engolir nem cuspir fora nem esquecer esse azedo na boca. Já li tudo, cara, já tentei macrobiótica psicanálise drogas acupuntura suicídio ioga dança natação cooper astrologia patins marxismo candomblé boate gay ecologia, sobrou só esse nó no peito, agora faço o quê? não é plágio do Pessoa não, mas em cada canto do meu quarto tenho uma imagem de Buda, uma de mãe Oxum, outra de Jesusinho, um pôster de Freud, às vezes acendo vela, faço reza, queimo incenso, tomo banho de arruda, jogo sal grosso nos cantos, não te peço solução nenhuma, você vai curtir os seus nativos em Sri Lanka depois me manda um cartão-postal contando qualquer coisa como ontem à noite, na beira do rio, deve haver uma porra de rio por lá, um rio lodoso, cheio de juncos sombrios, mas ontem na beira do rio, sem planejar nada, de repente, sabe, por acaso, encontrei um rapaz de tez azeitonada e olhos oblíquos que. Hein? claro que deve haver alguma espécie de dignidade nisso tudo, a questão é onde, não nesta cidade escura, não neste planeta podre e pobre, dentro de mim? ora não me venhas com autoconhecimentos-redentores, já sei tudo de mim, tomei mais de cinqüenta ácidos, fiz seis anos de análise, já pirei de clínica, lembra? você me levava maçãs argentinas e fotonovelas italianas, Rossana Galli, Franco Andrei, Michela Roc, Sandro Moretti, eu te olhava entupida de mandrix e babava soluçando perdi minha alegria, anoiteci, roubaram minha esperança, enquanto você, solidário & positivo, apertava meu ombro com sua mão apesar de tudo viril repetindo reage, companheira, reage, a causa precisa dessa tua cabecinha privilegiada, teu potencial criativo, tua lucidez libertária e bababá bababá. As pessoas se transformavam em cadáveres decompostos à minha frente, minha pele era triste e suja, as noites não terminavam nunca, ninguém me tocava, mas eu reagi, despirei, voltei a isso que dizem que é o normal, e cadê a causa, meu, cadê a luta, cadê o po-ten-ci-al criativo? Mato, não mato, atordôo minha sede com sapatinhas do Ferro's Bar ou encho a cara sozinha aos sábados esperando o telefone tocar, e nunca toca, neste apartamento que pago com o suor do po-ten-ci-al criativo da bunda que dou oito horas diárias para aquela multinacional fodida. Mas, eu quero dizer, e ela me corta mansa, claro que você não tem culpa, coração, caímos exatamente na mesma ratoeira, a única diferença é que você pensa que pode escapar, e eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodca, me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída, ah não se preocupe, meu bem, depois que você sair tomo banho frio, leite quente com mel de eucalipto, ginseng e lexotan, depois deito, depois durmo, depois acordo e passo uma semana a banchá e arroz integral, absolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa, depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, bato o carro numa esquina ou ligo para o CW às quatro da madrugada e alugo a cabeça dum panaca qualquer choramingando coisas tipo “preciso-tanto-uma-razão-para-viver-e-sei-que-essa-razão-só-está-dentro-de-mim-baba-bá-bababá” e me lamurio até o sol pintar atrás daqueles edifícios sinistros, mas não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma? Ah, passa devagar a tua mão na minha cabeça, toca meu coração com teus dedos frios, eu tive tanto amor um dia, ela pára e pede, preciso tanto tanto tanto, cara, eles não me permitiram ser a coisa boa que eu era, eu então estendo o braço e ela fica subitamente pequenina apertada contra meu peito, perguntando se está mesmo muito feia e meio puta e velha demais e completamente bêbada, eu não tinha estas marcas em volta dos olhos, eu não tinha estes vincos em torno da boca, eu não tinha este jeito de sapatão cansado, e eu repito que não, que nada, que ela está linda assim, desgrenhada e viva, ela pede que eu coloque uma música e escolho ao acaso o Noturno número dois em mi bemol de Chopin, eu quero deixá-la assim, dormindo no escuro sobre este sofá amarelo, ao lado das papoulas quase murchas, embalada pelo piano remoto como uma canção de ninar, mas ela se contrai violenta e pede que eu ponha Ângela outra vez, e eu viro o disco, amor meu grande amor, caminhamos tontos até o banheiro onde sustento sua cabeça para que vomite, e sem querer vomito junto, ao mesmo tempo, os dois abraçados, fragmentos azedos sobre as línguas misturadas, mas ela puxa a descarga e vai me empurrando para a sala, para a porta, pedindo que me vá, e me expulsa para o corredor repetindo não se esqueça então de me mandar aquele cartão de Sri Lanka, aquele rio lodoso, aquela tez azeitonada, que aconteça alguma coisa bem bonita com você, ela diz, te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez, que leve para longe da minha boca este gosto podre de fracasso, este travo de derrota sem nobreza, não tem jeito, companheiro, nos perdemos no meio da estrada e nunca tivemos mapa algum, ninguém dá mais carona e a noite já vem chegando. A chave gira na porta. Preciso me apoiar contra a parede para não cair. Por trás da madeira, misturada ao piano e à voz rouca de Ângela, nem que eu rastejasse até o Leblon, consigo ouvi-la repetindo e repetindo que tudo vai bem, tudo continua bem, tudo muito bem, tudo bem. Axé, axé, axé! eu digo e insisto até que o elevador chegue axé, axé, axé....
Caio F. de Abreu.
------ a lora, como sempre, mexeu no meu vespeiro. Reler Caio F de abreu, era o q fatava pra me fuder. Sou só arrepios.
De você sei quase nada Pra onde vai ou por que veio Nem mesmo sei Qual é a parte da tua estrada No meu caminho
Será um atalho Ou um desvio Um rio raso Um passo em falso Um prato fundo Pra toda fome Que há no mundo
Noite alta que revele Um passeio pela pele Dia claro madrugada De nós dois não sei mais nada
De você sei quase nada Pra onde vai ou por que veio Nem mesmo sei Qual é a parte da tua estrada No meu caminho
Será um atalho Ou um desvio Um rio raso Um passo em falso
Um prato fundo Pra toda fome Que há no mundo Se tudo passa como se explica O amor que fica nessa parada Amor que chega sem dar aviso Não é preciso saber mais nada
"Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou “o que foi?” — perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a) — mas a morte é inevitável, e portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor — essa pessoa — continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo — porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem
se terá, quando o fim do amor é: NEVER.
Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-semele-não-vivo-então-quero-morrer-e-quero-morrer-drogado. Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: “Se você não
me amar, eu matarei o presidente.” E deu um tiro em Ronald Reagan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George — se não houver golpe publicitário nisso — é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.
No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira: compreendo, sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do
pó. O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya, ilusão, passatempo. E exigimos o eterno do perecível, loucos.
Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François
Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua.
Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele:
transformara-se no símbolo sem face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: “É para você, para você que eu escrevo” — dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.
Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando
nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que — se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor — depois do não, depois do fim — reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.
Ai, que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa — muito mais sábio —, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, “o amor car(o, a) colega esse não consola nunca de núncaras”. E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins."
"Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos de “minha vida”.
Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus — enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro. Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de “minha vida”. Outros fragmentos, daquela “outra vida”. De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos. Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mau me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas. Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector — “Tentação” — na cabeça estonteada de encanto: “Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível.” Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele para. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece. De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito joias encravadas no dia a dia. Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria. Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome."
Esse é um texto do Caio. E eu voltei nele pq nele tenho vontade de nunca mais sair das letras, só através delas me faço entender, e encontro a compreensão.
Obrigada Caio, por ter sido tão maravilhosamente completo.
Mês fudido, lascando com meus processos subjetivos. Eu preciso dizer que tô pra ficar doida. Se não fosse a música pra onde ia tudo?
Vamo lá. Abstrai.
Eu não vou mudar, não
Eu vou ficar são
Mesmo se for só
Não vou ceder
Deus vai dar aval sim
O mal vai ter fim
E no final, assim, calado
Eu sei que vou ser coroado
Rei de mim
...tua lembrança... a estrela me guia.. da alfazema... fiz um bordado, vem meu amor, é hora de acordar..... tenho um anis, tenho hortelã...tenho um cesto de flores, eu tenho um jardim e uma canção....vivo felizzz, eu tenho um amor , eu tenho um desejo e um coração, tenho coragem sei quem eu sou, eu tenho segredo e uma oração. Sei que a minha força é quase santa, como foi santo meu penar foi provocar desejo e depois renunciar. Estive cansado, meu orgulho de deixou cansado, meu egoismo em deixou cansado, minha vaidade me deixou cansado... não falo pelos outros...só falo por mim.... NINGUÉM VAI ME DIZER O QUE SENTI. ____Amo amo amo amo_ e eu vou cantar uma canção pra mim.
ja fizemos promessas demaisssss.... já me acostumei com a tua voz, quando estou contigo estou em paz.........quando não estas aqui , teu espirito se perde, voooooaaaaa longeeeeee, lonnnnnnngeeeee.......
Essa semana.
Ainda bem que dia 19 eu estarei na roça
Agosto virou um mês tenso desde que meu amigo morreu
na verdade, sempre foi um mês de muita demora, e com muita coisa
mas desde 2013 é um mês que começa e termina com dor e saudade
dia 19, estarei lá, e não há lugar melhor para estar. É dia de obrigação pra meu Oguiã. Ou seja, estou certa de que sua espada estará por mim.
Vai ser um dia que irei acordar revivendo uma perda
um dia de tentar encontrar um pouquinho de meu amigo
eu penso ele quase todos os dias de minha vida
eu olho a foto dele todo dia quando acordo
eu ainda lembro da voz dele
ainda ouço suas brincadeiras
ainda sinto o cheiro de seu perfume preferido
ainda escuto suas brincadeiras
ainda ouço ele me chamar de kenga
ainda espero adivinhar suas reações ouvindo minhas novidades
ainda escuto seus esporros quando apronto alguma coisa
ainda escuto seu ronco
ainda lembro de nossas confissões, ainda lembro de seus ensinamentos
das vezes que precisei brigar com ele
das noites e noites e noites no ponto de ônibus, sendo universitários felizes, cheios de planos
lembro das vezes que disse, que avisei, e ele não me ouviu
e é por isso que ele n me procurou.
Eu amo tanto ele
o tempo pode ser tão estranho
como pode já fazer 3 anos?
parece tudo tão recente pra mim
no show de legião eu estive com ele
assim como em tantos outros momentos
queria tanto que ele me visse vestida de ekedi, queria tanto levar ele lá
queria tanto que ele conhecesse minha casa
e que me xingasse pq ainda n escrevi nem uma linha
Meu amigo
meu amor
nunca morra dentro de mim
nunca me deixe esquecer sua voz
eu posso estar perto de dar um tiro no pé
posso estar começando o inicio da minha tragedia
daquela virada da vida
que a gente nunca sabe onde vai desenbocar
e que tudo diz que não vai ser facil
eu sei
eu sei
eu sei
e não consigo evitar.
É como se já não desse mais pra não pensar nisso
pra evitar os desvios
eu posso estar toda errada e toda enganda
e ja saber o final disso
e ainda assim estar querendo pagar essa conta
ainda assim querer.
há um tanto de sadismo nisso
há um tanto de boicote
e há um tanto enorme de inevitabilidade
é a hora de começar a contar minha história de um outro jeito,
num outro tom
num outro rumo
eu não sei quando
não olhei no calendário
e agora preciso focar nos prazos
mas eu já sinto o cheiro da vida mudando
eu já sei que serei outros contos em outros cantos.
"Meu bem Talvez você possa compreender a minha solidão O meu som, a minha fúria e essa pressa de viver E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza E arriscar tudo de novo com paixão Andar caminho errado pela simples Alegria de ser"
hoje é 11 e o dia foi foda.
dormi lá
acordei lá
passei o dia lá
e terminei o dia com o por do sol
ainda bem
11 é muito mais q cabalístico
é profético
eu nem sabia quantos mil quilometro de distancia estão ocorrendo nesse momento
1.119 km de condução
951,83 km em linha reta
é chão é tempo e significa absolutamente nada
Eu espero que lá tenha tido chuva, que troveje, e caia a maior tempestade dos últimos tempos. Desejo que os farelos de bolo fiquem pela casa e que a pia fique cheio de copo pra lavar
e que se sobrar um tempinho, fagner toque bem alto e a voz do banheiro saia mais alto ainda.
Espero também que uma hora dessas o presente chegue no mar, pode ser no rio tb. Oraiêiê ô
Que role uma pesca, e o barulho do barco ocupe todos os espaços. Espero também que a espera seja boa, e que até que a gente chegue lá, cheguemos em muitos lugares, e contemos muitas histórias, até que as cadeiras na frente de casa, lá no bairro do Santo Antonio, perto do boteco Monte Pascoal, conheça enredo por enredo. E todas as taças de vinhos, encostadas no pé da cadeira, sejam para celebrar o tempo que passou, e passamos, e brindar o que vai vir: samba, colchão na sala, a vida dos outros na caçada vendo o topo da igreja e os menino correndo de lá pra ca.
é muita coisa que eu espero. E tudo cabe no 11.
O por do sol leonino bombou hoje no meu quintal.Okê Arô
s.f. Quantidade muito pequena de um líquido que se destaca sob a forma de um glóbulo; pingo. Quantidade muito pequena.loc. adv.Gota a gota, aos pinguinhos, pingo por pingo; lentamente, pouco a pouco.
Na verdade, o problema não é a gota.
Tá, comecei esse post e forma bem autista e esquizo. Gosto inclusive quando minha cabeça funciona assim, mas as pessoas que me leem não. É como aquele povo que me faz rir, porque pressupõe que sabemos o que se passou na cabeça dele antes q eles começarem a falar. Não, calma, há todo um percurso, e um devir de sentidos nesse post, não é só um devaneio aleatório, ou é..
Retornando para a gota. Hoje ouvi a seguinte inquietação:
- eu sou intensidade e vc me vem com gotas.
Acho que foi das coisas mais lindas que ouvi nos últimos tempos , profundas e simbólica sobre intensidades.
Aí, a de cá, que é assim, movida a fluxos de intensidades, já catou. Preciso trazer isso para além do simbólico, preciso tornar isso palpável para nossas vidas. A metáfora da gota. pode funcionar em muitos aspectos.
Preciso voltar para a gota.
Foco.
Na verdade se pensarmos para além do efeito estático que visualizamos, normalmente, a gota, conseguiremos ver que a gota dificilmente cai sozinha, e nunca cai igual, e nunca é igual.. O que lasca com a gota é a nossa incrível capacidade de congelar e deixar tudo estático.Querer que tud tenha um efeito fotográfico paralisante. É um esforço diário mudar isso, pra não ser mais do mesmo.
A primeira coisa que eu tenho pra falar sobre isso é a relação, posta na frase, entre intensidade e a gota.
Como foi dito, é como se não houvesse intensidade na gota, ou, mais grave, é como se, ignorássemos que as enxurradas são gotas, gotas, gotas, milhões de gotas. Um cachoeira de gotas, um oceano de gotas, rios inteiros de gotas.
As intensidade as vezes podem ser mais efêmeras do que a gota. Pq caem de vez, e como uma queda d´agua vão embora com a mesma intensidade e rapidez que brotaram.As catastrófres das grandes águas simbolizam bem seus estragos: redemoinho, enchente, inundação, tsunami...
Talvez por não ser especialista em natação, eu tenha medo de afogar nas grandes águas. Cautela.Respira, pega ar, mergulha aos poucos, sem perdão o chão, sem perder a superfice.
Gotas são tão intensas que há relatos de torturas físicas gravíssimas usando só uma gota. As vezes as gotas salvam vidas. Uma gota no meio do deserto pode salvar uma vida. Ou até mais de uma.A gotinha do soro caindo no leito de um hospital não pode falhar.
Na verdade o problema, para mim, são os conta gotas. Apesar de muito importantes, pq as vezes eles garantem uma dosagem curativa. Mas eu preciso confessar, contas gotas são uma regulagem escrota. Uma tecnologia de controle absurda que pode destruir qualquer chance de vida.
A merda do conta gotas tem a função miserável de controlar. Isso não pode ser bom. Apesar, de necessário, e ter lá sua utilidade em estratégias de sobrevivência.
Meu conta gotas veio com defeito. OU, em algum momento da vida, que eu não me lembro exatamente qual, eu me estranhei com ele e boicotei, joguei no lixo. As vezes eu queria que ele voltasse a funcionar, preu ter a falsa sensação de que estou salva de mim mesmo.
A gota não necessariamente precisa brotar do conta gotas. Ela podem simplesmente existir, e proliferar, e multiplicar, e virar mares e oceanos. E virar poesia, e/ou, lindas histórias.... de gota em gota.
Acho que a suavidade da gota, tem uma intensidade monstruosa. Gota pode ser carinhosamente chamada de pingo. Olha só que coisa linda pode virar: toma um pingo de mim. De pingo, em pingo, me tens inteira.
Eu sou réu confesso. Vivo a gotejar. Sim, eu, a filha de Oxum. Justo. A gota de água doce que não resiste a uma água salgada que cai no rosto, quando sou levada por uma enxurrada.
Insisto caetaneando:
"Não sou proveito, sou pura fama..." , a música que diz muito sobre minhas incompetências.
Em tempo: Morrer afogada é um pânico bem antigo e particular meu.
Olha.... Uma vez um homem serio e experiente disse uma coisa pra una amiga e isso serve pra mim até hoje: saudade pode causar os maiores estragos da nossa vida. Como eu posso ta com tanta saudade? Ainda mais depois de ontem. Tanta coisa dentro de mim. Queria um dia inteiro num lugar longe de tudo. Sozinha só pensando e sentindo. Vou dar um jeito de me dar isso. Sei é q sei como não enlouquecer.... eu sei: Tocar e cantar Se a gente lembra só por lembrar O amor que a gente um dia perdeu Saudade inté que assim é bom Pro cabra se convencer Que é feliz sem saber Pois não sofreu
Porém se a gente vive a sonhar Com alguém que se deseja rever Saudade, entonce, aí é ruim Eu tiro isso por mim Que vivo doido a sofrer
Ai quem me dera voltar Pros braços do meu xodó Saudade assim faz roer E amarga qui nem jiló Mas ninguém pode dizer Que me viu triste a chorar Saudade, o meu remédio é cantar. luiz gonzada, o cantador de amor.
“- Eu tenho que ir…
Tenho que alcançar minha carona.
- Então vá.
- Eu fui.
- Achei que talvez fosse maluca… Mas você era interessante…
- Queria que tivesse ficado.
- Eu também queria ter ficado.
Agora eu queria ter ficado, queria ter feito um monte de coisas.
Eu queria ter… eu queria ter ficado… queria sim.
- Eu desci e você tinha ido.
Eu sai… sai pela porta
- Porquê?
- Não sei. Me senti um menino apavorado, era mais forte que eu… não sei.
- Estava com medo?
- Estava… pensei que soubesse que eu era assim.
- Corri de volta pra fogueira tentando superar minha humilhação, eu acho.
- Foi alguma coisa que eu disse?
- Foi.
- Você disse: "Então vá”, com tanto desdém, sabe?
- Me desculpe…
- Tudo bem.
….
- Joely…
- E se voce ficasse dessa vez?
- Eu fui embora pela porta… não sobrou nenhuma lembrança.
- Volte e faça uma despedida, pelo menos. Vamos fingir que tivemos uma.
- Tchau, Joel.
- Eu te amo.
- Encontre-me em Montauk….“
Menina, amanhã de manhã quando a gente acordar quero te dizer que a felicidade vai desabar sobre os homens vai desabar sobre os homens vai desabar sobre os homens
Na hora ninguém escapa debaixo da cama ninguém se esconde a felicidade vai desabar sobre os homens vai desabar sobre os homens vai desabar sobre os homens
Menina, ela mete medo menina, ela fecha a roda menina, não tem saída de cima, de banda ou de lado. Menina, olhe pra frente Oh! menina, todo cuidado, não queira dormir no ponto, seguro o jogo, atenção. (De manhã)
Menina, a felicidade é cheia de praça, é cheia de traça é cheia de lata é cheia de graça.
Menina, a felicidade é cheia de pano é cheia de peno é cheia de sino é cheia de sono
Menina, a felicidade é cheia de ano é cheia de Eno é cheia de hino é cheia de ONU.
Menina, a felicidade é cheia de an é cheia de en é cheia de in é cheia de on
Menina a felicidade é cheia de a é cheia de e é cheia de i é cheia de o
é cheia de a é cheia de e é cheia de i é cheia de o
A sensação de que tem uma orquestra atrás de mim é muito forte. A sensação de que xs diretores da minha série ridícula estão rindo de mim, é mais forte ainda. Devo sofrer da síndrome de Truman, ou uma espécie de complexo de estrelismo. Estou em plena segunda-feira, sentada numa mesa amarela com uma calça rosa e um sapato lilás. Que tipo de pessoa hipster merece ser levada a serio? É, o dia tá assim. Precisando tomar uma injeção forte de auto estima . Eu preciso conectar com aquele roncó. Deve haver uma dose. Eu fico aqui so pensando em onde estarei daqui ha um ano. Rindo de que? Chorando pelo que? Acreditando em quem? Lutando pelo q? Comemorando? Lamentando? Esperando? Quais serão os nomes? Sempre faço isso. Quando fico assim fujo pro futuro. Sempre ajuda. E se ajuda, salve-se como puder. Esse mês vai acabar logo. Vai sim. E aí, as coisas acontecem logo e definem logo e eu saio dessa piscina de sonhos bestas e me sevo no sol de setembro com o perfume da primavera. Em tempo: agosto é o mês do velho. Que ele seja bondoso com essa filha e cure as feridas desse corpo e coração. Por enquanto, toco daqui e ele responde de lá.
os dramas de romances me deixam atordoada
eu nunca soube lidar bem
surto
n sei como agir
meto o pé pelas mãos
eu fico perdida
e lembro da musica de adriana calcanhoto - Mentiras -, que desde muito nova me chamava a atenção
acho que era o susto pela possibilidade de me reconhecer nela.
tô na merda
em duas semanas consegui destruir todo meu equilíbrio emocional que construi durante décadas, Ou pelo menos achei q tinha.
E eu fiz isso sozinha. Euzinha aqui.
Eu devo colocar um pouco disso na conta das duas semanas entre luto e hospital que passei. Agora q meu irmão conseguiu sair do risco eminente de morte, eu acho que eu consegui relaxar e aí toda a bagunça disso saiu por outros poros.
Mas não é só isso. Não vou delegar a culpa disso as fatalidades da vida. Isso pode ter criado o cenario ideal... mas puts, n podia ter sido uma coisa de cada vez?
Essa semana eu n sei como eu consegui fazer tanta merda de uma vez só. Eu n faço ideia de onde sai tanta criatividade auto destrutiva.
É muita potencia jogada pro lado errado. Só pode.
Acho que agora eu começo a organizar isso, eu preciso tirar tudo de casa pra conseguir arrumar ela. Sempre foi assim. Quando o caos se instala em mim , eu preciso tirar tudo de mim, eu preciso fazer isso, pra conseguir colocar tudo no lugar de novo. Eu preciso cumprir meus prazos, escrever, entregar relatório, submeter pra qualificação, e eu não vou conseguir fazer isso com a vida do jeito que ta. Meu coração ta todo despedaçado e eu n sei onde os cacos foram parar. Quando isso acontece, os estragos são incontáveis.
Eu já sei o caminho que preciso fazer.
tirar tudo de dentro
pensa
pensa
pensa
sente
sente
sente
e começo a me refazer, juntando cada pedacinho e tentando encontrar o foco. Tentando.
Nem me lembro a ultima vez que me senti assim. Acho que foi la em 2013, a diferença é que as coisas lá atras aconteceram ao longo de meio ano, e agora foi tudo, TUDO, sentimentos extremos, opostos e loucos em três semanas. Aquele ano que eu sai de mim, esse ano eu não morro. Tenho certeza que vai ser um consolo voltar la nos posts de 2013 e perceber que com o tempo tudo passa.
Minha lucidez caótica é o meu sagrado. Preciso em reestabelecer. Pq eu ainda n consigo falar uma virgula sobre o que eu senti. Eu consigo constar e falar, e ja falei, mas eu n sei se alguém algum dia vai entender o que senti. Pq alguém entenderia meu romance tragi-cômico? Quem se interessa?
Eu sei que eu vou ficar bem. Eu so preciso entender esse toque de tamborim, preciso tirar isso a limpo. Preciso entender pq agora. Pq essa semana? pq tudo junto? Quem é essa feminista que mandou esse email? O que teria acontecido se eu n tivesse recebido ou lido esse email?
Como eu vou tirar aquela sensação de mim? Como vou viver sem as minhas certezas?
E agora?
A verdade é que eu tô fudida hoje e nem posso me embriagar. Vou numa festa de intelectuais marginais pq lá pelo menos eu vou conseguir ouvir outras vozes além da minha loucura.
mas amanhã eu não estarei. Vou ao show de Paralamas do Sucesso, usar da nostalgia pra me embriagar e chorar abraçada em mim mesmo.
essa é a hora que eu me faço de vítima.
Sou vítima de ninguém, de mim mesmo. E só.
Quem procura acha. Quem acredita sempre alcança. Quem pede tem. Tudo isso aí e mais um pouco.
Agora eu quero ver o que a mizeravona aqui vai fazer.
agora eu quero ver o samba tocar e eu acompanhar. Acompanhar Marília Mendonça é facil eu quero ver é Cartola.
Minha vida hoje poderia se resumir a isso.
agora eu quero ver.
enquanto isso, tome-lhe batuque, de roça e de tamborim. Eu entendo a musica como um alívio das minhas cordas vocais que não tem mais o que dizer.
eu sei que o negocio tá complicado pro meu lado. Que o tempo virou, a chuva caiu, e papai deu o ar de sua graça, e ele nunca vem sem nada. Exeuê! Sexta-feira é sempre santa. Agô meu Pai, misericórdia de sua filha, só me mostre o caminho que eu consigo percorrer, se não, me ajude a me perder.
Estou zonza e sem ar. Sem reação. Esperar não é meu forte, mas é minha sina. As melhores merdas da minha vida eu fiz em estado de espera.
Caracajus. Entendo Chico. Ele me entende.A alma saindo pela boca.Dois becos que se cruzam.Quem afaga o fogo.O frio afoga em chama.Essa é a minha praia.Lança agora tua âncora.Estou de um jeito tão porto e tu tão perto, navio. Lança a âncora e acampa.Semeia em meus campos as tuas sementes.Estou em período fértil de ti. E o que vejo avulta preenche minha aldeia. Onde sou já terra alheia a intuir e entoar. Cantos de receber e dar.
A tensão corporal tensiona o espirito, tensiona os dias, tensiona de uma forma boa. Toca Carla, toca... toca que passa. Toca seu tamborim a tarde toda. Me digo: pra que se preocupar com dissertação se vc tem uma tensão corpoespiritual pra conviver? Rs.
Não a toa a ordem ontem foi:Vá pro quarto do velho. Fui. Conversei. Bati cabeça. Pedi misericordia. Pedi agô, pedi, pedi, pedi tanto que nem parei pra pensar se devia agradecer.É que ainda n sei.
Que minha mãe interceda por mim, e que tire esse mel de perto de mim. Troco por sossego.Mentira.
Viu o que eu faço?
Sou assim,
já digo sabendo que vou desdizer.
hoje é sexta, e o tamborim não desgruda de mim. Êpa Baba.
Bora sambar.
"Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés "
escrevi tanta carta de segunda para cá
poucas foram de fato pro papel
as melhores ainda estão em mim
não sei se conseguirei um dia escreve-las
de ontem pra cá meus sentimentos viraram todos de cabeça pra baixo
quanto mais o tempo passa menos eu sei das coisas
e isso de certa forma me movimenta
eu busco
sei que busco
agora mesmo estou buscando na zuada de um taborim uma perspectiva de ter com o que sonhar de ter motivos para escrever
de sair de mim de novo
o moço do tamborim vai chegar
e eu sei exatamente os caminhos que vão aparecer
e já já parte disso se define
eu deveria evitar
deveria
eu devo muito a mim mesmo
hoje foi um dia estranho. Ontem eu não dormi, e hoje eu dormi na hora que não era pra dormi. A vida não se aquieta. Não é julho, sou eu, que insisto, insisto, insisto.
bora lá
a vida q segue
e eu incansavelmente
me entrego a meus "não sei", mesmo sabendo.
"...Let the magic rain With a blanket made of stars To wrap the both of us As we fell into the light Our worlds collide Yes that's the way that our worlds collide Here I am and here I stand Our worlds collide Our worlds collide And I will wait for you And I'll wait forever too You're in You're in my heart In my heart It's true"
Acordei mais de dez, em menos de 40 minutos estava na metade do caminho do hospital, ja tinham dois dias q n ia la. Fui pq ainda faltava uma hora pra acabar a hora da visita e meu coração me empurrada. Botei a primeira roupa, e fui.
Cheguei em muito menos tempo q imaginei.
Subi. 5o. andar.UTI. Unidade de Terapia Intensiva. Pavor.
Curativo. Espera.
espero, espero, espero
- ta acordado doutora?
-Não. Infelizmente vc chegou tarde. Tivemos que sedar ele bastante, pra dar banho, porque ele pode sentir muita dor.
Frustração. Eu tinha certeza que conseguiria ver aquele zói aberto.
Entrei sem luva
peguei naquele pé inchadíssimo,e com marcas roxas
subi pela perna.
Tinha muito menos pano que da outra vez.
Subi mais
cheguei na mão....subi pro braço. Tive a sensação q ele tentou me pegar.
Só posso ser louca. Ele está em coma.
Não.
Meu deus
ele mexeu mesmo
reflexo, moça? - perguntei pra enfermeira
-Não.... Bernardo, vc está acordado?- pergunta elapra ele
ele balança a cabeça q sim
quase pedi q ela se referisse a ele como kekeu
de repente, de supetão, ele abre os olhos bebados
ele me olha
com a angustia da saudade
o medo do vazio
do q vai ser daqui pra frente
eu olho pra ele ja em lagrimas
chorei chorei chorei
emoção pura.
Meu irmão lindo, tava ali me olhando. Tentando se mexer. Inquieto. Pressão sobe, sobe, sobe, entra medica, enfermeira.
Não háprivacidade nenhuma na UTI, vc está escancarado, seu corpo nu é zona livre pra medicxs e enfermeirxs, e até se vc se emociona e seu coração acelera elxs sabem pelos monitores. - Se acalme, Bernardo, se vc quer qu sua irmã fique aqui vc precisa tentar se acalmar.
Tento saber o que ele quer, abre o olho, me pedindo ajuda, me pedindo q o compreenda.Estabeleço um jogo de códigos. Faço perguntas e ele responde se sim apertando a minha mão. Balança a cabeça pra dizer não,
De pretende joga fora aquele pregador de dedo, e escreve no lençol
um I. Claro. Isadora. Sua filha. Tentei tranquilizar ele...disse q tava tudo sob controle. prometi um cinema. Ele ficou emocionadissimo.
Na verdade, ficamos.
que momento único
acho q mesmo q ele me olhe varias vezes mais na vida, eu nunca mais vou esquecer daquele olhar
nunca mais na vida vou esquecer aquele aperto de mão
aquela chance a vida tava me dando de vê vida naquele corpo, de estar com ele,