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quinta-feira, 17 de setembro de 2020

só existo do pescoço para cima? [PANDEMIA]

 Acho que das coisas mais importantes que tenho feito esse ano é registrar os impactos da terapia em mim. Muitas vezes que escrevo aqui eu acabei de sair da sessão. Eu realmente me dei muito bem com Clara e sinto que me organizo muito melhor porque tenho meus encontros com ela.  E o fato dela ser uma terapeuta que trabalha com corpo e com a abordagem psicanalítica também me deixa muito confortável. 



Estou reflexiva depois que sai da última sessão. Saí tão doida, que fui conversar com o boy sobre algumas percepções que eu queria entender que ele tem sobre mim, e ele me disse algumas coisas que ela tb me disse e que fazem sentido. Foi bom ouvir alguém como ele, que me conhece superficialmente, e que em algum grau ta envolvido afetivamente por mim,  falar sobre suas percepções iniciais. 


O fato é que hj na sessão voltamos ao papo sobre a grande cisão da minha vida. 


~~Eu pareço só existir do pescoço para cima.~~


A materialidade de meu corpo foi anulada da minha existência. E isso implica em muita negação de mim. Falei para Clara sobre os meus investimentos financeiros, intelectuais e afetivos de desejar me aproximar de meu corpo através do cuidado. Há um tempo percebo que lido com um certo abandono de meu corpo, e é exatamente assim, muito investimento racional para construir meu patrimônio intelectual e quase nada de investimento sobre meu corpo, isso se reflete nos cuidados de forma geral, e posso focar aqui na minha alimentação o que me nutre. 

A preocupação com o corpo é muito além da estética é a compreensão de que é a minha morada, e a morada daqueles invisíveis que habitam em mim, na minha fé. É pq logo eu que falo tanto de conectar com as emoções e a importância de se melhorar através disso, pareço não sair do campo da racionalidade, quando é no corpo que se aterrizam as emoções

Entendi que essa grande cisão foi a forma que encontrei de me manter viva nesse mundo, a partir de todas as faltas que me cercaram na infância, entendi também que esse abandono vem de longa data e que esse reconhecimento é parte do trabalho terapêutico. Isso dá sentido a minha dificuldade de meditar ----- envaziar----- e entrar em qualquer projeto que mexa com meu corpo, em que eu me faça uma criatura integral. 

Ninguém pode existir só da cabeça para cima ou da cabeça para baixo. Não somos blocos, apesar de me sentir assim muitas vezes, é como se de fato eu tivesse desconectada. E faz todo sentido que somente há pouco tempo sexo foi ser bom pra mim, pq somente a pouco tempo eu passei a olhar para meu corpo, mas ainda assim, de forma sectarizada, pq a sexualidade feminina é algo que permeia minha intelectualidade, me interessa entender e pensar isso, e aí movida, mais uma vez. por uma demanda racional, eu encontro os caminhos do prazer sexual, que ta muito, muitíssimo pautado pela racionalidade. 

O bagulho é doido e a gente mete a loka mais ainda. O fato é que a racionalidade de manteve viva até aqui, foi assim que construí minha vida, foi assim que garanti minha sobrevivência em todos os sentidos, e por isso não devo abandoná-la, porém , é chega a hora também de me tornar uma pessoa integral, entender que fincar os pés no chão é importante, e conectar com as emoções pelas vias da emoções e não pelas vias da intelectualidade pode me ajudar a sarar de muitas feridas, e viver minhas escolhas de maneira mais plena. 

Não a toa sábado tenho um encontro com Felícia , uma mulher que ta proporcionando um curso sobre riso e descolonização do corpo, eu sempre senti curiosidade de fazer algo com ela, mas sempre achei que não valia a pena pq eu não consigo de fato entrar nesses trabalho. Pois chegou o tempo de eu encarar isso, mesmo que dê em nada,  sábado irei entre outras mulheres vivenciar isso, ou pelo menos tentar pela via da arte acessar minha materialidade e entender que emoções estão ocupando este território aqui. 

Deixar de ser dois blocos, sentir o corpo,e experimentar, me aproximar da psicanálise enquanto possibilidade formativa, bem agora nesse momento, é muito simbólico. 

vamo lá meu bem, q o  barulho tá alto demais pra dormir

eis minha cara tentando entender as equações lacanianas



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