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domingo, 6 de setembro de 2020

das cartas que eu não mandei [PANDEMIA]

  

~~~~Hoje fazem 2 meses, que precisei escrever para ele e para mim que havíamos acabado tudo. Que não seríamos mais um casal. 

Tava aqui mexendo as coisas do computador antigo , passando algumas coisas pro novo, e encontrei um série de escritas minhas em momentos de muita dor e compreensão do que vinha acontecendo comigo e encontrei uma das cartas que escrevi para ele e não mandei. Não mandei porque já não acreditava que seria possível concertar aquilo comigo dizendo algo, já que durante esses anos eu ja disse tudo. 

Tem algumas, mas essa em especial me tocou e  decidi guardar aqui pra sempre que eu duvidar de mim, e da minha decisão, voltar aqui pra ler e lembrar pq eu decidi ir embora. Também acho que não mandei porque até o fim do fim a gente , que é romântica em alguma medida, acredita que o outro vai tomar um sacode, nos compreender e vai de repente se dar conta do quão imenso e lindo era tudo que temos pra ser e tudo vai ficar bem, algo que viesse dele e não de mim. Em fim, que fique registrado, para que não mais me demore em lugar onde não fiquemos confortáveis. E considero que poderia ter sido muito pior, poderia ter demorado muito mais a cair na real e pular fora dessa história, diante do meu histórico de insistência em histórias abusivas, eu até que me saí...




----- escrita em junho de 2020, uma semana antes. 


"Há um impulso em mim, um impulso de escrever. Escrever, sobre você, e sobre mim, na verdade escrever sobre algo muito maior. Mas talvez você seja o ponto de partida, sendo o ponto final.  

Eu sei tudo que fomos, e sei tudo que nos tornamos. Eu poderia transformar isso num espetáculo, mas eu não quero....me interessa muito mais analisar a situação e transformar em aprendizagem, te convido a aprender. Faz bem. Não quero usar de ironias nem de acusações. Quer falar do que podemos ser, já que não somos.  


Quero falar de porque não seremos.  


Eu finalmente entendi que projetos em comum são importantes, entretanto não são determinantes, o que é determinante é o A-M-O-R...tu tinha razão. E nesse tempo de quarentena. Me dei conta de que seu amor é pouco para mim. Não porque ele é inferior, mas pq, a sua forma de amar se construiu a partir de uma outra logica que a minha. Com marcas muito especificas, e distantes do que eu penso sobre tudo que contempla uma parceria de casal. Eu  sempre buscando seu amor.Aliás, estava. Isso não pode ser bom. 


Eu entendi nesse processo, um pouco sobre suas exs. E eu sempre soube que sempre há duas versões para uma historia, ou até mais versões ? E eu sabia que vivendo uma história com vc , as versões de suas exs iam aparecer, não através de suas falas, mas através das marcas que vc deixa nas pessoas que vc se envolve. 

A forma como resolve, ou não resolve, o silencio, e a entrega ao tempo, lhe coloca num lugar que horas eu penso que seja de conforto, outra de agonia.


 Eu decidi experimentar isso, ao longo de dois meses. Tenho me mantido em silencio. tenho seguido seu fluxo de desinteresse. Primeiro para entender seu funcionamento ainda mais, e segundo pq realmente não há muito o que ser dito.  Eu penso que com certeza vc sentirá um enorme alívio quando eu conseguir fazer isso, apesar de seu discurso de termos um grande amor, sua prática revela o contrário, de que vc só não tinha coragem de terminar, sabe-se lá pq.


Você não é um monstro violentador, porém, para deixa de estabelecer relações abusivas - sim vc estabelece relações abusivas - vc precisa reconhecer-se assim. Não tenha medo de nenhuma denuncia, eu já disse que vc não é um monstro. Teve algumas atitudes bem próximas a monstruosidade de machos péssimos que me topei pela frente, mesmo se auto declarando diferente. Isso não é um julgamento, é uma constatação, se vc se sentir mal por isso, é um ótimo sinal, e espero que consiga fazer diferente daqui pra frente.  


Mas vc sabe todas as vezes que vc foi assim, eu sei que sabe, porque eu sinalizei todas as vezes. Você tentou reverter, mas não resistiu a tentação de repetir.  Fazer de novo, com outros elementos mas com a  mesma lógica. 


Depois desses dois meses de silêncio, cheguei a pensar que vc  não mais aguentaria me ver  fazendo o seu papel, e viria me solicitar explicações, mas não, você acredita tanto nesse seu modo de amar que me parece estar bem confortável com isso.  


Já nem me questiono mais o porque, nem como consegue fazer isso, nem porque eu me deixei viver isso por esse tempo todo. A verdade é que desde de junho do ano passado deveríamos ter findado essa relação e por pura insistência e apego, continuamos. Eu jamais confiaria em vc depois de vc mentir na minha cara, negar veementente fatos, sem nenhuma necessidade disso.  


Eu jamais conseguiria estabelecer mais relação de confiança com alguém que mente com a facilidade que vc fez, sei  pq, por medo, por achar q tinha mesmo direito de fazer isso, convicção 


O fato é que acabou ali. Junto com tudo aquilo, coma forma que conduziu , como tentou me dizer que eu que estava errada de buscar saber a verdade que você tentou de todo jeito esconder e a verdade veio a mim através de seu descuidado com a nossa relação. Depois dalí nada mais foi possível de crescer, só de diminuir.Foi ladeira abaixo. Eu tentei de todas as formas lutar contra os fatos, porque sou uma dependente emocional, e entender isso foi o primeiro passo pra iniciar minha cura.


Me ver depois de tantos anos como dependente emocional foi muito ruim.Enlouqecedor, admitir isso me custou caro, mas foi o meu caminho de cura tb. Eu entendi que era assim que  eu me via, e que de algum jeito vc se beneficiava disso, porquê se não teria aberto mão da relação tb, como fez quando já não estava mais conveniente em outras relações. Quando não estava bom vc foi embora em outras relações se não foi embora sabendo que não tava bom pra mim é pq se beneficiou disso. 


Eu não tenho raiva de vc, as vezes, tenho é de mim. Mas estou tratando disso. E de muito outras coisas. Porque há uma estrutura que me direciona a isso. Estou disposta a amar e ser amada sim, muito, profundamente E preciso me libertar de vc para isso, preciso me ver com possibilidade de encontros reais, verdadeiros, depois q me curar de mim, e o primeiro passo para isso, é que a gente encerre de uma vez essa historia , esse entre lugar que resolvemos ficar.  


Não somos, não estamos, não seremos. 



Eu preciso acreditar ainda no amor, eu quero, eu vou. Eu vou viver a história que eu acredito. Não vai ser agora porque eu preciso estar muito bem e pronta pra viver isso, e a gora eu não estou. 



Desejo que vc se cuide, e entenda os risco a que se expõe e expõe as pessoas, entenda que as vulnerabilidades emocionais precisam ser acolhidas e cuidadas, e que vc precisa as vezes sair do centro.  


Queria lhe dizer muita coisa sobre como me senti esse tempo todo. Mas eu sei que vc não gosta de ouvir, e que entende isso não como construção, mas como acusação, então eu vou me abster disso tudo.  


Eu lido melhor com a  escrita pq me organizo melhor, mas como tento ser leal até o fim, evitei que vc lesse isso longe de mim, para que não descomprimisse o que já havia dito   sobre não terminarmos pela internet, apesar de que em via de fatos, já terminamos há tempos. " 


Abri mão de ser leal a ele para ser leal a mim. Quando entendi que foi isso o tempo todo que ele fez: foi leal a ele. A ponto de ser irresponsável comigo. Eu entendi a necessidade de me proteger de mim e dele. E que dane-se se era segunda-feira, se era de noite, se era pandemia, se era pelo whatsapp, afinal estávamos ha meses nos relacionando pelo zap, e eu não ia esperar a pandemia inteira passar, sabendo que isso podia durar anos, só porque precisava ser coerente. Não, eu não podia mais sustentar aquilo, eu não podia fazer aquilo comigo. 


Eu estava lavando louça segunda-feira de noite, depois de um dia cheio de trampo barril, e  meu corpo todo me impulsionava a fazer aquilo, eu estava com a barriga doendo, a mão cheia de espuma, eu larguei a esponja, sequei malmente a mão e mandei a mensagem que precisava: terminamos aqui. 


Podia inclusive fazer o que vocês homens costumam fazer. Sumir de vez, ou quem sabe viver minha vida de solteira apesar de seu delírio de casal. Mas eu precisava fechar aquilo com as minhas palavras, fazia parte de meu processo de cura. Enfrentar. E depois, eu corri  Eu corri mesmo. 


Tô muito orgulhosa de mim, pra mim nossa história já terminou ha muito tempo, para ele há  dois meses. Acho que ainda passarei muito tempo com isso dentro de mim, mas cada dia que passa me sinto melhor, e mais segura. 


A única coisa que consigo defender nesse momento sobre relações com homens que não te fazem bem é: minha irmã, não se demore. 


E chega um ponto que a gente precisa escolher entre seguir nosso compromisso com nossa saúde mental e  o compromisso com o outro, saibamos fazer a escolha certa. 

                                                                                                          

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