Google Analytics Alternative
Google Analytics Alternative

domingo, 20 de setembro de 2020

prazer, sou uma imunda obscena, ou, How Beautiful Could A Being Be [PANDEMIA]

 Nessa de me integralizar, de parar de sentir meu corpo um bloco separado do pescoço, ou como já me disseram: existir do pescoço pra cima. Acabou que, por coincidência, ou como prefiro dizer, por presente divino das Deusas que me protegem, caiu bem no meu colo uma oportunidade de participar de uma vivência com uma mulher aqui de Salvador que sempre quis fazer algo, Felícia Castro.

É a parte de um curso bem maior de palhaçaria, que fala e sente da ancestralidade como ponte para acessar o riso como cura. Nunca consegui juntar força e coragem de enfrentar meus demônios, com ter grana e tempo pra fazer algo dela, e ai essa semana, justo nessa semana que tava refletindo sobre isso mesmo depois de minha psicóloga me convocar pra essa reflexão, assim, quase q de ultima hora, rolou. 

Via zoom, fiquei meio assim, de fazer uma vivencia pela tela, mas a real é que o mundo tá assim, e se formos criar impossibilidade por conta da tela, deixaremos de fazer mil coisas. E olha, que bom que eu fiz, a tela não foi nenhum empecilho pra nada. pelo contrario diante de meu travamento, estar em meu espaço de segurança, que é meu quarto, garantiu que eu me soltasse mais. 

No curso Felícia propõe: "Partindo da mitologia pessoal à mitologia arquetípica de deusas das antigas culturas matriarcais, este encontro é um convite para descer camadas mais profundas e adentrar a dimensão do riso sagrado que desperta o prazer e a sexualidade de forma ampla. Um convite para vislumbrar caminhos de revolucionar (se), descolonizar o corpo (primeiro território) e desafiar o patriarcado, de forma enérgica e positiva. Um convite para acessar, através de experimentação cênica, da dança, da reflexão, e de práticas mágicas, o Riso que Cura e Liberta. Pega a Visão."


gente, que lindeza.... estar com mulheres de vários lugares desse planeta. Eu ainda tenho de dificuldades de entrar na abstração da galera, e me dei conta de novo disso quando entrei em contato com essas mulheres. A parada era do riso, mas o que me acometeu de verdade foi o choro. No momento em que fechamos os olhos para tentar conectar com uma grande roda, depois de ter feito vários exercícios de respiração, eu nos colocamos em posição de roda para tentar nos conectarmos, a todo momento Felícia nos convocava: se comprometa consigo, com sua proposta, aquilo batia forte em mim. 

E fui arrebatada por lágrimas que saiam de mim , pensando nas forças ancestrais que me constituem, e na força q invadia meu corpo naquele momento em que eu abria algum campo meu, que me inundava de uma emoção desconhecida. chorei demais. porém na hora do riso, não aconteceu. Logo eu , que desaguo na risada, um dia antes tava com paty me acabando de rir com figurinhas que ela me mandava, dormi soluçando de tanto rir,  algumas horas depois já não conseguia, de jeito nenhum, por mais que eu tentasse, o riso não saiu como pedia a proposta, mas me comprometi, tentei, me joguei. Lembrei de um dia que o palhaço Biancorino fez algo parecido lá no Capão e talvez por não estar esperando por aquilo, eu tive uma crise de riso, que o Capão inteiro soube, nunca mais parei, e as lágrimas de riso escorriam de mim para todo o sempre, lembro da sensação de limpeza pós riso, acho que era isso ela esperava de mim ontem. Porém, não rolou e desconfio que seja pq já esperava por esse momento e aí minha mente não conseguiu desligar. 

Depois novamente nos reunimos em roda, conectando com outras rodas de grandes bruxas ancestrais, em um nível de abstração ainda difícil para mim, porém, talvez por ter montado meu altar ali, do meu lado, como proposta das atividades, senti tanta força vindo, que novamente cai no choro. Não era um choro de dor nem nada disso, era uma lavagem mesmo. Nem me vinham imagens na cabeça de nada nem de ninguém, somente uma força muito gigante me levando, acho que senti algo que chega perto do que os yaôs sentem. 

De tudo que fiz ontem com aquelas mulheres , e me joguei fiz tudo mesmo, mesmo com a  dor nos pés que eu sentia , ainda pela chikungunya... lamentei as dores pq de algum jeito me limitaram, mas dentro do que eu pude, eu fiz.... Suei, sambei, me dei conta de quão linda é essa música, e reafirmei meu amor pela dança, e como eu jamais acreditaria um uma Deusa que não dança 

 eu amo esse vídeo abaixo, pq eu amo Caetano e  Moreno, eu amo pq são pai e filho juntos cantando fora  de tudo que se espera, e dançando mais fora ainda, com seus pés de vassourinha , e sem medo de serem desajeitados como são, amo  o inglês abaianado e  Moreno está parecendo meu ex nesse vídeo, logo ele que fala tão mal de Moreno, e isso me faz gostar tb do vídeo, gosto demais dessa música pelo que ela quer dizer, e ontem eu dancei ela o dia todo:


"Quão bonito pode um ser ser"

por fim, mas não ao fim, descobri através da mitologia das grandes anciãs, que sou uma mulher imunda e obscena, bem distante de tudo que significam essas duas palavras para a lógica cristã moderna. 

E aí tive um dia tão cheio de coisa depois que não pude nem pensar elaborar direito tudo tudo aquilo, agora sim, consigo fazer isso, porém acho que ainda vai reverberar um tempo tudo isso... da próxima vez q fizer uma vivencia dessa me darei um tempo de resguardo sozinha sem visitas para conseguir sentir as reverberações com mais calma.

O altar que nos foi pedido pra montar,
 com símbolos que nos dão sentido:
a força das Yabás, minhas pedras,
minhas contas
minhas plantas, a música
e a chave de meu espaço.
 




Nenhum comentário: