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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

me tornei o que tornei o que eu queria?[PANDEMIA]

 

acabei de ouvir algo que eu me surpreendi, e depois eu me surpreendi pq me surpreendi e isso me fez cair umas fichas aí. 

Tive que vir escrever, mesmo tendo que dormir cedo pq afynal, amanhã o dia vai ser cheio e louco e enorme. Mas se eu não escrever eu vou perder o fio condutor de meu raciocínio e de meu desenrolar da sequência dessa temporada e de tudo que venho pensado e buscado pra me compreender. 

Saí do seminário de psicanalise lacaniana (sim inventei isso agora) cheia de abstração, pensando em Sujeito, no Grande Outro, "o sujeito acontece nos intervalos"  e que eu deveria viver de lisérgicos na mente pra dar conta desse nível de abstração, e fui debater tudo isso e a esquizoanálise com o boy , e aí, fomos e voltamos e concordamos que tudo isso é muito doido afinal, trocamos  uns links deleuzianos, e outras coisas.. Lá pelas tantas, falou de saudade, e do tempo que a gente não se vê, e eu nem tinha me dado conta disso, real. 

O tempo anda tão doido, que parece que foi ontem. Disse que tava com saudade. Assim com essas palavras, disse que queria que eu tivesse lá, e que tem um monte de coisa pra mostrar e contar, e que tinha tomado umas cervejas e que tava olhando pro lado querendo que eu tivesse lá. Levei nos risos e nas gracinhas. 



Perguntou se podia vir aqui, ou se eu podia ir la, situei ele sobre minhas impossibilidades, semana com filho, muito trabalho, sentei no computador hj 8 da  manhã e saí 21 hs, tava quebrada, em fim, ele diz entender , mas ainda assim quer dizer  o quanto queria q eu tivesse do lado dele. E eu me pergunto: pq?

"Traz filho, trabalho, só vem." ------ IMAGINE, eu indo pra lá com meus filhos e meu computador, hahahah tive que rir por dentro e  sozinha.

E ai eu falei que essa semana tava foda, e que tals, e me faz dizer tudo de novo, e talvez eu não tivesse que dizer, mas com se age diante disso? Já experimentei fazer a louca e fazer de conta que não tô vendo e mudar de assunto, mas realmente não sei trabalhar no silêncio, odeio me sentir fazendo com os outros o que não gosto que façam comigo.  Prefiro dar a real e sair de grossa e insensível, mas que a pessoa saiba o que de fato está passando por mim, ao invés de enlouquecer sozinha imaginando coisas, e que se ainda assim quiser ficar, que fique sabendo.

Não se trata de uma insistência dele(contém ironia), eu entendo (mais um pouco) , ele "só" queria que eu soubesse, não havia expectativa de fato que eu fosse hoje pra lá, mas havia expectativa que de repente sexta, sábado....  E é assim que eles ocupam toda a nossa vida, que sequestram nossos planos e desejos. É desse jeito que desmanchamos em vaidade, e acreditamos que tudo vale a pena e só vamos.  

Só que, além de ta com meu filho to cheia de coisa pra fazer, e dar conta. Sexta vou ter q me ausentar da materialidade. Sábado tenho um reencontro com a materialidade e vou fazer um curso com uma mulher muito foda que sempre quis fazer....  e vai durar muito tempo de dedicação a mim, mais um investimento financeiro e de tempo e energia para me deparar comigo. Tudo que eu queria na vida meu bemmmmmm


risos

e aí, ele fez as contas dele: "então assim, no outro final de semana não é dia de João ta com vc né? Tudo bem por mim eu conhecer ele, mas vc não quer... já que vai ta sem ele....  separe ai uns três dias pra mim."


OPAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!


"SE-PA-RA  AÍ UNS TRÊSSSSSSS DIAS PARA MIMMMMMMMMMM

----- eu nunca vi uma mulher com tanta burocracia e sem tempo prum  romance como você------"

chega eu gelei.

Ele ta mesmo ignorando tudo que falei sobre meu foco na vida, sobre minha indisponibilidade afetiva agora? ta levando isso como uma burocracia que eu to criando? PORRA CAIO! 

Eu não consegui nem reagir, daqui pra lá ainda posso reagir com muito mais cautela comigo e com ele, tem muita água doce pra rolar. Mas fiquei pensando:

Quando antes na vida, um boy precisou me pedir uns dias pra ele? Quando antes eu não estive plenamente disponível, e dando um jeitinho , me sacrificando, mudando meus planos, me fudendo toda, acumulando coisas, abrindo mão de outras, pra estar junto do boy que me fazia o coração acelerar? 

Nunca. NEVER. Jamé.

Podia ser até que eu tivesse dito não pra algum boy pq n tava afim dele o suficiente, podia até ser que eu tivesse muito ocupada e cheia de filho e trabalho sofrendo e com medo q o boy me largasse pq sou muito atarefada e preciso de compreensão sobre minha materniadade...

Porém mesmo cheia de filho , eu daria um jeito de juntar o boy com o filho pra não ter que abrir mão da oportunidade ser feliz com aquele que podia ser o amor da minha vida. JAMAIS na vida eu abri mão de tá do lado do boy e de fazer dele minha prioridade afetiva, abrir mão pq tenho desejos de manter minha vida em ordem dentro do que pretendo pra mim, de meus objetivos, meus planos, das minhas realizações, e meus cuidados de mim. Eu sendo meu centro.


Realmente fiquei chocada comigo, muito mais comigo do que com o teor apelativo dele, pq quando eles foram diferentes?

 Acho que por isso também não consegui reagir a seu sentimento de abandono, sua tentativa de ser o centro de minha vida.  Poxa, Caio é massa, divertido, inteligentérrimo, interessante, tem história de vida muito rica de histórias, tem a marca do sertão, tem um elo com arte, teatro e literatura, e também educação, tem filhos, tem batalha, tem suavidades, tem um ótimo sexo entre a gente, tem uma inquietação existencial que me identifico, em fim, cozinha e dança, uauuuuu , eu penso nele, me sinto bem com ele, me divirto, e em outros tempos eu já estava lá. 

Mas não fui, não me senti mal por não ter ido e não desejei largar tudo , nem POR UM SEGUNDO pra ir lá. Também não senti medo, nem fiquei com a sensação de que tô perdendo a chance da vida de ser feliz pq deixei de ir lá. 

Nem fiz nenhuma negativa pra ele pra fazer nenhum jogo burocrático, nem tô acreditando que isso me favorece. Zero interesse em jogo de desinteresse. Sem tempo. Eu realmente tenho conseguido ser: comedida, como ele mesmo me designou a palavra. 

Ele parece entender, apesar, dos apelos, apesar dos desejos e narrativas. Parece compreender que isso não é sobre ele, é sobre mim, e que pena que justamente no tinder quando eu tava ali disposta a experiências com descompromisso afetivo romântico pra me aventurar , eu conheci ele, logo ele, logo eu,logo nesse tempo. Uma pena nada, que massa, que ótimo, acho que seja lá o que ta acontecendo entre nós, tá massa, e  tem me ajudado a me perceber num outro lugar diante de mim e do outro. 

E entender que por mais cheio de vantagens que ele seja em sua existência, e cumpra vários quesitos, do sindicalismo a cozinha, eu ainda estou aqui, no centro de mim.

Talvez eu esteja entendendo como eu posso funcionar, talvez eu esteja gostando dessa caminhada e feliz de ver toda essa paisagem que berra diante de meus olhos viciado em ver o óbvio.


ah, que aventura que é esse encontro comigo





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