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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

as nossas incoerências [PANDEMIA]


Tenho tentado ser menos dura comigo. Sempre tento ser coerente com tudo e isso também é adoecedor. Principalmente ao que se refere ao campo da racionalidade, pq obviamente q
ue muita coisa escapa disso. Quando falamos de do emocional e espiritual a coerência quase sempre se esvai. 

A racionalidade é onde consigo mais dar conta da  coerência q tanto disputo. Porém, mesmo nesse campo , quando não consigo dar conta da minha própria expectativa sobre coerência , eu me frustro , me culpo e  fico retada comigo. Como se a racionalidade não tivesse completamente atravessada pela minha subjetividade. Preciso ser menos dura comigo.

Onde isso mais aparece é na eterna negociação entre minhas concepções políticas sobre equidade de gênero e a construção da minha sexualidade e afetividade. Ando conseguindo organizar esse disparate num grupo de oito mulheres onde nos reunimos para pensar essas questões e de onde deve sair um produto final maravilhoso daqui uns meses. 


Em fim, o fato é que tenho me visto encurralada por mim mesma, várias vezes, pq construo um arcabouço teórico super potente e exijo de mim uma coerência em minhas práticas. Isso é uma cobrança que não eu me faço sozinha, mas inclusive outras mulheres e até homens , questionam quando me pegam tendo atitudes que parecem ser contraditória com minhas narrativas.

A diferença é que mulheres no máximo me questionam sobre isso pq as vezes podem ver em mim a imagem romantizada da mulher forte, e auto suficiente, e os homens , silenciosamente se aproveitam das contradições para reatualizar o jogo de poder já estabelecido nas relações entre homens e mulheres, sejam lá quais forem o formato dessas relações. 


ilustrando com uma situação muito típica que perpassam a todas feministas-heterossexuais:


[[[[[[[  Ela é uma mulher feminista em suas vivências com outras mulheres, é estudiosa de estudos feministas, fala muito bem sobre isso, pratica isso muito bem com outra mulheres. Ocupa espaços de debate e construção politicas feministas. É reconhecida politicamente por isso. 

Se envolve com um boy, que parece ter um discurso muito situado sobre feminismo, entende aparentemente suas questões, porém, há uma série de denuncias sobre sua masculinidade tipica, que se reafirmam na ralação com ela, logo ela identifica a reprodução de um padrão de comportamento muito nocivo e adoecedor a suas ex-companheiras, acontecendo de forma atualizada com ela. Nesse momento eles tentam nos fazer acreditar que estamos exagerando, patrulhando, sendo chatas e etc. 

A mulher feminista recebe as informações sobre esse boy, e sua cabeça super feminista, parece estar super preparada para lidar com isso. Ela passa vários momentos, oscilando entre sua razão e seus desejos. Muita coisa a faz repelir esse sujeito. Todas de ordem da racionalidade. E tantas outras coisas a fazem ignorar a racionalidade, e deixar fluir os impulsos de desejo construindo um caminho de afetividade. 

Ela sabe os riscos de corre, principalmente de adoecimento. Ela sabe que é muito mais fácil adoecer, e se ver novamente num enredo desgastante emocionalmente do que se surpreender positivamente, ela sabe , sabe de tudo, sempre sabe, racionalmente sabe, mas há uma percurso muito doido nisso tudo,DEVIR.... e mesmo sabendo de todas as informações que chegaram a ela, ela ainda prefere acreditar na transformação do sujeito, não só pq ela precisa dar sentido a sua militância. "Se ela não milita por transformação, é pelo que mesmo?" 

Mas não é só por isso, é o que ela também se reconhece enquanto mulher com suas necessidades de se relacionar, estar com o outro, de sentir-se amada e desejada. Mesmo sabendo que dificilmente um homem qualquer nessa existência compreenda o amor em sua pratica feminista, a ponto de abrir mão de seus privilégios e afim de conseguir estabelecer uma relação mais justa.]]]]]]]]]


Desse jeito, lá vamos nós, entrando e saindo, dessas histórias, e podemos sair muitas vezes adoecidas, mas nos entendendo cada mais com agente mesmo,e a gente tb. E, entendendo que nem sempre nosso lugar político vai dar conta de nossa construção afetiva, de nossas demandas subjetivas, e que o que importa mesmo nessa história toda, é não manter-se parada,  e entendendo que não precisamos nos demorar nos poucos afetos, nas trocas injustas, no desconforto.

Se aprendermos, a buscar de cada historia dessa o que ela tem pra nos dar de bom, e cair fora quando sentirmos o adoecimento ser maior do que a troca e o sentir-se feliz. E não termos medo de entender que as vezes é pouco mesmo o que eles tem a nos oferecer, e que a gente consiga que cada vez fique menos difícil da gente reconhecer isso e sair logo da história.


Se demorar menos, é o que tenho achado possível de fazer


eu ainda me demoro muito, preciso de cautela, preciso de ajuda, preciso de terapia, preciso de muitas coisas. Tenho estado feliz onde estou, e pensando que talvez tenha chegado a minha hora, de estar no outro lado da história, daquela que não se expõe emocionalmente e por isso, vai tratar do que sente de um outro jeito. O negócio tá bom, tá fluindo, tá gostoso, mas tá com cautela. E vai ser assim. Pq é pra isso que eu tô fazendo terapia. 

É fácil? Não. Mas se a gente conseguir se colocar no centro de nossa vida, isso fica muito mais possível.É assim que eles fazem. 




Tarde demais
Já me fiz entender
Preciso me desatar de você

Fiz o que foi
Impossível aceitar
Prefiro até me conter nem falar
Não posso mais
Já conheço esse fim
E essa louça só sobra pra mim
Leva pra lá
Todo esse peso que a gente não pode aguentar
Deixa soprar
Toda essa brisa que traz o que o tempo trará

Leva pra lá
Todo esse peso que a gente não pode aguentar
Deixa pra soprar
Todo essa brisa que traz o que o tempo trará
Leva pra lá
Deixa
Soprar
Leva
Pra lá
Deixa
Soprar
Tarde demais!

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